É uma colectânea de contos escritos por Pedro Paixão.
O melhor da escrita de Pedro Paixão é os títulos. São sempre sumarentos e irresistíveis. Apelam ao imaginário do leitor, mesmo antes de folhearmos as páginas do livro. Uma qualidade que julgo advém do facto do autor ter sido também jornalista. A sua escrita enxuta, directa e sem metáforas supérfluas vai também ao encontro dessa linguagem descarnada. Um estilo realista patente nestes contos de cariz marcadamente urbana. Quase todos os textos remetem-nos para o quotidiano que conhece, abordam a realidade que o rodeia, as pessoas que se cruzam no seu caminho e fala dos portugueses, que define como “pessoas que ao verem jogar o Eusébio, em directo ou indirectamente, sentem vagamente que é da família, cultivam a tradição de cuspir para o chão enquanto passeiam, enfim, coisas assim que se têm em comum. E, claro, coisas mais importantes, como falarem uma mesma língua”. Pedro Paixão, por norma, não escreve grandes calhamaços literários, até no número de páginas se nota que é um escritor comedido, seco, só escreve aquilo que acha determinantemente essencial para a história. É o caso deste viver todos os dias também cansa. O porquê deste título? Mais uma vez terão de descobrir lendo. Boa leitura!