Eu reparei nos vídeos que colocaram, que apesar de ser improvisado, há detalhes de caracterização, vocês quando criam o personagem pensam nisso? Ou é improvisado?
LS: não isso já resulta da observação...como somos do campo, desde pequenos sempre vimos essas pessoas.
BF: por exemplo a foice no ombro resulta dessa observação.
Algumas vez sentirem que o facto de viver numa ilha limitava o vosso trabalho?
BF: não, porque a Internet permite-nos ter asas. Conseguimos divulgar o nosso trabalho para fora, contactamos com pessoas que estão emigradas na Inglaterra, que vêem os nossos vídeos lá e quando nos encontram falam disso.
LS: os emigrantes gostam muito do nosso trabalho, faz-lhe lembrar a sua terra. É uma forma de recordar que já estiveram cá, temos feedback da Venezuela, de França...
Mas eles escrevem emails?
LS: não, há um programa no youtube que permite ver onde os vídeos são vistos fora de Portugal.
E há os comentários no facebook...
Os vossos personagens contudo imitam um sotaque muito característico e os descendentes desses portugueses que na maioria dos casos não falam a língua entendem o conteúdo do vídeo?
LS: O que eles dizem é que tem de ver o vídeo pelo menos duas vezes para perceberem.
BF: mas se eu for para o campo e falar com uma pessoa com esse sotaque que esteja lá, também pode acontecer de ser difícil de perceber. É normal, os madeirenses percebem, mas se forem do Continente já não percebem.
LS: eu mostrei o nosso trabalho a alguns colegas lá, eles não percebiam, mas gostavam da maneira como nos expressávamos, dos gestos...
Já pensaram mudar o tipo de personagens e criar outros?
BF: nós nunca tiramos as personagens que já criamos, mas juntamos algumas.
Duarte Nunez: o tema é sempre o mesmo, o mundo rural.
LS: um dos nossos lemas é seguir esta linha que temos.
BF: porque como já disse anteriormente, dá para fazermos o que quisermos,
Já tivemos um inglês.
LS: os emigrantes que vinham da Inglaterra.
BF: vamos juntando, mas nunca tiramos o Carlos.
Qual é o teu personagem preferido?
BF: ele só faz de mulher!!!( risos)
Ruben Sousa: eu sou a Maria, a Conceição (risos). Tudo o que seja papel de mulher, eu sou o triste
BF: ele gosta de vestir-se de mulher porque assim ele esconde-se. Eu até acho que é o fetiche dele...
RB: não!!!(risos)
LS: até às vezes quando se veste de homem tem um tique!!!
BF: e já vêm com essa vozinha de mulher! (risos)
BF: Eu não tenho nenhum preferido, surgiu uma mania agora que somos todos Carlos e eu sou o Carlos, tem o Carlos e gosto do Juan Carlos que é emigrante. Têm também a tia que está sempre se queixando
LS: gosto da tia e aquele homem rude do campo, agressivo que esta sempre a falar alto, que reclama por tudo e por nada.
DN: há o bailarino
LS: sim, já me esquecia gosto desse porque é o que dança músicas pimbas nos arraiais
DN: a mais conhecida é o crispim, mas tento sempre meter personagens diferentes de forma a destoar dos 4litro, é sempre diferente deles todos.
Próximo projecto dos 4L?
BF: primeiro vamos tirar férias. (risos)
LS: estamos também no programa Irreverência da RTP madeira e a escrever uma peça, para apresentar em várias localidades da Madeira, sempre com algum improviso.
Nunca vós convidaram para apresentar os sketches fora da Região?
LS: já falaram disso, mas ficou por aí.
BF: não surgiu orçamento suficiente, era necessário pagar viagens.
LS: ainda agora foi rejeitada uma nossa proposta para a secretária regional de turismo para representarmos a madeira numa feira em Lisboa, era uma semana...
Filme?
LS: temos pensado nisso...
DN: textos nós temos para uma grande produção, mas para filmar precisamos de uma equipa para nós apoiar
BF: temos que ter mais do que uma câmara, temos que ter alguém a filmar e nós a representar. Geralmente o Rubén filma e nos actuamos a frente da Câmara.
Quem efectua a montagem dos vídeos?
RS: Sou eu. Trato mais da produção.
DN: falta-nos um mecenas. Seja de que maneira for.
Restantes: O quê é um Mecenas?
DN: não sabem o quê? É um particular que apoia a cultura. (risos)
BF: não nós faz falta nada disso.
LS: estamos a pensar criar uma associação cultural, registar o grupo, é outro dos objectivos.
BF: temos mais apoios, são só melhorias, porque quando entregas um projecto tens de ter objectivos, só que não temos texto, o que nós fazemos é stand up comedy e assim é mais difícil arranjar um espaço para actuar.
Então recebem convites para apresentar o vosso número de stand up?
BF: têm aparecido alguns convites.
LS: o da casa das mudas foi bem recebido.
Quando fazem esses espectáculos, qual é o tipo de público que aparece?
LS: é tudo jovem.
E o feedback é do youtube?
BF: sim e quando temos algumas actuação colocamos no facebook.
RS: O youtube é excelente para por os vídeos, mas as respostas é no facebook, as pessoas interagem melhor, toda a gente está ligada lá.
E os mais velhos? Não abordam o grupo e dizem, eu conheço um homem que é tal e qual?
Uníssono: Simmmmm
É gratificante?
BF: Claro que gostamos do feedback, porque fazemos tudo com gosto. É bom, se assim não fosse não faria sentido nenhum.