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As raríssimas

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A rara design by hand é um conceito de acessórios sustentáveis desenvolvidos por Teresa Vasconcelos, designer e Neide Ferreira, restauradora, que juntaram as suas valências das quais resultou colecções de peças feitas com produtos reciclados e materiais inusitados e invulgares.

Em que contexto aparece o rara design by hand?

Teresa Vasconccelos: Numa conversa banalíssima de café, estávamos a questionar-nos sobre a nossa economia sobretudo a madeirense, a problemática das lojas no centro do Funchal estarem a fechar e estarmos a ficar practicamente sem comércio tradicional e como tudo isto irá evoluir quando todos sejamos obrigados a andar de igual ou ir lá fora para ter peças diferentes. Então surgiu a ideia de criar um projecto em onde houvesse alguma inovação, através da utilização de produtos reciclados e da manipulação de materiais.

É uma ideia que ambas partilhavam, daí serem uma dupla?

TV: Por acaso não foi uma ideia que partilhávamos. Fomos falando sobre o tema. Tanto eu como a Neide gostamos de acessórios e peças fora do comum e achámos que seria uma boa oportunidade de ensaiar e foram surgindo novas hipóteses. Este trabalho tem um mês, mas parece que já foi há muito tempo, porque a procura tem sido bastante. Não tínhamos ideia que íamos ter tanta adesão das pessoas e talvez de certa forma era uma carência.

Referiram que muitos dos materiais estavam guardados, porque tinham em mente reutiliza-los?

Neide Ferreira: Nós somos mães e professoras e como sabe em termos de orçamento estávamos cada vez pior e portanto temos sempre a tendência de guardar tudo e mais alguma coisa, porque sabemos que futuramente vamos utiliza-lo em alguma coisa para os meninos na escola. Acabou por não ser o caso e acabámos por utilizar os materiais para outra função mais comercial.

Fale-me sobre as peças propriamente ditas, o processo criativo começa com os materiais, ou já tem uma ideia que põem em prática?

TV: Nós primeiro fizemos um estudo de mercado, uma análise diacrónica e sincrónica do que havia e do que houve no mercado ao longo do tempo e tentámos ver se os materiais com que pretendíamos trabalhar já tinham sido usados anteriormente, essa foi a nossa primeira preocupação. Estamos numa ilha restricta, pequena, o objectivo era não copiar, estilos, materiais ou ideias de outros, tem a ver com a nossa ética profissional. Depois dessa pesquisa, foi verificar o que acontece se reagirmos este material com determinada coisa e foi nesse caminho que fomos encontrando soluções. Nós nunca tínhamos trabalhado estas telas e fomos investigando. Houve também coisas que não resultaram e aprendemos com isso.

Na apresentação do conceito fizeram questão de frisar que apenas fazem 8 peças por colecção, porque tomaram essa decisão?

TV: Inicialmente só apostámos no mercado da Madeira, e as pessoas não gostam de saber que tem peças iguais.

NF: Principalmente as mulheres é sempre desagradável cruzarmo-nos com alguém com uma peça igual à nossa.

TV: E achámos que é uma forma de compensar economicamente o facto de estarmos a utilizar materiais recicláveis e esteticamente interessantes e ao torna-lo exclusivo estamos a valorizar o nosso trabalho. Portanto, optámos por essa via, obviamente as oito peças nunca saem iguais. Achámos também que devem ser um luxo visual e estético.

NF: É tudo manual, tudo feito artesanalmente. Temos colares com flores, mas claro que as restantes peças nunca serão exatamente iguais.

 

Quem são as mulheres que adquirem rara design by hand?

TV: Temos mulheres e também homens que compram para elas. Há jovens entre os 17 até aos 60 anos. É um leque muito abrangente, mas concebemos o projecto nesse sentido. Existem homens que nos pedem cachecóis e golas, as crianças também querem um acessório nosso, ainda não optámos por essa via, mas é uma hipótese.

Tem alguma peça das colecções que já criaram que tenha sido muito emblemática?

TV: Tem uma, que inicialmente o material era lindíssimo, mas a sua composição não iria ficar assim tão bonita e tentámos dar-lhe a volta, foi a primeira gola que fizemos. É fantástica, violeta e dourada.

NF: Resultou muito bem em termos de cor e textura. Inicialmente estávamos reticentes.

TV: No corpo fica fantástica. Depois temos o colar dourado, acho que são peças fortes.

O que então o design sustentável?

TV: Nós segundo a temática que abordámos queríamos desmistificar o design sustentável. Achámos que design é design e terá de ser sempre sustentável, porque os seus princípios básicos são esses, ou seja, responde a necessidades do homem que vive em contacto com a natureza e em sociedade. Sendo assim, o design tem como princípios respeitar o ambiente e o meio portanto, por mais que abordemos a palavra design todos estes conceitos estão lá. Naturalmente, ao longo dos anos esse aspecto não foi respeitado, devido ao consumismo exacerbado que nos fez comprar por comprar e portanto queremos desmitificar esses conceitos.

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