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O universo úria

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O Sanuel não gosta de rótulos, não gosta de ser previsível, não gosta de estar à altura das expectativas do seu próprio público. O que o Úria pretende é ser criativo, desconcertante, directo, vivo e deixa que as suas canções reflictam esse seu lado jovial, de quem não se leva muito a sério.


Passados 13 anos desde o teu primeiro álbum e agora em 2013 com este novo trabalho, "grande medo do pequeno mundo", fazendo uma retrospéctica achas que crescestes e evoluíste enquanto músico?
Samuel Úria: Eu gostava de pensar e rever esse trajecto que passou e concluir que não amadureci assim tanto. Eu acho que a música tem que tem um lado primário, até infantil de não corresponder as expectativas, porque senão acabámos por ficar formatados e tomar a forma daquilo que as pessoas já pretendem que nós passemos no próximo disco. Nesse período que distam entre os dois álbuns acho que tentei não me tornar num músico demasiado adulto, apesar que a minha música não ser juvenil, ou seja, não ser a música mais dada a um público adolescente. Por outro lado, em termos sonoros, eu gosto sempre de achar que estou a fazer um disco em estúdio com a mesma atitude que estou a faze-lo um em casa, muito de recriação, de não cair na tentação e de me tornar demasiado formal.


E as letras? Tu por norma contas sempre histórias nas tuas canções. São sempre muito pessoais, mas a escrita mudou ao longo do tempo ou não?
SU: Sim, na medida em que quando quero fazer discos faço-os muito rapidamente. Vou para algum sítio isolar-me e então escrevo sobre o que me esta a inspirar, ou afligir naquele momento. E como sou diferente em 2013 do que era em 2003 é normal que as letras sejam diferentes nessa altura, apesar de que em termos estructurais e estilísticos haver coisas que possam ser próximas entre os dois discos. Em termos conceptuais a mensagem tem de ser diferente, porque eu sou diferente, como também mudou a forma como reajo ao mundo.


O álbum "em bruto" não só para a crítica, como também para público que te segue é considerado um dos teus melhores trabalho, embora seja um EP, como é que tu olhas para esse disco? É também dessa forma? Considera-o um dos teus melhores trabalhos ou não?
SU: "Em bruto" tem uma particularidade a maior parte das faixas foram gravadas em casa e tem esse lado muito primário de as coisas estarem a ser gravadas no momento. De não serem logo filtradas por todos os processos mais higiénicos dos estúdios, como a sonorização. Não, surgiu e foi gravada e assim vai directamente para o EP. Gosto muito dessa fórmula que tenho sempre vontade de a seguir a um disco de estúdio fazer logo um caseiro, para voltar a ter toda essa informalidade das coisas acontecerem no momento. De serem registadas como se fosse um disco ao vivo não sendo, ou seja, acontecem e são irrepetíveis. E, por isso, essa frescura só pode ser benéfica à música e lá esta não cair nos excessos formulários das coisas.


Foi essa frescura também que procuraste na "a descondecoração".
SU: Esse é quase um número de circo, porque foi gravado e misturado todo num dia. Então tinha um correio electrónico para onde as pessoas mandavam sugestões com letras.

 

Porquê decidistes fazer assim esse disco?
SU: O meus discos são super-directos e caseiros e isso foi para os concentrar ainda mais. Queria que fosse ainda mais directo, ou seja, não só o que me passava pela cabeça, como também pudessem ser tudo aquilo que passava pela cabeça das pessoas. Estava tudo a chegar no instante e eu tinha que criar uma canção a partir dali, para não deixar que a matéria-prima das canções e das ideias não amadurecesse, que fosse o mais infantil possível, o mais primário e o mais explosivo possível. Foi gravado num dia só e recebi esse feedback, de não deixar filtrar esse material que me chegava. Eu gosto desse lado directo das canções de não serem demasiado pensadas, acho que tem de haver esse lado de exclusividade da inspiração que por vezes desaparece quando se põem a pensar nos instrumentos, na produção, nas soluções harmónicas e melódicas. Eu não queria nada disso.

 

E o feedback das pessoas desiludiu-te ou não?
SU: Não, esse até é um disco relativamente desconhecido, na medida em que nunca o publicitei, por isso, nunca foi muito vendido. No dia eu tinha câmaras em casa a filmar-me, tive milhares de pessoas a ver e a mandar emails, ou seja, o próprio processo teve mais adesão do que o próprio disco e isso agrada-me. Para mim os álbuns não têm que ser o absoluto da minha carreira, gosto que as pessoas pensem em mim como uma pessoa que faz concertos, ou faz músicas no instante e não só naquela cristalização dos discos e nesse aspecto ter tanta gente no processo deixou-me realizado.


Achas que futuro como músico passa por isso por pequenos álbuns, por um aproximar do público através destes meios tecnológicos?
SU: Eu não sei, quanto mais expectativas há tende-se a convergir para os processos normais de fazer música que as pessoas já esperam. Havendo expectativas as pessoas esperam sempre alguma coisa e desejam que faças aquelas fórmulas em que te reconhecem. Eu como não gosto, para já não ouço música dum determinado tipo e nesse aspecto também não quero fazer canções que as pessoas estejam à espera. E apesar de ser um músico com a fórmula de canção, gosto de ser imprevisível e também por causa disso não sei qual vai ser o meu próximo disco e esse lado também tem de me surpreender a mim, então não faço planos. O segredo da minha música é esse.


Tu não gostas de rótulos para a tua música?
SU: Eu não me importo com os rótulos, mas eu próprio não posso ceder aos que me impõem, eu não me importo que digam que sou isto e vou fazer aquilo, mas se eu ceder ao rótulos fico chateado comigo, com os que me impuseram.

Actualmente tens em mente um próximo trabalho?
SU: Eu gostava de fazer um disco de rock and roll. Porque quando era adolescente havia bandas de punk e de rock que eram mais barulhentas e saia de lá partido e a sangrar por causa de andar sempre na confusão e agora que tenho trinta e muitos anos, se calhar é uma crise da meia-idade, tenho vontade de voltar a fazer essa música mais jovial.

Um álbum mais raiz e jovial como os anteriores?
SU: Não, se calhar no próximo disco vou chamar uma banda e partilhar um pouco as responsabilidades até na composição e de estar a tocar coisas que outras pessoas escreveram. Um agrupamento com vários vocalistas e instrumentistas e cada um a fazer canções, esse é um projecto que tenho para os próximos tempos.

Tens uma definição para esse trabalho?
SU: Não, esta completamente na minha cabeça e ainda não explodiu. Já falei com algumas pessoas que se mostraram interessadas, mas ainda não me sentei para pensar o que pode ser ou não.

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