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O fluxo açoriano

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Os strëam atingiram o reconhecimento internacional através de um tema que lançaram pela internet, another story. Um sucesso estrondoso que lhes granjeou a atenção do público nacional, um reconhecimento tardio que não estranharam, não fossem eles, portugueses, mas acima de tudo ilhéus. Da ilha terceira para o mundo, esta banda açoriana, com os pés bem assentes na terra, pretende lançar mais um álbum de originais com data ainda por definir.

Como aparecem os strëam e o porquê deste nome?

Toni Vasconcelos: Os strëam vieram de um outro projecto e só começaram a existir como banda em 2002, eu só entrei em 2007, porque curiosamente éramos todos amigos e eu era uma espécie de rodie do grupo. Entrei como guitarrista, mas houve a oportunidade de passar a ser vocalista e assim ficou. O nome tem a ver com um fluxo, uma corrente, uma linha de energia que esta associada ao nosso som, que é uma mistura de rock e pop mais actual. Os dois pontos surgem na letra e, porque já havia uma outra marca, que nada tinha a ver com música, com o mesmo nome, assim para evitar futuras consequências judiciais optámos pela escrita com dois pontos.

Como é que uma banda do Açores chega à Austrália e ao top 40 do World Indie Countdown, com o tema another story?

TV: Curiosamente, tudo isso coincide com a minha entrada em 2007, quando tentámos promover o nosso trabalho de uma forma mais profissional, tendo em conta o mercado, as limitações de viver na ilha Terceira e a vida de um músico em Portugal. A minha entrada de certa forma alterou o estilo do grupo, trouxe mais influências daquilo que sou como músico e do que gosto de ouvir. Fui eu que compus o tema “another story” e decidimos gravar um LP num estúdio no Porto, no IM studios, com o Ivo Magalhães. Ao todo gravamos quatro temas, escolhemos dois para promover o grupo, o “another story” e o “invisible” através da internet que é um meio muito útil para quem vive numa ilha. As coisas começaram a enraizar-se e seguir vários caminhos, até chegar aos tops das rádios independentes da Austrália.

Eles ouviram o vosso tema na internet?

TV: Exactamente, mas também contámos com o apoio da nossa editora e depois foi uma bola de neve. Daí passou para uma compilação da cruz vermelha americana, o mesmo tema integrou a banda sonora do filme de Tom Green e gravámos o nosso álbum de estreia. Estivemos a promove-lo e agora estamos num outro patamar muito modesto, tendo em conta as perspectivas musicais aqui nos Açores. Demo-nos um tempo para descansar e ao mesmo estamos a preparar um novo disco.

Houve a possibilidade de fazerem uma tournée pela Austrália, isso chegou a acontecer?

TV: Não, há uma série de condicionantes para isso acontecer. Muitos teriam de abdicar do trabalho e hoje em dia faze-lo sem garantias são um risco muito grande. A maioria dos membros do grupo já tem famílias, pessoas que dependem do nosso trabalho e era arriscado. Mas, essa possibilidade não surgiu apenas para a Austrália, também houve essa oportunidade para os EUA e o Canada. Só que tivemos de ponderar bem para não atirar-nos de cabeça e sair magoados. Fizemos sim, uma mini-tournée pelo país.

Vocês não acharam no mínimo curioso que sendo um banda açoriana, só passaram a ser reconhecidos pelo público português, depois de serem famosos no outro lado do mundo?

TV: Olha, sinceramente não achei estranho, porque eu uso sempre uma expressão que é: os santos da casa, não fazem milagres. Isto que ocorreu connosco também já se passou com outras bandas, posso dar o exemplo mais sonante, que é o caso dos Moonspell. São a melhor banda de metal nacional com expressão internacional. Eles só começaram a ser famosos em Portugal, depois de serem reconhecidos lá fora. É um defeito do povo português, sê é bom lá fora é bom cá dentro. É estranho, mas foi assim também para nós.

O novo álbum dos strëam como vai ser? Vai haver diferenças em termos musicais?

TV: Temos já uma série de músicas em esboço, em maquette. Muitas têm letra, outras nem por isso. As que já estão escritas, tanto podem ser em inglês, como em português. No entanto, escrever na nossa língua é um desafio, isto é difícil de dizer, o rock soa melhor em inglês. No entanto, oiço bandas portuguesas que exprimem algo de valor na nossa língua. Em relação a este álbum, não somos do género, vamo-nos sentar, pensar e fazer música desta forma, não. Principalmente, eu e o João fazemos tudo em casa, juntamo-nos e decidimos o que acerta mais, o que corre mal, o que é bom e depois juntámo-nos todos. É um processo com algum improviso. Vai ser rock, se vai ser todo em português, ou inglês ainda é muito cedo para se pensar nisso.

Mas, tem alguma data em mente para lançar o novo álbum?

TV: Não, estamos a pensar em ensaiar e começar a trabalhar em Janeiro, mas isto tanto pode durar tanto três e quatro meses, como um ano. Isto porquê? Embora, não queiramos cair no esquecimento das pessoas, não podemos encarar a música demasiado à serio, nós temos as nossas vidas e já abdicámos muito em prol da música. Não é que queiramos que as pessoas estejam sempre a reconhecer o nosso trabalho e andar connosco ao colo, mas já investimos muita energia, muito dinheiro e já abdicamos de estar com as nossas famílias para seguir o nosso sonho. Apesar de que temos os pés bem assentes na terra. Vamos levar as coisas com calma. Em princípio já temos datas fechadas para concertos no próximo ano. Temos contudo de pensar com a cabeça mais fria, porque no passado nos investimos muito dinheiro para gravar o álbum lá fora, infelizmente as passagens de avião são caríssimas e o governo regional não facilita, a verdade é esta, temos depois que abdicar do trabalho e da família para estar em estúdio.

A insularidade é um obstáculo?

TV: Aqui neste caso é. Depois de ter o produto feito não é. Por agora o guitarrista solo, o João está a tentar fazer da música a sua vida e já tem um estúdio. Em princípio vamos gravar aqui e também contactar um produtor que queria finalizar o disco, porque é sempre bom. Sou apologista de que alguém de fora oiça o trabalho, porque nós ficámos sempre ali como que fechados ao mundo. Gosto de pintar e se ficarmos muito tempo sempre fixos a uma tela a tentar melhora-la constantemente, vamos chegar ao fim e achar que está bom, contudo há um truque curioso que é pegar nesse quadro e o colocarmos em frente a um espelho, a imagem reflectida vai mostrar certos pormenores que não estão bem. Isto tem a ver com uma função do cérebro, de que não me consigo recordar o nome. O que quero dizer com isto? Vamos gravar cá e arranjar um produtor de fora que venha cá ouvir o nosso trabalho.

Alguém que faça de espelho?

T V: Sim exactamente. Alguém que vê um pormenor a corrigir, que nos passou ao lado e vai valorizar o trabalho, sem dúvida.

Referistes a pouco a mini-tournée nacional. O que retiraram desta experiencia? Sentiram que a vossa música não era assim tão diferente do resto do mundo?

TV: Todos os comentários foram positivos, podia estar a mentir, mas tenho o hábito de ser sincero. Aliás, as pessoas vinham ter connosco e perguntavam de que zona da América é que nós éramos, porque pensaram que a banda tinha um som muito americano. São comentários positivos, porque demonstram que temos alguma qualidade e que temos algo a mostrar ao nível musical.

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