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Cem poemas do adeus e da saudade

Escrito por 

Uma selecção organizada e introduzida por José Fanha e José Jorge Letria.

Falésias praias areais ardentes ou o sétimo poema do português errante.


Para deixar-vos tenho o meu orgulho
que para vos deixar não tenho nada
ensinei-vos o mar o verão o julho
o alvoroço da pesca e da alvorada
os pássaros a caça o doce arrulho
do instante que passa e é tudo e é nada.

Para deixar-vos tenho a liberdade
um astro a lucidar dentro do não
o riso e seu esplendor a intensidade
da vida que se dança um só verão
o fulgor dessa breve eternidade
o azul o vento o espaço a solidão.

Para deixar-vos nada que deixar
só um país e as ilhas adjacentes
um rectângulo inteiro e ainda o mar
as montanhas os rios e afluentes
as índias que ficaram por achar
falésias praias areais ardentes.

Para deixar-vos tenho o que não tenho
que para vos deixar não tenho mais
do que a escrita da vida e o eco estranho
de ritmos sons e signos e sinais
metáforas que têm o tamanho
do mundo que vos deixo. E nada mais.

Manuel Alegre

Esta antologia é uma continuação do projecto iniciado pelos cem sonetos portugueses, dos dois autores, investigadores e escritores que decidiram debruçar-se desta feita “na palavra saudade tão apaixonante como indefinível e que um dos temas mais presentes na poesia portuguesa”. É um sentimento que segundo os autores “é o nosso modo de olhar o mundo e a vida e de sentir que existe uma forma de transformar em perene dizer poético aquilo que mais intimamente nos fere e flagela”. É uma singela colectânea com vários poetas portugueses e uma pequena biografia só para ilustrar o percurso de cada um deles. Para folhear e recitar em dias sem fim. Boa leitura.

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