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Com peso e medida

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A moda dita medidas perfeitas para as mulheres. Um protótipo de silhueta inalcansável para a grande maioria que vêem as suas curvas como alvos a abater e propagam a frustração e baixa auto-estima feminina.

Quantas de nós já entramos numa loja para experimentar uma peça de vestuário e na maioria dos casos nem sequer existe o nosso número? Onde encontrar calças de ganga, ou melhor, aqueles jeans que simplesmente nos fica bem, sem apertar imenso nas ancas, ou com a cintura muito larga, ou com os benditas folgas laterais, ou pior que nos caem a direito e parece que nem curvas temos? Porque depois de experimentar mais de dez modelitos e de muitas horas de frustração decidimos comprar do mal o menor? Isto sem falar das botas que para a maioria das comuns mortais com bíceps mais salientes nas pernas, estão definitivamente fora de coagitação, e não estou a falar apenas de botas em pele, até as galochas muito na moda este ano carecem de espaço para as pernas mais redondinhas. Então que mundo é este onde só é aceitável vestir o número 34? É a tirania dos designers de moda, da própria indústria têxtil e das hordas de mulheres inconscientes que os seguem sem pensar nas consequências. É verdade, os empresários também têm muita culpa. E vou passar a explicar.

Querem saber porque não há botas para todas as pernas, e nem sequer venham com a desculpa do estar gorda, porque o objectivo nas fábricas é produzir mais com menos matéria-prima possível. Sigam o raciocínio, o couro que é usado na indústria do calçado é precioso, porque é caro e como tal tem de ser bem aproveitado. Para chegar até os consumidores, existem várias fases da produção que tem de ser o mais eficiente possível em termos de custo. E neste processo o aproveitamento dos materiais é potenciado ao máximo, por isso, de um bocado de couro tem de ser cortadas várias tiras para as famosas botas que você tanto gosta. Ora, para aproveitar o mais possível é necessário ter em conta os tamanhos e eis o busílis da questão, quanto maior for o diâmetro ocupado pela perna, maior é custo de produção final. Ou seja, quanto maior é a área, menos tiras se podem cortar de um único pedaço de couro, e isso implica mais fio que se gasta para coze-las, solas maiores que se tem de aplicar e se um operário em média cose, vamos supor, 15 botas número 36 numa hora, irá fazer menos se forem tamanho 42, porque há mais para coser no mesmo espaço de tempo. Percebem?

O mesmo acontece com os têxteis, porque acha que há tantos tamanhos pequenos no mercado? Porque de uma única tira de tecidos são cortadas várias peças 36, e desse mesmo metro de pano apenas se podem cortar algum tamanho 44. O empresário rentabiliza assim o seu produto, porque fazem mais por menos e com maior lucro. Os chamados tamanhos standards. O irónico é que os tecidos ao contrário do que se pensa são mais baratos neste momento, porque são produzidos na China. Curioso, não é? Mas, o preço final é o mesmo. E nós consumidoras em que ficamos? Nas constante dietas que nos deixam frustradas constantemente. Não se trata aqui de defender a obesidade, não é isso, podemos ser saudáveis sem parecer paus de espeto. Estou a falar de mulheres com diferentes tipos de corpos que não encontram vestuário adequado a seu tipo de estrutura física. Um exemplo? As chamadas formato pêras, e que são uma larga maioria em Portugal, têm ombros, peito e cintura estreita, mas as ancas e as pernas largas.

O que fazer então? Bem, algo já está a mudar, mas antes temos é de parar olhar para a Gisele Bunchen e pensar que podemos ser iguais. Não somos, nem melhor, nem pior, somos diferentes é tudo. Aposto que até ela têm dias em que se olha ao espelho e acha que tem as coxas muito gordas! Temos que olhar para o nosso corpo com um certo pragmatismo e pensar, quais os meus pontos fortes e como posso evidencia-los com o vestuário, e quais os mais fracos e como posso melhora-los. Temos também de aprender a aceitar o nosso corpo. Aprender a viver a bem com ele. E passe também a exigir que as marcas criem peças bonitas, que acompanhem as tendências da moda, e que lhe fiquem bem. Como? Deixe de comprar aquela peça, um tamanho abaixo do seu número e que irrealisticamente pensa que vai conseguir vestir depois de uma dieta bastante restritiva. No final o que acontece? Veste-a no máximo uma única vez e fica logo de parte no fundo do seu armário. E acredite que as coisas estão a mudar. Veja o caso de algumas marcas que perceberam as suas consumidoras, que as ouviram! O caso da Dove, que usa nas suas publicidades mulheres reais de várias faixas etárias. Mais perto de nós, a marca espanhola, a Mango que tem vindo a apostar nos tamanhos XL, reforçadas com campanha publicitárias com modelos mais cheinhas e se reparar bastante sexys! E agora com o advento das compras online, exija, escreva, reclame por peças mais amigas da sua silhueta.

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