Vocês não acharam no mínimo curioso que sendo um banda açoriana, só passaram a ser reconhecidos pelo público português, depois de serem famosos no outro lado do mundo?
TV: Olha, sinceramente não achei estranho, porque eu uso sempre uma expressão que é: os santos da casa, não fazem milagres. Isto que ocorreu connosco também já se passou com outras bandas, posso dar o exemplo mais sonante, que é o caso dos Moonspell. São a melhor banda de metal nacional com expressão internacional. Eles só começaram a ser famosos em Portugal, depois de serem reconhecidos lá fora. É um defeito do povo português, sê é bom lá fora é bom cá dentro. É estranho, mas foi assim também para nós.
O novo álbum dos strëam como vai ser? Vai haver diferenças em termos musicais?
TV: Temos já uma série de músicas em esboço, em maquette. Muitas têm letra, outras nem por isso. As que já estão escritas, tanto podem ser em inglês, como em português. No entanto, escrever na nossa língua é um desafio, isto é difícil de dizer, o rock soa melhor em inglês. No entanto, oiço bandas portuguesas que exprimem algo de valor na nossa língua. Em relação a este álbum, não somos do género, vamo-nos sentar, pensar e fazer música desta forma, não. Principalmente, eu e o João fazemos tudo em casa, juntamo-nos e decidimos o que acerta mais, o que corre mal, o que é bom e depois juntámo-nos todos. É um processo com algum improviso. Vai ser rock, se vai ser todo em português, ou inglês ainda é muito cedo para se pensar nisso.
Mas, tem alguma data em mente para lançar o novo álbum?
TV: Não, estamos a pensar em ensaiar e começar a trabalhar em Janeiro, mas isto tanto pode durar tanto três e quatro meses, como um ano. Isto porquê? Embora, não queiramos cair no esquecimento das pessoas, não podemos encarar a música demasiado à serio, nós temos as nossas vidas e já abdicámos muito em prol da música. Não é que queiramos que as pessoas estejam sempre a reconhecer o nosso trabalho e andar connosco ao colo, mas já investimos muita energia, muito dinheiro e já abdicamos de estar com as nossas famílias para seguir o nosso sonho. Apesar de que temos os pés bem assentes na terra. Vamos levar as coisas com calma. Em princípio já temos datas fechadas para concertos no próximo ano. Temos contudo de pensar com a cabeça mais fria, porque no passado nos investimos muito dinheiro para gravar o álbum lá fora, infelizmente as passagens de avião são caríssimas e o governo regional não facilita, a verdade é esta, temos depois que abdicar do trabalho e da família para estar em estúdio.
A insularidade é um obstáculo?
TV: Aqui neste caso é. Depois de ter o produto feito não é. Por agora o guitarrista solo, o João está a tentar fazer da música a sua vida e já tem um estúdio. Em princípio vamos gravar aqui e também contactar um produtor que queria finalizar o disco, porque é sempre bom. Sou apologista de que alguém de fora oiça o trabalho, porque nós ficámos sempre ali como que fechados ao mundo. Gosto de pintar e se ficarmos muito tempo sempre fixos a uma tela a tentar melhora-la constantemente, vamos chegar ao fim e achar que está bom, contudo há um truque curioso que é pegar nesse quadro e o colocarmos em frente a um espelho, a imagem reflectida vai mostrar certos pormenores que não estão bem. Isto tem a ver com uma função do cérebro, de que não me consigo recordar o nome. O que quero dizer com isto? Vamos gravar cá e arranjar um produtor de fora que venha cá ouvir o nosso trabalho.
Alguém que faça de espelho?
T V: Sim exactamente. Alguém que vê um pormenor a corrigir, que nos passou ao lado e vai valorizar o trabalho, sem dúvida.
Referistes a pouco a mini-tournée nacional. O que retiraram desta experiencia? Sentiram que a vossa música não era assim tão diferente do resto do mundo?
TV: Todos os comentários foram positivos, podia estar a mentir, mas tenho o hábito de ser sincero. Aliás, as pessoas vinham ter connosco e perguntavam de que zona da América é que nós éramos, porque pensaram que a banda tinha um som muito americano. São comentários positivos, porque demonstram que temos alguma qualidade e que temos algo a mostrar ao nível musical.





