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Os eletrustic

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São um projecto musical, liderado por Paulo Gouveia, que resulta de uma fusão entre o jazz, a música electrónica e a repercussão. Uma experiência única e inusitada que resulta do diálogo improvisado permanente entre os músicos e que apesar dos aplausos do público acabou, mas resta o "best of 2014" para ouvir e ficar surpreendido.

Quando surgem os eletrustic?
Paulo Gouveia: Em junho de 2013, foi uma proposta de um amigo nosso o Paulo Lima, da freshmoods, que nos pediu criar algo dentro da improvisação do jazz, que é uma área que eu e o João Correia, o trompetista, estamos mais ligados. Queríamos fazer algo diferente, fora do habitual e tentámos trazer a música electrónica à improvisação, ou vice-versa, depende como se analisa. O que aconteceu foram alguns concertos, um trio com João no trompete e Juan Pestana nas teclas em toda a
área do digital, light samplying e com outro tipo de ferramentas, da minha parte, sou baterista, tentei procurar algumas sonoridades diferentes, a partir dos instrumentos que utilizo. Tentámos ir ao encontro da música electrónica, com o tal conceito de improvisação do jazz. O projecto acaba por ganhar uma dimensão maior do que Portugal e que acabou por não acontecer, porque o Juan vai sair do país e vai tocar fora durante alguns anos, daí ser o nosso último concerto. Até o final do mês teremos disponível o nosso álbum, que vai chamar-se "the best of 2014".

É o primeiro EP que lançam?
PG:Sim.

Mas, como é que fizeram a selecção musical se é feito na base da improvisação? Gravam todos os concertos?
PG: Sim, gravámos sessões de improvisação e escolhemos determinadas faixas para compilar tudo num registo, num disco se é assim que se pode chamar.

O que tens de ter em consideração para seleccionar certos momentos musicais, que os restantes não tinham?
PG: A improvisação como qualquer tipo de diálogo tem alturas mais felizes, outras menos, embora funcionámos sob alguns padrões que estão programados e tentámos sempre seleccionar um ambiente em que notámos que as coisas funcionaram melhor, e esse processo ainda esta em curso. Mas, trata-se de um projecto muito aliciante nesse sentido, trabalhar em improvisação em diferentes ambientes, aos que os músicos de jazz não estão habituados, como o house music, o drummer bass, e mesmo outras linguagens com a mesma raíz, mas que possuem outra notoriedade hoje em dia. As pessoas estão habituadas a ouvir Dj's, a fazerem o seu trabalho e acho que o que transpareceu neste projecto foi fascinar os espectadores nesse sentido, verem como as coisas são tocadas, em que os sons não são todos adulterados. Esse também tem sido o fascínio, para mim, a pesquisa de sons de outros universos.

 

 

Quantos temas fazem parte do álbum?
PG:Estamos a pensar numa hora. Normalmente fazemos um set seguido sem pausas, não são canções, nem temas, é uma viagem, o que aconteceu ali foi mágico e único.

Quando deram o vosso primeiro concerto qual foi a reacção do público? Em particular, os amantes de jazz devem ter considerado quase uma heresia misturar este tipo de sonoridades com música associada normalmente as discotecas.
PG:Eu acho que a reacção foi muito positiva, em particular na Madeira, o jazz não atingiu ainda a maturidade que já possui em outras paragens. As pessoas ouvem por norma os standards, temas do cancioneiro americano e o jazz já não é isso hoje em dia, esses temas tiveram a sua época, continuámos a toca-los e recria-los com novas roupagens, mas o conceito de jazz tem a ver com esta comunicação, com o diálogo. A reacção do público foi óptima, porque é fresco e diferente, ficaram curiosas e algumas boquiabertas.

No final dos concertos o que vós diziam?
PG: Que nunca ouviram nada assim, dão-nos os parabéns, perguntam muitas vezes pelo processo de pesquisa de sons. É delícioso espicaçar a curiosidade das pessoas. Temos tido momentos fantásticos.

Então como é fazes a pesquisa desses sons inusitados? Desde as tampas de panelas e outros afins, não fogem um pouco destes dois estilos, o jazz e a música electrónica?
PG: Em relação à música de discoteca não concordo que fuja, porque fiz uma pesquisa de sons para chegar até os que oiço que normalmente estão no formato electrónico. Encontrei-os através de objectos físicos, panelas, caixinhas de música, coisas diferentes.

Tem também repercussão.
PG: Sim, o Duarte Salgado trouxe essa outra componente interessante, quando se fala de repercussão as pessoas pensam em congas, então ele trouxe tábuas, um instrumento indiano.

Então como é que isso tudo se insere nestas duas vertentes?
PG:Eu acho que perfeitamente. Em relação ao jazz insere-se na forma como nos oferecemos perante o que esta a acontecer. Acho que é muito isso, estamos aqui sem qualquer preconceito, ou juízo moral e vamos conversar uns com os outros, daí se chamar jazz esta forma de estar, em relação a música electrónica, eu acho que é esse o rumo que as coisas estão a tomar. Da minha parte tenho reproduzido sonoridades com música acústicos, é um grande trabalho de pesquisa, que não começou apenas com este projecto, vem de alguns anos e daqui a outro ano provavelmente virei a desenvolver melhor este conceito num outro projecto. O eletrustic é o culminar de alguns anos de pesquisa musical.

Essa necessidade de pesquisar é algo que trazes sempre contigo?
PG: Sim, ao estudar música aprendemos a gramática, mas é preciso mais alguma coisa, não é só fazer contas. A música para mim é muito mais que isso. É uma necessidade, é um caminho muito meu e é o futuro.

A mistura.
PG: Sim, hoje em dia fala-se de "world music" e não é mais do que isto, adaptar cada vez estas pequenas linguagens e juntá-las todas e fazer com elas coisas bonitas, foi o que tentámos fazer.

Depois desta experiência, qual é o próximo passo?
PG: Os Eletrustic fecham um ciclo com muito alegria, não gosto de chamar o último concerto, mas pelo esta mesma formação não vamos actuar. Podemos ter outros conceitos similares, mas que não se vão chamar eletrustic, porque esse projecto são estas pessoas e a forma como conversam entre si.

Eletrustic porquê?
PG: É a junção de electrónica com sons acústicos.

https://www.facebook.com/Eletrusticband/app_2405167945

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