“Desenho sem fim”, de Rui Chafes, junta-se às exposições de João Cutileiro e José de Guimarães completando, assim, o último ciclo expositivo deste ano do Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG). A inauguração, com entrada livre, está marcada para o próximo dia 08 de dezembro, às 18h00.
Revelar grupos de trabalho inéditos ou menos conhecidos de artistas centrais do panorama artístico em Portugal, contribuindo assim para elucidar e ampliar o conhecimento dos respetivos percursos, tem sido uma das estratégias de programação do CIAJG. Neste ciclo expositivo, em três novas e extensas exposições, especificamente produzidas para o espaço do Centro, lança-se um olhar retrospetivo sobre os anos iniciais do trabalho de João Cutileiro, altura em que, entre Londres e Évora, redefiniu a prática da escultura em Portugal; resgata-se do atelier de José de Guimarães um conjunto de pequenas esculturas nunca antes mostradas que desvelam uma rara prática experimental e processual; e visita-se um dos mais secretos segmentos de trabalho ainda por conhecer como um todo, a produção em desenho de Rui Chafes – luminosa revelação de um imenso e denso universo de fantasmas e formas.
O desenho é na obra de Rui Chafes o lugar do segredo e do intervalo. Surge normalmente em períodos de pausa, mais ou menos longos, na prática da escultura e desenvolve-se ao longo de todo o percurso do artista. Em “Desenho sem fim”, o CIAJG lança um olhar retrospetivo sobre uma produção que começou de forma consistente em 1987 e que prossegue até aos dias de hoje.
De diferentes formatos, sobre papéis diversos, realizados com materiais tão diversos, ortodoxos ou heterodoxos, quanto a grafite, o guache, o chá, o pó do atelier, o pólen de flores ou remédios vários, tais como o mercurocromo ou a tintura de iodo, feitos com uma linha no limite da visibilidade ou com manchas generosas que se expandem na folha de papel, o alargado e extenso conjunto de desenhos reunidos para esta exposição oferece uma renovada visão do trabalho de um artista essencialmente conhecido pela produção em escultura.
Entre a escrita, o método, o pensamento ou o esquecimento, os desenhos de Rui Chafes são, por vezes, exercícios sistemáticos de criação de estruturas ou dispositivos de pensamento a partir de determinada forma e, outras vezes, visões de mundos orgânicos, de entidades vegetais, biológicas ou animais, em que a linha tem a capacidade de se transformar, ou desfazer, convocando forças xamânicas de cura e poderes propiciatórios e divinatórios. Naturalmente ligado aos acontecimentos da vida do artista, estes desenhos surgem como o resultado de uma sismografia, registando os seres, os lugares, as energias, os momentos de felicidade e de desgosto, os dias de frio e de calor, a memória e o desejo, fazendo emergir o passado à superfície do papel ou antecipando aquilo que está por vir.
“Desenho sem fim” tem curadoria de Delfim Sardo e Nuno Faria e poderá ser visitada até 10 de fevereiro de 2019, juntamente com as exposições “Constelação Cutileiro” e “José de Guimarães / Da dobra e do corte”. Recordamos que o CIAJG se encontra aberto de terça a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 19h00. Aos domingos de manhã, a entrada é gratuita.