Quase 95 anos depois, o Portinho é palco de uma iniciativa popular, pacífica, que envolveu várias pessoas, através de várias actividades de cariz artistico, um almoço comunitário e música, organizado por Andreia Nóbrega, que afirma que, "decidi tomar esta iniciativa no ano passado, porque estive cá e notei algumas máquinas no terreno que estavam paradas, apercebi-me que há um projecto imobiliário, que é um hotel, que me deixou descontente. Falando com pessoas, amigos e família notei que este sentimento não é só meu, é de muitos. Os madeirenses sentem que os seus espaços naturais estão a ser todos ocupados, especialmente à orla marítima costeira e é demais. São muitas áreas ocupadas por projectos que não são muito pensados, são mega-empreendimentos, tudo muito concentrado e apropiam-se da costa. Não estou a fazer uma manifestação, é uma concentração de pessoas que pensam o mesmo, que gostam deste espaço e gostam de usufrui-lo, porque não sabemos quando será ocupado. O que se pretende é usar ainda algumas áreas que são nossas". Quanto as alternativas para esta zona, refere que, "preferia que não houvesse alternativa, que não fosse construído nada. É impensável. Como esta é o ideal".
Já Sérgio Urbano, outro dos rostos deste evento, considera que, "há o projecto de um mega-hotel que esta aprovado na Câmara Municipal de Santa Cruz desde 2011, inclusivé foi à edilidade para obter mais dados e não tinham, o mesmo se pode dizer da direcção regional de Portos e outras entidades relacionadas com o gestão da orla costeira. O Portinho é um espaço natural lindissímo e queríamos sensibilizar as pessoas para esta zona que esta abandonada. É uma iniciativa que envolve pessoas lindas, de forma pacífica e comunitária. No fundo queremos documentar este espaço para que não se perca na memória, já que não existem registos bibliográficos. É um lugar com história, vão destruir tudo para construir um hotel que não se insere nesta zona, isto vai ser um projecto de cimento e betão. Deveria estar mais enquadrado na paisagem, da história que também é nossa e que se vai perder".