Um programa de humor que “joga” com os preconceitos dos portugueses. A não perder.
A SIC radical tem um mérito que é a aposta numa programação ousada, com novas caras, em particular na comédia muito no limite. Quase ao roçar ao mau gosto, sem o ser. O programa preto no branco, de Rui Sinel é disso exemplo. É o humor negro por excelência, tão negro que tanto o apresentador, como o realizador se vestem quase sempre de preto. Ele joga com os estereótipos e os preconceitos que fazem parte da sociedade de uma forma muito bem conseguida. Este humorista escreve sketches humorísticos com temas controversos, como em um dos episódios em que “goza” com uma pessoa deficiente, ou quando decidi saltar o muro de um cemitério e fazer comédia nesse espaço. E aí ele questiona o telespectador, porque não? Porque não fazer rir num local tão sério? É um risco, a fronteira é muito difusa entre o ter graça e fazer a piada de muito mau gosto, mas a comédia é um terreno profícuo para este tipo de dilemas. Gosto do programa. Muito até. A forma como a câmara é utilizada, a tiracolo confere-lhe ainda mais o tal estilo radical que fez a fama deste canal de televisão. Faz-me lembrar o Lars von Tries, que filma dessa forma. Mesmo na escolha de alguns dos temas, o programa sobre os deficientes, remete-nos para os idiotas do cineasta dinamarquês, embora não seja uma cópia, pode ter havido essa influência. No geral, o programa é muito bom, mas não é para qualquer tipo de público, mas isso nem se questiona.