Quantos temas fazem parte do álbum?
PG:Estamos a pensar numa hora. Normalmente fazemos um set seguido sem pausas, não são canções, nem temas, é uma viagem, o que aconteceu ali foi mágico e único.
Quando deram o vosso primeiro concerto qual foi a reacção do público? Em particular, os amantes de jazz devem ter considerado quase uma heresia misturar este tipo de sonoridades com música associada normalmente as discotecas.
PG:Eu acho que a reacção foi muito positiva, em particular na Madeira, o jazz não atingiu ainda a maturidade que já possui em outras paragens. As pessoas ouvem por norma os standards, temas do cancioneiro americano e o jazz já não é isso hoje em dia, esses temas tiveram a sua época, continuámos a toca-los e recria-los com novas roupagens, mas o conceito de jazz tem a ver com esta comunicação, com o diálogo. A reacção do público foi óptima, porque é fresco e diferente, ficaram curiosas e algumas boquiabertas.
No final dos concertos o que vós diziam?
PG: Que nunca ouviram nada assim, dão-nos os parabéns, perguntam muitas vezes pelo processo de pesquisa de sons. É delícioso espicaçar a curiosidade das pessoas. Temos tido momentos fantásticos.
Então como é fazes a pesquisa desses sons inusitados? Desde as tampas de panelas e outros afins, não fogem um pouco destes dois estilos, o jazz e a música electrónica?
PG: Em relação à música de discoteca não concordo que fuja, porque fiz uma pesquisa de sons para chegar até os que oiço que normalmente estão no formato electrónico. Encontrei-os através de objectos físicos, panelas, caixinhas de música, coisas diferentes.
Tem também repercussão.
PG: Sim, o Duarte Salgado trouxe essa outra componente interessante, quando se fala de repercussão as pessoas pensam em congas, então ele trouxe tábuas, um instrumento indiano.
Então como é que isso tudo se insere nestas duas vertentes?
PG:Eu acho que perfeitamente. Em relação ao jazz insere-se na forma como nos oferecemos perante o que esta a acontecer. Acho que é muito isso, estamos aqui sem qualquer preconceito, ou juízo moral e vamos conversar uns com os outros, daí se chamar jazz esta forma de estar, em relação a música electrónica, eu acho que é esse o rumo que as coisas estão a tomar. Da minha parte tenho reproduzido sonoridades com música acústicos, é um grande trabalho de pesquisa, que não começou apenas com este projecto, vem de alguns anos e daqui a outro ano provavelmente virei a desenvolver melhor este conceito num outro projecto. O eletrustic é o culminar de alguns anos de pesquisa musical.
Essa necessidade de pesquisar é algo que trazes sempre contigo?
PG: Sim, ao estudar música aprendemos a gramática, mas é preciso mais alguma coisa, não é só fazer contas. A música para mim é muito mais que isso. É uma necessidade, é um caminho muito meu e é o futuro.
A mistura.
PG: Sim, hoje em dia fala-se de "world music" e não é mais do que isto, adaptar cada vez estas pequenas linguagens e juntá-las todas e fazer com elas coisas bonitas, foi o que tentámos fazer.
Depois desta experiência, qual é o próximo passo?
PG: Os Eletrustic fecham um ciclo com muito alegria, não gosto de chamar o último concerto, mas pelo esta mesma formação não vamos actuar. Podemos ter outros conceitos similares, mas que não se vão chamar eletrustic, porque esse projecto são estas pessoas e a forma como conversam entre si.
Eletrustic porquê?
PG: É a junção de electrónica com sons acústicos.