Então fala-me sobre essa nova fase em termos de materiais, quais os que usas actualmente nas tuas jóias?
DC: Os materiais tem muito a ver com as experiêncas que faço com os alunos, por exemplo, tenho uma coleccção que criei com cola quente, que em reacção com a água parece plástico, fica rija, é algo que nunca tinha experimentado e tem corrido bem. O desafio de experimentar com outras pessoas acaba por ser positivo, do que se estivesse só no meu espaço, sozinha não correria esse risco. Tenho outra colecção em madeira inspirada nos carimbos que os indianos usam para estampar tecidos. Todas estas coisas acabam por inspirar a minha criatividade, acabo por utilizar outras técnicas e explorar diferentes materiais. Uma das coisas que gosto da minha profissão, enquanto joalheira, é essa experimentação e que foge um pouco das técnicas tradicionais.
Então como definirias actualmente o estilo de Joana Coelho?
DC:Acho que é um estilo muito eclético, noto que em vez de encontrar um estilo único, que é o que muitos designers fazem e seguem sempre essa linha, eu não me consigo definir ainda dessa forma, eu prefiro explorar e experimentar. É por isso que faço colecções limitadas com peças únicas, são para um tipo de cliente que gosta de coisas diferentes e de explorar o seu próprio estilo. Como designer gosto dessa possibilidade, não só de trabalhar manualmente, sou que faço as jóias toda manualmente, mas o não estar restricta. Quando trabalhava como designer para outras empresas, tinha que seguir as directivas que regem a marca, que a fazem conhecida e eu quero que o meu trabalho seja reconhecido por ser diferente ter peças únicas que transmitem irreverência, algo único e exclusivo. Não tem de ser com materiais caro, embora goste muito de prata que é um material que aprecio muito trabalhar, mas neste momento o desafio é usar materiais que não sejam preciosos.
Também reparei que já não usas ouro.
DC:Não uso ouro, porque acho que faz mais sentido para aquilo que quero fazer e ando sempre a procura de pedras e missangas. Tem tudo a ver com aquilo que sou enquanto designer. Não sinto necessidade em criar colecções de materiais preciosos, não faz parte dos meus planos nos próximos tempos, mas talvez no futuro, na Índia materiais como o ouro são mais comercializados, mas ao mesmo tempo tem um mercado para a joalharia contemporânea diferente. A sociedade indiana esta a desenvolver-se imenso, é um país que esta a crescer e que estão mais abertos as novas tendências não só não moda, por isso, não me sinto pressionada a usar só o ouro.
Então, como é que as indianas olham para o design contemporâneo de jóias?
DC:Acho que é o que acontece em outros sítios, embora menos, em Portugal há muita mais aceitação, cá é um nicho de mercados. As peças tem de estar nos sítios onde se pode encontrar esse tipo de clientes, não é tanto um mercado, porque aqui não existe esse conceito, mas em boutiques, exposições, semanas da moda. Não é um trabalho para toda a gente, não algo que se possa produzir em grandes quantidades, são peças para um grupo de pessoas que tem esse interesse, mas tenho consciência que as minhas peças não são para serem produzidas massivamente. São jóias exclusivas e quem quer é porque gosta e tem vontade de usar. São peças que não se vêem em todas as lojas, é isso que gosto e pretendo do meu trabalho, é um caminho que escolhi. O meu site acaba por ser uma janela para a mundo, porque tenho clientes de vários países que me contactam e é assim que tenho conseguido manter o meu trabalho.
Fala-me o que será a marca, a tua visão, para os próximos anos?
DC:Eu não defini um plano, mas o meu objectivo é criar mais parcerias. Gostava muito de trabalhar com estilistas, apreciava esse desafio, conciliar as minhas jóias com uma colecção de moda, seja com um estilista português ou não. Outro projecto que tenho em mente, é criar acessórios, malas e lenços, queria abranger as minhas colecções com esse tipo de peças, que algo que quero fazer nos próximos tempos.
Mas, cá em Portugal?
DC: Não sei ainda quando voltarei Portugal, mas será onde estiver, quer seja na minha loja online, na Índia ou em outro país. Eu gosto do elemento global, obviamente que tenho uma ligação com o meu país, mas o objectivo é continuar a desenvolver o meu trabalho.





