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Arte em bordado

Escrito por 

Bord’arte é um conceito inovador que introduz o bordado madeira nos objectos do quotidiano, de decoração. Um reinventar de uma tradição com centenas de anos por Maria João Freitas que nutre uma grande paixão por esta arte tão madeirense que não pretende ver perdida no tempo.

Porquê decidiste criar a bord’arte?

Maria João Freitas: Sempre convivi com a minha mãe e as minhas tias a bordar e sempre vi no bordado uma forma de expressão de aquilo que somos. Tem a ver com os madeirenses, com as cores e o que queremos mostrar aos outros. Foi uma forma de presentear as pessoas que vinham de fora, os turistas e no fundo mostrar parte da nossa riqueza cultural dos nossos antepassados. Custa-me muito ver perdida essa arte. As pessoas acham que o bordado madeira não é útil, não é prático, daí tentei dar-lhe outra vertente mais moderna. Aposto nas peças de decoração, porque acho que as pessoas têm a ideia do naperon com bordado em cima da televisão e podemos alterar esse conceito, inserindo-o num outro contexto, o bordado dentro de uma peça de vidro, como peça de decoração, por exemplo.

A partir do tradicional criastes uma série de produtos de decoração, nomeadamente umas bolas de patchwork, é difícil fazer esse trabalho?

MJF: Não é muito fácil. A ideia surgiu no natal passado, quando comecei a participar nas feiras de artesanato, esse foi o primeiro passo. Um dos meus objectivos era partilhar os conhecimentos que tinha e ver aquilo que se faz, o que não se faz e começar a criar. Comecei com patchwork, muito por curiosidade e decidi aplica-lo como decoração da árvore de natal. Mais tarde, comecei a usa-las já como decoração em cima de uma mesa.

É juntar o tradicional com algo mais contemporâneo.

MJF: Exactamente.  Depois surgiu a ideia de faze-las com bordado, para esse efeito tive de contactar uma fábrica, porque tenho de usar um produto certificado pelo IVBRAM. Expus as minhas ideias e eles aceitaram logo o projecto. Eu pensei que o meu maior problema fosse mudar mentalidades, porque para além dos lençóis, toalhas de mesa e banho há muito pouca variedade e com este conceito consegui que as pessoas na fábrica aceitassem diferentes ideias, tanto da pessoa que desenha os padrões, como das que bordam. Procurei também usar outras cores, para além das tradicionais. Pode-se trabalhar no algodão e não exclusivamente no linho, há uma série de coisas que podemos fazer. Até pouco tempo limitava-nos a usar o bordado como há cinquenta anos atrás e se já evoluímos tanto, o bordado também pode evoluir, sem perder as suas raízes.

Qual foi dos artigos que criastes o que teve mais sucesso junto do público?

MJF: O porta-lenços é o que se vende melhor, especialmente para os madeirenses. Noto que há muitas pessoas locais que valorizam o trabalho. Os sacos com lavanda, de cheiro, que podem ser usados no quarto, nas gavetas ou como decoração e também são muitos procurados. As pessoas valorizam e apreciam o que tem, o voltar as origens. Eu sinto isso.

Vamos falar do tipo de pessoa que procura o bord’arte?

MJF: Tenho muita aceitação por parte dos madeirenses. Muitos dizem-me que tem bordado em casa das mães e as avós, mas nem sempre o usam e olham para estes artigos de outra forma, não só como o enxoval que herdaram, mas como algo que podem utilizar no quotidiano. E no fundo é isso que pretendo mostrar também aos mais jovens. No meu dia-a-dia falo muito com eles, sou professora, mostro muitos dos meus trabalhos e noto que esta mentalidade não é difícil de alterar. No fundo o que estou a fazer é reinventar o nosso artesanato, porque necessita de um empurrão já que estagnou. As pessoas optam sempre pelo mais simples, pelo mais barato, que infelizmente se vê cada vez mais disseminado, os produtos em massa. Não tenho nada contra os chineses, mas são produtos sem cunho pessoal, não há amor, dedicação e paixão. Os madeirenses são um símbolo do procurar por uma vida melhor, mas não gostaria de ver o nosso Funchal a perder as lojas mais tradicionais, em prol de outras com muitos benefícios fiscais e no fundo estamos a esquecer o que é nosso.

http://www.facebook.com/pages/BordArte/110540449069931

Centro comercial da Sé, loja 16 - Funchal

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