DP: Sim, é um EP que antecedeu em um ano o primeiro álbum com o mesmo nome. Retirei dois temas desse trabalho.
Então o EP acabou por te ajudar?
DP: O EP foi uma necessidade. Eu já tinha os temas gravados e necessitava de me promover mais, conseguir chegar aos sítios e ter agenciamento como músico. Fiz uma impressão de 300 unidades que esgotou relativamente rápido, o que foi bom sinal. Tinha alguns pontos de venda, depois havia os concertos e foi motivante ver que o trabalho ia ter alguma aceitação se conseguisse grava-lo. Para isso tive que ir até a Noruega, de onde surgiu o convite para editar um álbum.
Achas que as novas tecnologias e a internet facilitaram a tua carreira musical em termos de público e até de chegar as editoras, ou não?
DP: Mudou muito para todas as áreas, desde a edição de música como literatura, mesmo ao nível das artes gráficas. Torna-se uma montra muito boa para mostrar o teu trabalho. Por outro lado, a indústria retrai-se muito, porque as editoras já eram, antes havia scouts que andavam a ouvir as bandas, ou músicos. Tu hoje em dia tens de chegar até eles com o produto final. A gravação tem de ter qualidade e a partir daí eles tomam uma decisão, se é aquele segmento em que querem apostar ou não. O investimento é de quem o produz, dos artistas em geral, é um compromisso maior. Hoje em dia pode-se fazer música em casa, já não é necessário alugar um estúdio profissional, mas tem haver um compromisso financeiro, tem de haver alguém que aposte.
O facto de cantares em inglês também facilita todo esse processo, já que a tua editora é norueguesa.
DP: Obviamente que a linguagem também é importante. É uma coincidência feliz, mas também é um mercado que estava mais vocacionado para o meu tipo de sonoridade. Em Portugal a minha música soa original, porque se calhar não há tanta coisa, a música cá dobra-se para outras vertentes. Na Noruega há já um mercado para esse tipo de pop radiofónico, com influência de folk, se não fosse cantado em inglês não teria havido essa possibilidade. A maior parte dos países Europeus tem artistas nacionais que cantam em inglês, uns com mais sucesso que outros. Aliás, tudo o que faço na música não obedece a uma estratégia definida em termos de promoção e fico muito a perder por causa disso, dizem-me. Eu sinto-me bem na forma como conduzo a minha vida, faço o que quero fazer. Não estou sujeito a pressões nenhumas.
Estas a preparar um novo disco?
DP: Sim tenho um álbum já escrito. Estou no ponto de novamente ter de decidir se assumo o compromisso ou não, se vou novamente aventurar-me e investir dinheiro num álbum, que não tem obviamente retorno monetário. Tem de ser por paixão. Estou a equacionar essa decisão.
Já tem título o trabalho?
DP: Não, tenho 10 a 12 temas. As canções têm uma menor vertente pessoal, estou a tentar escrever com um certo distanciamento. Gosto de contar histórias. Quanto mais viajámos e conhecemos pessoas, mais absorvemos esses mundos e personalidades. É um desafio que me tenho colocado, tentar contar histórias. Estou contente. Não sei é se haverá uma gravação.
Continua a ser em inglês?
DP: Há um tema que vem de trás "movies at midnight" que tem um verso em português que estou a considerar em regravar.





