Foi difícil tocar com uma das suas referências musicais, o Carlos Paredes?
PJ: Sim, eu na altura tinha 21 anos e já o conhecia através dos meus pais que tocavam Carlos Paredes, para mim era um figura mítica, mas claro, ainda o apanhei com saúde, porque adoeceu dois anos depois e foi um orgulho imenso conhece-lo e sobretudo tocar com ele.
Não era um ídolo com pés de barro?
PJ: O Carlos Paredes? Não de todo. Ele é um grande vulto da música portuguesa.
Em que o Armandinho e o Carlos Paredes se distanciam e se aproximam?
PJ: Paredes é o estilo Coimbra e Armandinho é fado de Lisboa, as linguagens são muito diferentes e inclusivamente a forma de tocar é muito oposta. Apesar de usarem o mesmo instrumento.
Qual foi o maior desafio em tocar os dois? Foi mais difícil um do que outro ou não?
PJ: Dígamos que a música do Carlos Paredes é mais universal, mais fácil de adoptar como música de instrumento em oposição ao Armandinho, que é muito específico. Tive que penar muito e dissecar muito a música dele para conseguir transportá-la com honestidade para o meu instrumento.
É mais metódico?
PJ: É muito específico, muito diferente.
Acha que o Armandinho é um vulto esquecido da guitarra portuguesa e do fado, por isso, fez este disco?
PJ: Tal acontece porque o Paredes é nosso contemporâneo e o Armandinho não. Ouve-se falar nele nos guitarristas lisboetas que o tem muito presente.
E fora da capital?
PJ: Fora de Lisboa, não, porque o Armandinho é um compositor muito restricto à linguagem do fado de Lisboa.
Decidiu contudo fazer uma fusão de estilos, acha que é esse o caminho para a guitarra portuguesa?
PJ: É, acho que sim, para mim é um grande desafio. É também uma missão divulgar a música dos guitarristas portugueses e faze-lo com o meu instrumento que é universal, que é a guitarra clássica.
Acha que transformar o fado em música património da humanidade é importante ou não para a guitarra portuguesa?
PJ: É importante, mas não é po isso que o fado é mais ouvido ou respeitado, é apenas uma formalidade. As pessoas que não gostam de fado não vão passar a apreciar porque é património da Unesco, muitos nem sabem o que é isso. Mas, é reconhecido o que é importante.
E a guitarra portuguesa continua a estar no coração do portugueses?
PJ: Eu espero que sim, tenho muitas dúvidas, porque há imensa gente jovem que não a conhece. Mas, ao mesmo tempo existem muitos novos guitarristas o que é um bom indício.
Acha que há um futuro risonho?
PJ: Acho que sim, há muita gente a tocar guitarra.





