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Reduzir poluição luminosa para salvar aves marinhas

Written by  SPEA ft Joaquim Teodósio

A Poluição luminosa na Madeira que afecta, em particular, os juvenis das aves marinhas será alvo de mais uma campanha liderada pela Sociedade Portuguesa de Estudo das Aves (SPEA),  entre os dias 26 e 30 de Outubro e ainda, será alvo de estudo através de um novo projecto Interreg EElabs.

Esta campanha, com a duração de um mês, é lançada todos os anos entre outubro e novembro para sensibilizar a população e várias entidades para a problemática da poluição luminosa e como esta afeta as aves marinhas. É neste período que as cagarras juvenis tendem a ser atraídas pela iluminação artifical e, desorientadas e encandeadas, colidem com edifícios, linhas elétricas e veículos.

Além da sensibilização da população, foram contactados os vários municípios da Região no sentido de reduzirem a iluminaçao pública, principalmente na semana crítica entre 26 e 30 de outubro. “Este período coincide com uma maior taxa de saída de juvenis que, devido à sua inexperiência, são mais sensíveis e atraídos pela iluminação”, salienta Cátia Gouveia, coordenadora da SPEA Madeira. Hotéis e edifícios localizados na área costeira são também convidados a aderir à iniciativa que procura reduzir o número de aves afetadas.

Anualmente, cerca de 200 aves marinhas são registadas como vítimas da poluição luminosa. No entanto, apenas algumas destas aves chegam a ser encontradas, resultando em dados pouco representativos da totalidade de aves vítimas desta ameaça.

As aves encandeadas costumam ser identificadas no litoral das cidades, em promenades e passeios marítimos, ou locais sobreiluminados, aparentemente desorientadas. Assim, para o salvamento das aves marinhas, a SPEA Madeira alerta as Câmaras Municipais, empresas e população em geral para práticas energéticas que não prejudiquem as aves marinhas. Alerta também para a recolha e identificação de aves encandeadas, mediante instruções divulgadas por esta campanha (ver imagem em anexo).

Para a população fica o alerta: se encontrar uma ave, aproxime-se com cuidado, cubra a ave com um casaco ou manta e coloque-a numa caixa de cartão. Deixe-a num local calmo e à noite, liberte-a num local junto ao mar e pouco iluminado. Se a ave estiver ferida, o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza deve ser contactado. Contacte a SPEA (madeira@spea.pt/967232195) com o seu registo. Mais informação ajuda-nos a identificar e corrigir pontos de poluição mais problemáticos.

Sendo a redução da poluição luminosa uma prioridade na Macaronésia, o projeto EELabs dará continuidade aos estudos já desenvolvidos nos arquipélagos da Madeira, Açores e Canárias. “O novo projeto procura medir a contaminação luminosa dos ecossistemas naturais protegidos da Macaronésia através de laboratórios experimentais, com o objetivo de averiguar como se propaga a luz artificial noturna. Para tal serão instalados pequenos aparelhos – fotómetros – que permitirão “medir” diariamente os níveis de poluição luminosa em algumas destas ilhas” refere Miquel Serra-Ricart, astrónomo do Instituto de Astrofísica de Canárias e coordenador do projeto. Este projeto, financiado através do programa Interreg MAC 2014-2020, medirá a escuridão das noites de, pelo menos, cinco ilhas macaronésicas. A instalação destes sensores iniciou-se no passado mês de julho na ilha de Tenerife e La Palma e ainda este ano serão feitos os primeiros testes no município de Santa Cruz e na ilha do Corvo, nos Açores.

Paralelamente, serão desenvolvidos estudos científicos para conhecer de que forma o comportamento das aves é afetado pelo excesso de iluminação e o que permitirá compreender se este tipo de poluição afeta também as cagarras adultas na fase de alimentação das crias, fase onde ocorrem visitas mais regulares às colónias, e se estas visitas estão condicionadas pela iluminação pública, algo que ainda não foi testado.

Aproveitando a experiência de Canárias, onde existe uma “Lei do Céu Escuro” para proteção dos ecossistemas noturnos”, o projeto pretende contribuir para o desenvolvimento de legislação ao nível municipal para regulamentação da iluminação e soluções que visem a eficiência energética com base em melhores práticas, tais como a orientação das luminárias para o solo e sem vidro, para evitar a dispersão da luz, e com temporizadores e redutores de intensidade. Assim como a utilização preferencial de lâmpadas de cor quente, amarela ou âmbar (<3.000K) ou a colocação de filtros. Sugere-se ainda, desligar as luzes durante períodos sensíveis para as aves e nas zonas mais críticas, sempre que compatível com a segurança.

O impacte da poluição luminosa sobre as aves marinhas está bem documentado. O novo projeto Interreg EElabs “Laboratórios de Eficiência Energética”, a decorrer entre 2020 e 2022, pretende dar continuidade aos trabalhos desenvolvidos na Macaronésia na redução desta ameaça que afeta tanto aves marinhas, como por exemplo as cagarras, como morcegos, insetos e outros animais. Em sítios sobre iluminados também a observação do céu noturno fica gravemente afetada, não sendo possível observar as estrelas.

O arquipélago da Madeira tem sido pioneiro na minimização dos impactes da poluição luminosa e, desde 2019, a SPEA tem em curso a campanha Salve uma Ave Marinha. Com maior foco no período mediado entre 15 de outubro e 15 de novembro, ações de sensibilização multiplicam-se pela Região, divulgando um conjunto de boas práticas perante juvenis encandeados pelo excesso de luz e dicas para a redução da iluminação.

Mas sabemos o que causam estas quedas? Como podemos evitar que aconteçam? “As luzes artificiais colocadas na faixa costeira são particularmente prejudiciais aos juvenis”, explica Cátia Gouveia, coordenadora regional da SPEA, parceira do projeto EELabs na Madeira e nos Açores. “Quando estas aves abandonam o ninho, ficam desorientadas, o que pode conduzir à colisão contra infraestruturas, serem atropeladas, tornarem-se presas de cães e gatos e até perecerem por desidratação”.

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