
É mais um texto de reflexão sobre os parâmetros corporais da moda.
Recentemente foi publicada uma notícia sobre uma jovem modelo de apenas 14 anos de idade que foi contratada pela Dior para a suas novas futuras campanhas, nos próximos dois anos e fiquei chocada. O anúncio como seria de esperar de imediato gerou imensas críticas por parte de várias personalidades e organizações não governamentais e lançou de novo a discussão sobre esta matéria. De facto, ao longo dos anos tem-se notado cada vez esta “corrida” quase insana das marcas por rostos cada vez mais jovens com corpos quase sem formas, diria mesmo imaturos, para promover vestuário para mulheres com faixas etárias superiores. É um contrasenso que se banalizou de tal forma e que não é apenas comum à marca francesa, mas também afecta outras empresas do sector moda internacional, como é o caso da Zara. Sim, é verdade. Eu sei que a marca espanhola é notoriamente conhecida pela sua aversão à publicidade institucional, contudo, o novo catálogo muito estranho por sinal e as imagens espalhadas pela loja que tive a oportunidade de apreciar recentemente, também deixam muitas dúvidas no ar, afinal que idade tem aquelas jovens? Algumas delas parecem mesmo meninas e nota-se até que em alguns casos a roupa lhes fica mal, porque as peças foram desenhadas para outros tipos de corpos. O que me leva a reflexão desta semana, como é possível que as empresas de moda continuem a achar perfeitamente normal contratar estas jovens modelos, na sua grande maioria menores de idade, para promover peças de vestuário apenas acessíveis a mulheres com corpos amadurecidos pelo tempo? Quando se tornou simplesmente aceitável usar como parâmetro de beleza feminina teenagers, cuja estructura corporal ainda se encontra em pleno desenvolvimento hormonal, para promover roupa num mercado em que o público-alvo é claramente mais amadurecido? E se a sociedade tende a boicotear neste momento as marcas que utilizam trabalho infantil na produção fabril, porquê é que no caso das modelos tal comportamento é quase ignorado? Por todos estes motivos deixo aqui o meu protesto e sublinho que simplesmentes não desejo comprar peças de vestuário que miúdas vestem, por vários motivo, o primeiro dos quais porque já não sou uma delas e não me sinto reflectida nesse tipo de imagens, mas tenho orgulho em ser mulher e em algumas da minhas curvas! Para além disso, condeno este tipo de publicidade enganosa, porque transmitem uma mensagem errada para as novas gerações de raparigas e jovens mulheres de todo o mundo, mostram uma estética corporal que em nada abona para à sua auto-estima. O que acham que uma jovem de 25 anos pensa quando olha para estas fotografias? Que é gorda! E não o é! Essa é que é a tragédia! E em terceiro lugar, de facto é trabalho infantil e não me interessa que as miúdas tenham licença parental para o fazer, são marcas que nem sequer são apropriadas para à sua idade, se estas raparigas querem ser modelos que comecem as suas carreiras em empresas que comercializem produtos de moda adequados apenas à sua faixa etária. Defendo mesmo uma maior fiscalização e regulamentação para o sector da moda que tem vindo a gozar de uma certa complacência e impunidade por parte de da sociedade em geral e em particular das próprias mulheres, sim que em vez de protestar, apenas se culpabilizam diante do espelho, quando devem é pressionar cada vez as maiores marcas para que façam algo que se esquecem com demasiada frequência, ouvir as suas potenciais clientes! E eu sou uma delas! Eu gosto de moda, mas não desta maneira!




