
Filinto Elisio Correia e Silva, nascido na cidade da Praia, em Cabo Verde,é poeta e cronista. Foi professor em Somerville, nos Estados Unidos e assessor do Ministro da Cultura de Cabo Verde. Actualmente faz parte da administração da Multilingual School Foundation e foi curador da primeira semana cultural das CPLP(Comunidade dos países de língua portuguesa) que teve lugar na ilha da Madeira.
O que se pretende com esta semana cultural, quais são os objectivos principais deste encontro?
Filinto Elisio Correia e Silva: Este conceito resulta dos CPLP Multilingual Schools que é um projecto que esta ser desenvolvido pela fundação com o mesmo nome e que esta já criada. A matriz assenta em três pontos, modelo pedagógico inovador com as novas tecnologias de informação e de educação, um multilinguismo, ou seja, uma educação baseada em muitas línguas e também o terceiro aspecto, que é o multiculturalismo. Sendo um projecto global, por parte de Portugal, mas não é português, este projecto tenta criar uma diálogo entre as várias culturas. Obviamente que entre os membros CPLP são culturas viradas para a lusofonia, mas há uma dimensão que é global e vamos fazer uma semanas no futuro com outras culturas.
Mas, o objectivo é fazer semanas culturais ao longo do ano em vários países da lusofonia, é isso?
FECS: Em vários países da lusofonia e onde a fundação tenha a oportunidade e privilégio de estar.
É curioso que se esteja a organizar uma semana cultural, numa altura em que a cultura não tem nenhum peso, porquê é assim tão importante?
FECS: É extremamente importante, porque estamos numa conjuntura mundial de crise, creio que temos apostar e investir em factores produtivos não totalmente reconhecidos, a cultura é uma delas. Acho que os nossos países lusófonos tem janelas na cultura, de um enorme potencial de desenvolvimento, temos que colocar-nos em exposição, em diálogo para entender o potencia dos países, inclusivé ecónomico. Daí que aos mecenas, aos patrocinadores estamos a trazer um conceito novo que não é do ar. É preciso investir na cultura como um activo de desenvolvimento.
Como é que se consegue convencer alguns países que a cultura é um activo, quando existem outras necessidades mais preementes?
FECS: Não há nenhuma mais importante que a cultura, a não ser as básicas de sobrevivência, do comer, do respirar e do beber. A cultura deve ser considerada por nós um novo paradigma de produto de primeira necessidade. Uma das razões das crises em que vivemos é porque não reconhecemos esse grande activo, inclusivé económico e muitos empresários e Estados vêem a cultura como um passivo, como um encosto. A cultura merece investimento para que possa promover a economia de um povo.
Qual é então o papel da fundação nesta matéria?
FECS: A Fundação é complexa e tem objectivo pedagógicos, de modelos de negócio de escola que não é bem na área em que laboro, mas tem um componente onde me insiro à vontade e sintonizado que é o multiculturalismo. Nós só criámos mercados para as escolas se tivermos um diálogo cultural com os povos, com os países e um conhecimento cultural entre nós do outro. A lateralidade é o principal mercado potencial para educar.
Quando será a próxima semana cultural?
FECS: A próxima semana e já se esta a pensar numa data, será num outro continente que não europeu. Oportunamente informaremos à decisão da direcção da fundação, mas vai ser em principio no Brasil.