Desse passado áureo da história lusa, resta apenas o panteão dos reis e as sepulturas de duas das figuras fulcrais desses tempos, o comandante Vasco da Gama, descobridor do caminho marítimo para as Índias e o poeta Luís Vaz de Camões, que descreveu magistralmente em verso a epopeia portuguesa, que repousam nas alas laterais da entrada da nave central da Igreja. O que nos atrai neste edifício para além da beleza estética da sua fachada e do seu interior, é a sua intrincada decoração, esculpida na pedra, que nos remete para os achados desses novos mundos, as especiarias, as novas plantas, os animais exóticos, os símbolos dos navegantes, tudo nos remete para os descobrimentos portugueses, no que viria a ser mais tarde designado como estilo manuelino. O mosteiro dos Jerónimos chegou até os nossos dias como sendo um ex-libris dessa nação aventureira que se fez as águas povoadas de monstros lendários e sereias encantadas em busca de outras paragens, outras culturas e claro a tão almejada riqueza que o reino ambicionava para os seus parcos cofres. Não parece por fora, mas é um monumento dantesco por dentro, os seus claustros enceram jardins, onde se respira a serenidade tão desejada pelos monges para a oração e meditação espiritual, que na minha modesta opinião, devia ser muito difícil de obter já que uma pessoa "perde-se" na contemplação dos rendilhados arquitectónicos que decoram as abóbodas. O que sempre me fascina destas visitas é que tal como eu, algumas das personalidades mais majestosas e importantes do reino, calcorrearam estes mesmos passadiços e embora não já estejam presentes, deixaram a sua marca nestas mesmas pedras gastas pelo tempo.





