Quando é que se começa a preparar o Carnaval?
PM: É cerca de 30 dias antes do cortejo.
Como é que criam as coreografias? Há uma pessoa que trabalha convosco nessa matéria?
PM: Não, é-nos dada a música e depois em conjunto vamos elaborando as coreografias. Este ano decidimos fazer igual para toda a trupe e não por alas. Vamos criar um efeito mancha, para onde vai um, vão todos.
A secretaria de Turismo é que indica todos os anos o tema, como é que decorre então o processo de criação até os fatos?
PM: Eles dão-nos o tema em Outubro para termos espaço de manobra para começarmos a trabalhar. Este ano o tema proposto é "Madeira momentos mágicos" e pensei que não poderia levar só um momento, então porque não explorar a ilha através do sol, do nosso clima que é ótimo, explorar também a vegetação e paisagem e as águas, o mar que a banham. Então vamos ter uma ala que representa o sol, outro a vegetação e no final o oceano.
Como é que desenham depois os fatos?
PM: Depois de criadas essas alas, escolho os materiais, o mar, por exemplo, faz-se representar pelas pratas, pelos azuis e só depois desenho os fatos. Enviámos o projecto para a STM para serem aprovados ou rejeitados, mas nunca aconteceu serem reprovados. O passo seguinte é fazermos uma estimativa dos elementos em cada ala para termos uma ideia dos materiais e depois vamos ao continente comprar os tecidos. Trazemos tudo para cá no mês de Novembro, mas nessa altura temos de parar, porque entrámos no cartaz de fim de ano e só retomámos o Carnaval entre os dias 3 a 4 de Janeiro.
Qual foi um dos cortejos mais marcantes desde que assumiu funções na direcção?
PM: Cada um é diferente e os cortejos acabam sempre por marcar quer seja de forma positiva ou negativa. É difícil descrever qual foi o pior ou mesmo o melhor.
Há com certeza momentos mais caricatos.
PM: Bem, no Carnaval o grande dia do cortejo é um momento muito especial. Depois temos os cortejos ao longo da ilha, vamos a Santa Cruz, Machico, etc. Vamos até os hotéis e cada espaço é um momento diferente, Eu especialmente gosto imenso, na segunda-feira de Carnaval, de chegar a Câmara de Lobos, as pessoas de lá são de uma animação e simpatia que nos deixam muito à vontade. Estamos a desfilar e eles batem palmas connosco, é uma alegria constante, que acaba por ser tão contagioso que quando termina deixa-nos um pouco decepcionados. É um dos momentos de que gostámos mais. O cortejo na Avenida do mar é também muito especial, com todas aquelas luzes, aquelas multidões de pessoas, a música e as fotografias constantes fazem desse percurso um momento único. No fundo são todos singulares. É muito bom chegar ao dia, ver todas as pessoas maquilhadas e vestidas e prontas para desfilar quer seja com sol ou com chuva, sempre com boa disposição e tudo isto são momentos que nos marcam.
Dos desfiles que organizam qual é o mais difícil em termos logísticos?
PM: A festa da flor. Levámos crianças e muitas das vezes, não são eles os mais problemáticos, são os pais. Numa trupe com 200 elementos toda a gente sabe que não podem ir todos á frente, há pais, contudo, que não aceitavam e era complicado gerir toda essa situação, criava até um mau ambiente mesmo entre os próprios miúdos, por isso optámos por proibir a comparência dos encarregados de educação nos ensaios. Mesmo para acertar a roupa, porque também era uma confusão, com pais a entrar e sair da sala de provas e mais todos sabemos que nas primeiras provas há agulhas a picar, há alinhavos e as crianças tem de ficar quietas, mas elas reclamam e se os progenitores estão presentes começam logo a chorar. Decidimos então acabar com isso e os pais apenas vem pô-los e busca-los após uma hora e meia de tempo. Os portões fecham-se e ninguém saí.