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O calesdocópio

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Gala drop é sinónimo de ritmos alucinantes, uns mais exploratórios que outros, mas que são sempre uma antecâmara para uma visão que não desejam que seja única, mas sim multifacetada e dinâmica.

Os "gala drop" começam com três elementos.
Nelson Gomes: Não, somos cinco, mas a banda começou em 2005 comigo e com o Tiago Miranda que já não faz parte do grupo, porque actualmente tem projectos a solo. A dada altura, apareceu o Afonso Simões na bateria e gradualmente foram entrando as outras pessoas conforme o grupo foi crescendo.


Quando começaram a banda o que pretendiam em termos musicais?
NG: A banda começa como algo diferente do que fazemos actualmente. O projecto era essencialmente poliforme, algo mais ligado a música muito ambiental. Eram formas livres, uma ideia de canção e de massa de som ao longo do tempo, depois começou a haver uma certa frustração com o que fazíamos, visto não personificar o que erámos e houve uma vontade de mudar os "gala drop" para algo mais polirrítmico, electrónico essencialmente, mais pulsante.


Mas, nota-se pelos álbuns que foram lançando um crescendo em termos de influências musicais.
NG: Há uma ideia de trabalhar outras ideias que queríamos ter explorado, mas ainda não o tínhamos feito. É uma coisa muito rítmica, mantém-se e a polirritmia em todos os discos e a ideia de electrónica também, explora-se mais tarde a guitarra que nos permite ir para ambiências mais rock, mais baleares, mais tropicais de certa forma e o incluir de outros músicos. É uma libertação de outros processos mais estáticos que aconteciam quando erámos só três, eu, o Tiago e o Afonso. Havia no início uma forma de tocar e trabalhar muito agarrada às pré-gravações que nos deixava estáticos. Actualmente temos uma banda em que todas as pessoas tomam estes pequenos elementos que usámos pré-gravados o que agora nos permite ser mais dinâmicos, mais vivos e mais pulsantes.


Houve uma parceira com o Ben Chasny no terceiro álbum, porque escolheram este músico?
NG: Não o escolhemos, nem pretendíamos nada. Foi um convite da parte dele em 2008 quando lançámos o primeiro álbum. O Ben é amigo de longa data e a uma dada altura ele ouviu o disco quando estávamos todos juntos e passado um tempo mandou-me um email a dizer que adoraria andar em tournée connosco e nesse mesmo ano em 2009 no final desse périplo, disse que gostava de gravar com os "gala drop". No princípio não estava ver como, porque o tipo de música que ele fazia não coincidia com o que fazíamos, mas seria na mesma um prazer e o trabalho proporcionou-se. Desenvolvemos 3 a 4 temas para trabalhar com ele e depois os restantes também. O convite foi algo espontâneo, não havia um objectivo, a única coisa que lhe disse é que era impossível fazer um disco em que ele estivesse totalmente só em casa, que fosse confortável para ele, isso foi o que tentámos fazer, adaptar o nosso som e inclui-lo a ele, criar espaço para incluir a música dele.

Mas, os vossos estilos são completamente diferentes e até em termos musicais díspares.
NG: Não foi muito difícil, porque a ideia das música estava feita por nós, foi só ter o cuidado de quando estávamos a compor desses temas deixar espaço para ele se integrar na própria música e ter em mente o que ele fazia. E acho que o objectivo foi conseguido.

Porquê lhe chamaram "Broda"?
NG: É uma banda cabo-verdiana muito importante do início dos anos 70, que teve uma grande influência em nós. Depois também a palavra broda quer dizer irmão e é uma certa forma o Ben é isso.

Neste concerto tocaram temas novos?
NG: Excepto a primeira e a última música que pertencem ao álbum "broda", todas as outras são novas. Tocámos 10 temas, 9 ainda não estão gravadas.

Estão a testa-las junto do público para depois serem gravadas?
NG: Não, nós não queremos é tocar músicas antigas.

Então como poderias definir estes novos temas? Em que se distanciam das restantes músicas?
NG: Acho que não se distanciam das restantes, é um confluir de todos os discos num único e a integração da voz. Nos anteriores trabalhos discográficos não tínhamos esse elemento e actualmente existem muitas músicas com o Jerry a cantar, que é um músico que entrou numa fase mais tardia, há dois anos.

Quando pretende lança-lo?
NG: Vamos entrar em estúdio em Outubro e esperemos que em Fevereiro do próximo ano esteja cá fora.

Como jovem músico português, inserido no mundo das novas tecnologias, onde não se compram CD's copiam-se e partilham-se gratuitamente músicas, o que não acontecia há 15 anos, como encaras o futuro?
NG: Eu sou produto dessa geração, não sou bem um filho. Não tenho qualquer problema com isso. Como músico vive-se muito mal. O conselho que posso dar quando se gosta muito que se compre, eu faço downloads, mas não compro todos os CD, nem todos são bons. Hoje em dia a indústria esta a mudar tanto, por exemplo, no caso do hip hop as edições já nem são físicas, nem existem vendas de discos, eles oferecem tudo. É um caso e isto ainda vai mudar mais, lutar contra os downloads será sempre desumano. Julgo que haverá uma saturação, aparecerão outros formatos, ou outras formas de obter música e isto é um tema muito discutido aqui, se calhar pelo poder económico que temos, por exemplo, os americanos fazem menos downloads, porque tem o hábito tão enraizado do consumo que para eles ir ao itunes comprar o álbum, ou uma música por um euro é uma banalidade. Passa por mudar mentalidades, não sei, não tenho uma solução muito inteligente. Não posso dizer que não o faço, e se não fossem os downloads eu não conheceria a imensa música que conheço, ao contrário de outras pessoas, este forma de obter música me permite ouvir álbuns que de outra forma seria impensável de os ouvir, são discos tão difíceis de arranjar, que se não fossem as pessoas que tiveram o trabalho de digitaliza-los e mete-los na net eu nunca teria acesso aos mesmos. Desde música africana com edições de 500 cópias em que a maior parte esta destruída e das 100 que restam, 90 cópias estão na mão de colecionadores e 10 aparecem para pessoas como eu, que tenho uma paixão muito grande por esse tipo de música e tiveram sorte de apanhar um disco por 5 euros e que se calhar valem muito mais. Mas, eu sou um melómano, eu oiço muita música e conheço outra tanta, por isso, o download é uma ferramenta muito importante, porque alimenta esta obsessão. A problemática entre o artista contemporâneo que edita e toda esta massa de pessoas que consome quanto a isso só posso dizer, que eu sofro disso e não me queixo.

 

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