O reggae para os “souls of fire” é uma filosofia de vida. Um estado de consciência que promove a serenidade, a alegria e o respeito pelos outros. Ao longo destes dez anos de existência, esta banda de influência jamaicana procurou passar essa mensagem em inglês, mas também em português. Uma dualidade que os acompanha desde sempre, como nos referiu um dos fundadores do grupo, Romano Santos.
Foi difícil ter uma banda jamaicana em Portugal?
Romano Santos: Foi, sim, porque o reggae não era conhecido e não era muito bem aceite no mercado. Já existiam algumas bandas, mas nós éramos brancos e isso tornou o nosso percurso mais difícil. Com o tempo o cenário musical abriu-se mais e agora já somos conhecidos.
Notas diferenças pelo facto da banda estar sediada no Porto e não em Lisboa?
RS: Sim, é mais fácil em Lisboa. Primeiro, é a capital. Segundo, está tudo relacionado com uma cultura musical que apoia mais os músicos e não é preciso de estar á procura de profissionais, porque o mercado lá é enorme.
Quando lançaram o vosso primeiro álbum, “souls of fire-comunicar”, há quase dez anos atrás, ficastes com a impressão que podias ter feito melhor, que poderiam ter melhorado alguns aspectos?
RS: Sim, depois de gravar tudo, claro que uma pessoa se debate com essas questões, podias ter feito isto assim, alterado este som ali, mas é um estado de evolução. Em termos de concertos, houve muitos depois de o álbum ter sido editado, as vendas não foram significativas. Os jovens não compram os CD preferem “sacar” da Net, verifico que as pessoas com mis de 30 anos são as únicas que se preocupam em comprar o produto. Há muita pirataria.
Tendo esse aspecto em consideração, vocês como banda procuram promover-se através das novas tecnologias?
RS: Sim, temos uma página oficial na internet, que procuramos actualizar. Temos páginas no facebook e twitter. No nosso site podem fazer alguns downloads.
Qual é o balanço que fazes deste quase dez anos de “souls of fire”? Ou se achas que ainda há muito por fazer?
RS: Existe muita coisa ainda por melhorar. Temos mais maturidade, lógico. Os temas são diferentes, falam do quotidiano, do trabalho, da relação com a vida, com o mundo global que nos rodeia. O reggae tem essa história toda, não só da Jamaica, mas também de África, onde tem as suas raízes musicais. Tentamos seguir essa doutrina.
Foi fácil para o público aceitar reggae cantado em português?
RS: Foi. É mais fácil “apanhar” o público cantando em português. Se bem que, gostam de ouvir temas em inglês. Nós temos essa dualidade. A banda, por outro lado, ganha com a mistura que surge dos próprios elementos do grupo, uns fazem surf e bodyboard, outros tem uma perspectiva mais urbana porque vivem na cidade. Essa diversidade deu frutos em termos musicais, porque cada um tem os seus gostos, mas estamos unidos por um elo comum que é o reggae. Gravamos até este momento três álbuns, estivemos recentemente na queima das fitas e vamos até o sudoeste.
Qual é a próxima etapa?
RS: Nas bandas há sempre transformações, neste momento como lançamos um IP, chegámos a uma etapa em que como formação temos que festejar estes dez anos. Uma comemoração para assinalar a efeméride. Procurar alguns excertos, escrever músicas novas, convidar artistas portugueses e não só de outras sonoridades para participar e fazer uma boa digressão e em alguns países da UE.
Quanto aos festivais, eles são importantes em que medida?
RS: Cativam um público novo. Neste momento, estamos virados para as novas gerações, pretendemos mostrar som de raiz e não aquele tipo de música que facilmente se esquece. É importante também, porque o nosso público tem a oportunidade de ver-nos ao vivo.
Os aspectos mais negativos?
RS: A violência e os roubos. Nestes festivais há cada vez mais gente que assiste aos concertos e propícia este tipo de incidentes. A droga também é outro dos problemas. Contudo, há mais aspectos positivos que negativos. Estamos a falar cultura musical. O púbico querer ouvir sonoridades e trabalhos novos. Assistir ao espectáculo de artistas mais conhecidos e tudo isso conta para engrandecer o evento em si.
O que achas do panorama musical no nosso país? Para jovens que começam?
RS: Têm que se esforçar muito. Não diria no mercado, mas em sintonia com o mundo. Estou a falar em termos de educação musical, ela é necessária e é preciso partilhar música.
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