Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

h facebook h twitter h pinterest

A viagem por vermeer

Escrito por 

  

Uma ida revisitada à Delft por causa de um homem com uma obsessão.

Quando visitei à Holanda uma das minhas paragens preferidas foi Delft, para conhecer a cidade, mas sobretudo para visitar os locais onde viveu e morreu o pintor Veermer, foi inclusivé até o pequeno museu local e ainda tive tempo de avistar a fachada da casa onde pintou algumas das suas mais famosos obras-primas. Isto sem falar do famosso Rijskmuseum onde deliciei-me durante horas com as grandes obras pictóricas dos mestres holandes, ele incluído.

E para aqueles que não sabem, Johannes Vermeer tem sido alvo de acaloradas discussões académicas e artistíscas ao longo dos anos por causa do quase inexplicável e misterioso hiperrealismo dos seus quadros. A pergunta que muitos se fizeram é como é que o Vermeer o conseguiu em pleno século XVII? Philip Steadman professor de arquitectura e o artista David Hockney defendiam que a precisão de alguns do pormenores das suas pinturas advinham de algum tipo de cámara obscura, ou equipamento óptico de grande dimensão que lhe permitia aceder aos mais pequenos detalhes para poder criar algumas das suas famosas cenas domésticas, contudo não passavam de teorias até bem pouco tempo.

 

 

Curiosamente, há alguns dias deparei-me com uma entrevista esclarecedora e curiosa sobre um documentário intitulado "Tim's Vermeer", sobre um americano, Tim Jenison, inventor e empreendedor que movido por uma grande paixão pelas obras do artista holandês, aliada a sua curiosidade natural e uma persistência obsessiva, descobriu a resposta para o insólito metódo de Vermeer: uma lente e um pequeno espelho angular, ou seja, a lente foca a cena que se pretende pintar, mas como o que é reflectido acaba por ser projectado ao contrário, de cabeça para baixo, um pequeno espelho próximo do rosto do artista volta a inverter a imagem com a precisão desejada. Eureka! E em retrospectiva será que precisavámos mesmo de ter sabido o como? Não retira de alguma forma o mérito ao pintor? Cabe a cada um de nós responder a essa questão da forma que entender, para mim, a resposta é simples, não! Quando olhámos para qualquer obra-prima da pintura, independentemente do autor, ficámos fascinado pela beleza quase sobrenatural das telas, são quadros que tocam quase ao divino, pelo menos aos olhos de uma simples mortal, como é o meu caso. No entanto, se pensarmos bem, elas não resultaram apenas de um rasgo de genialidade, por detrás de cada uma delas estão muitas horas de estudo e trabalho. O facto de Vermeer ter usado um subterfúgio para melhorar os seus quadros em nada o diminui, muito pelo contrário, as cores, a forma como a luz é capturada e o enquadramento das cenas resultam da sua interpretação pessoal e de um esforço diário quase tão incansável como o de Jenison. É verdade que acaba com uma certa ideia romântica do génio, mas como dizia um professor meu na faculdade, 10% é talento e os restantes 90% é de muito suor. Agora, da próxima vez que revisitar Amsterdão, vou olhar para a o quadro "a leiteira" ou "a aula de música" com um outro olhar inteiramente renovado.

Deixe um comentário

Certifique-se que coloca as informações (*) requerido onde indicado. Código HTML não é permitido.

FaLang translation system by Faboba

Eventos