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Os highlanders

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É a segunda parte de um períplo pelo país dos escoceses, mais à norte, quase onde a terra também termina e o mar gelado começa.

Quanto  à  Escócia, o que posso dizer?  Bem, em primeiro lugar que os seus metereologistas são as pessoas mais optimistas que conheci. Dizem sempre que vai fazer sol, mas tal facto é apenas uma miragem para quem provém de Portugal. Em quase duas semanas de estadia, vi o sol raiar apenas em uma ocasião e meia. O que sim posso garantir, em pleno Agosto, quase todos os dias, é o trespassar de uma forte brisa pelo território, o vento frio do Norte. Quanto as fotos das paisagens, posso adiantar desde já que não ficam grande coisa, porque não fazem justiça à beleza dos seus montes e seus dos lagos. Os locks são ladeados de uma vegetação intensamente verde , (se me permitem a redundância) luxuriante e povoada de densas névoas matinais. Devo assinalar também, que ao igual dos restantes mortais, não vi o monstro de lock ness e bem que esperei sentada  pela sua aparição por um par de horas. Os vales são o pasto ideal de ovelhas e famosas vacas angus que pululam estas paisagens, apenas recortadas pelos precipícios rochosos de onde se avista o mar. Há imensas ruínas de castelos abandonados ao longo da costa, fantasmas estáticos de um passado mais bélico, um esqueleto dissuasivo de potenciais invasores que permanecem de pé, apesar das agruras do tempo e do desaparecimentos dos respectivos clãs. As agrestes montanhas são semi-cobertas por um manto cor violeta, uma planta selvagem resiliente, que chamam de heather, urze em português, que tem um carácter muito especial para os escoceses, embora não a seja a sua flor oficial, quando um highlander deixa a sua terra, arranca um pequeno molho do solo e leva-o consigo para outros novos mundos, é um pouco da sua Escócia amada que transporta junto do coração. É lindo não é?

Quanto ao povo, que posso mais acrescentar? Já referi que são um dos povos mais simpáticos que conheci? E ah, tem uma verdadeira obsessão por leilões, é verdade. Se existe algo que os escoceses gosta de fazer é licitar objectos de toda a espécie e feitio e não exagero. Pode-se adquirir o recheio de uma casa nestes locais, é aliás, um dos passatempos preferidos para o fim-de-semana,  Assisti a um onde uma esposa enganada leiloava, como vingança, tudo o que recebeu no casamento inclusive o vestido de casamento, como soube de tal? O leiloeiro faz questão de contar estes pequenos pormenores intercalados com notas de humor, esse também é outro dos atractivos destes locais, as histórias que desvendam sobre os objectos em leilão. E fazendo jus ao evento, vou relatar um pequeno percalço que tive logo na minha primeira visita, ao passar pelo corredores esbarrei na porcaria de uma leão de porcelana verde, que parecia mesmo a mascote do sporting. Foi horrivel! Toda a gente a olhar para mim e o leiloeiro teve a amabilidade de lembrar que nada trazia mais azar a uma futura proprietária do que levar para casa um peça rachada, claro que toda a gente se riu! O que vale é que o tal leãozinho não valia nada e felizmente não me cobrou um cêntimo. Só de pensar que tinha de pagar por uma peca tão feia logo na minha primeira semana dava-me cabo do sistema nervoso. É o que digo, estes escoceses são uma simpatia. Esta conversa toda para quê? Para salientar uma outra característica deste povo. Eles adoram comprar porcelanas de todos os tipos. As pecas que eu vi, ao meu ver, não valiam o esforço! Mas, elas em particular, não partilham dessa minha opinião. As pessoas aqui compram compulsivamente todo o tipo de porcelanas. Adoram " bargains". Outra idiossincrisia deste povo é o de decorarem as casas com diferentes papeís de parede em todas as divisões da casa, é um festival de padrões, cores e motivos que me deixaram um tanto quanto perplexa, porque havia papel até na casa de banho e cozinha, algo que pode parecer estranho para os povos latinos, habituados a pintar apenas as paredes de várias cores, mas que é comum nas casas escocesas. Um evento que aconselho vivamente, são os jogos dos highlanders. Os homens mais fortes da Escócia, sem exageros, numa espécie de olímpiadas locais, enfrentam várias provas de força, atiram troncos de árvores, lançam bolas de ferro e lanças feitas de madeira muito pesada, vestidos com kilts! E, com muita pena minha devo dizer, todos tinham calções de licra por baixo destas vestes ao contrário da tradição. Para a minha sorte, o príncipe Carlos estava mesmo entre os convidados ilustres que assistiam acompanhado pela sua Camilla e no final procedeu a entrega dos prémios. Foi um fim real, para uma viagem realmente maravilhosa.

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