O paradigma da beleza no século XXI está a mudar. Um processo que é importante para as marcas já que as mulheres são elementos essenciais nas decisões de compra.
Há uma época do ano em que as mulheres no geral sofrem por antecipação, só de pensar nos olhares perscrutadores e críticos das outras criaturas da mesma espécie, esse período é o verão. É o pesadelo anual do sexo feminino que não possui o corpo da Gisele Bundchen. A eterna dúvida, o que me fica menos mal, o fato de banho completo, ou o biquíni? Como eliminar a celulite em menos de um mês? E as estrias como disfarça-las? As varizes? Tudo questões que não são motivo de muita preocupação no inverno por motivos óbvios. Então como lidamos com essa situação? Pouco antes da época balnear iniciamos um ciclo de compras compulsivas de cremes e pílulas milagrosas que irão resolver supostamente, em tempo recorde, estas pequenas imperfeições. É curioso como as indústrias ligadas á beleza feminina lucram milhões essencialmente à custa das nossas inseguranças. Reflicta sobre isto. Quantos cremes anti-celulite adquiriram ao longo da sua vida adulta, que pouco ou nenhum resultado ficou patentemente demonstrado na sua pele? Inúmeros, eu sei. Também fiz o mesmo, até dar-me de conta da sua ineficácia e não precisei de ver o programa do Doutor Oz para confirmar este facto científico, bastou olhar para alguns pontos das minhas pernas que persistiam em manter-se com o tal famosa efeito pele de laranja. Isto sem falar dos restantes métodos mais radicais que prometem a perda do excesso de peso quase imediato acumulado durante o ano. Fora os tratamentos de beleza caríssimos que prometem reafirmar a sua pele em poucos dias. Então porque nos sujeitamos, se inconscientemente temos a noção dos fracos resultados?
Porque a beleza estética teve sempre um papel primordial no sucesso da espécie. Mais, ainda no caso das mulheres. Ao longo dos séculos, o papel do sexo feminino no contexto social foi sempre relegado para um plano inferior. Fomos vistas como um meio de propagação da espécie, ou como mero objecto sexual do homem. Neste panorama desigual, as mulheres acabaram por se impor através dos cânones vigentes de beleza das suas respectivas épocas, algumas das quais de uma crueldade sem precedentes. Basta recordar o corpete que durante séculos, matou, sim matou e deformou milhares de mulheres que pretendiam obter a tão desejada cintura fina. Se reflectirem um pouco e para tal basta dar uma espreitadela á história, muitos destes preceitos de beleza estética foram criados pelos homens com o objectivo de manter as mulheres presas no domínio do lar. Para ilustrar esta afirmação, recordo, o fetiche dos chineses pelos pés pequenos, um acto barbárico que durante séculos deformou as jovens chinesas de forma permanente e que as impedia de andar.