
Começou como director de fotografia para documentários, mas a sua paixão pelas imagens levou-o até realização de filmes documentários sobre as montanhas e decidiu ainda captar a sua essência através da fotografia.
Como é que surgiu a ideia para esta temática?
Ricardo Jardim: O que eu faço não é propriamente um tema, tenho uma relação muito particular com a montanha e fotografo-a de uma forma quase obsessiva a várias décadas. Há uns quinze anos atrás comecei a trabalhar de uma forma mais séria. Aprendi fotografia, estudei um pouco arte, comecei a aprender como é que se fazem os enquadramentos e foi aperfeiçoando ao longo dos anos o meu trabalho, mas não é propriamente um tema, eu faço só isto.
Então só fotografas as áreas montanhosas da Madeira?
RJ: Eu trabalho em outras montanhas do mundo, mas lá está como esta exposição esta associada a um evento na ilha, decidi mostrar apenas as imagens que captei cá. Já fotografei o Atlas, os Alpes e os Pirenéus, mas o grosso do trabalho é de facto a Madeira.
Porquê este fascínio pela ilha? O que te atrai?
RJ: Atrai-me a paz, o silêncio, o fugir um pouco à insanidade do homem, que é representado pelas cidades, embora as urbes tenham coisas que considero tão harmoniosas como a montanha. Nas áreas urbanas essa não é regra, nas montanhas sim. Talvez por isso passe mais tempo na montanha do que na cidade.
Esse factor está relacionado com a prática desportiva?
RJ: Eu não pratico desportos radicais. Tenho actividades que podem ser consideradas desporto, mas que não as pratico nesse sentido. A caminhada e a escala não é um desporto, é uma maneira de chegar ao topo da montanha para a fotografar e filmar. Faço-o sempre como um lado contemplativo e não como desporto.
Qual é a montanha que gostarias de fotografar nestes momento?
RJ: Os lugares que mais ambiciono fotografar talvez estejam na América do Sul e depois a Nova Zelândia atraem-me imenso e se calhar há outras zonas montanhosas que ainda vou descobrir, mas se calhar aquela que mais me fascina é a Patagónia. O Chile e a Argentina são países onde mais me apetece fotografar, mas não sei quando é que irei.
Qual é então a tua profissão? Pelo que percebi a fotografia de montanhas é uma espécie de hobby.
RJ: Estou a realizar um filme documental também relacionado com o ambiente, sobre a montanha. Tudo o que faço está relacionado com esta temática. Neste filme abordo a relação do homem com a montanha, o factor humano, mas não vou dizer como, porque pretendo que seja uma surpresa, já que vai ser apresentado, no Madeira Film Festival’12. É todo filmado na ilha, estou em fase de conclusão e gostaria em breve passar para outras montanhas. Quando sentir que já explorei tudo o que queria fazer cá, irei passar para outra.