Editaste três álbuns, um deles é o LA New Mainstream.
André Santos: Vêm do nome do líder da banda Lars Arens. Compus nesse disco.
Nota-se que és muito aventureiro como guitarrista, há uma certa fusão. Tu procuras essas novas sonoridades para acrescenta-las ao teu repertório?
AS: Eu procuro sempre misturar o máximo que posso na minha música, embora a minha formação seja muito jazzística. É natural que essas influências vão surgindo quando estou a compor, quando estou a pensar numa canção ou outra simplesmente as coisas vão saindo.
Fala-me um pouco deste álbum.
AS: Tem uma índole jazzística, foi composto para um trombista alemão que vive em Portugal há dez anos e que foi o meu professor de música, e no último ano do curso juntou um grupo mais jovens do jazz e começámos a criar um repertório que ele compôs. É uma música complexa. Ele dá liberdade, só que ao mesmo tempo escreve a sua música como quer e tem muitas coisas a acontecer, onde nós temos o nosso papel bem descrito, é um sexteto. Os temas são enérgicos, mas também há baladas muito bonitas e para além desse, gravei outro disco completamente diferente, com a Teresa Salgueiro, ex-Madredeus, e entrei a substituir o anterior guitarrista que se chamava André Santos. Gravei esse disco há dois anos, tivemos uma série de meses de composição e ensaios, foi o primeiro álbum de originais dela, depois de vinte anos de Madredeus, depois fizemos uma digressão de Março de 2012 até Março de 2013.
Então o que te trouxeram estas experiências, pelo que percebi a primeira era muito mais estructurada em termos musicais
AS: Na verdade as duas eram bastante estrutura, no caso da Teresa Salgueiro, o caso dela não é pop rock, é mais fado e um bocadinho de tudo, música mais portuguesa e melancólica. Era mais estructurada, porque não havia liberdade e o meu solo será sempre igual no disco e nos concertos, não há espaço para improvisar. No Lars, embora haja momentos muito estructurados quando estamos a expor a música dele, depois há momento de total liberdade que são os solos, ou seja, há uma abertura, podemos expressar-nos naquele momento, enquanto com a Teresa se me apetecesse fazer algo distinto nunca teria essa liberdade.
Mas, o tema Zion não é de todo jazzístico, mais uma vez, foge completamente das tuas raízes musicais.
AS: Sim, não das minhas raízes, mas não da minha formação. Como estava a dizer é algo natural. Eu gosto de música brasileira, pop, gosto de uma série de coisas e de trabalhar com muita gente diferente. Naquele dia, um dia fiz o tema Zion que foi baptizado depois, foi por ali, não sei porque influência, surgiu, é um género de que gosto.
Então o que te inspira para compor?
AS: É uma boa pergunta. É uma necessidade. Eu agora coloquei-me o objectivo de gravar um disco, agora só será para o início do próximo ano, quando tenho essa meta, parece uma obrigação, as vezes obrigo-me até a compor, mas se calhar essa não será a melhor altura. Quando as coisas saem com mais naturalidade é quando nem estou a pensar muito nisso, simplesmente pego na guitarra e uma coisa leva a outra. Os meus temas são na verdade compostos com alguma facilidade. São poucos os que tenho que batalhar. Na verdade fluem e são os que gosto mais.
Então, qual vai ser fio condutor do teu álbum?
AS: O título já o tenho, é um pouco óbvio é "ponto de partida". O álbum vai ser uma mistura de coisas.
Vais ter voz para além do instrumental?
AS: Sim, na maior parte será instrumental, mas a Joana participará em princípio em dois temas. E vou ter outros temas do mundo jazzístico.
Quando pretendes lançar o disco?
AS: Em Dezembro, no Hot Club, que é geralmente o sítio onde os músicos de jazz gostam de apresentar os seus trabalhos, mas eu acho que não vai ser possível por causa das gravações, portanto, será no primeiro trimestre do próximo ano.





