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InterMEDio retoma sonoridades do mundo

Written by  Rita Pina fts direitos reservados

 

De 23 a 29 de agosto, a Câmara Municipal de Loulé apresenta interMEDio, um evento especial e de edição limitada focado na world music, que pretende fazer a ligação entre o período pré-pandémico e o que se espera que venha a ser o Festival MED quando o mundo regressar em pleno à normalidade.

O retomar da atividade económica e social, em particular as novas medidas mais permissíveis de desconfinamento em vigor desde este domingo, tornam possível a realização desta iniciativa que, de certo, permitirá ao público saciar algumas das necessidades culturais sentidas nos últimos 2 anos, mas também, para os fiéis seguidores do MED, trará novas experiências e vivências musicais únicas, fruto da constante novidade em termos dos projetos artísticos que aqui surgem.
O recinto será limitado, mas enquadrado naquele que é o território do MED e na sua ambiência – o casco histórico da cidade de Loulé, com uma forte presença de elementos do espaço mediterrânico. No entanto, dadas as restrições definidas ao nível da lotação, apenas o Palco Cerca, um dos habituais 10 palcos do festival, receberá espetáculos. Os lugares serão sentados e, durante as 7 noites de programação, estão previstos 2 concertos por noite.
A multiculturalidade musical volta a ser nota dominante e no cartaz do interMEDio, entre os 14 artistas, serão 9 os países representados. Além do espaço para a música nacional e os novos projetos, também as sonoridades originárias de vários cantos do mundo, desde as raízes tradicionais até aos ritmos e fusões mais inovadores, estarão presentes.
Para o diretor desta iniciativa, Carlos Carmo, “o interMEDio será uma excelente forma de retomar a atividade cultural e de animação em larga escala no concelho de Loulé, mas já com os olhos postos no futuro e no reposicionamento que se pretende para o Festival MED”. “Temos novas ideias e conceitos que queremos implementar nas próximas edições, mas, naturalmente, iremos manter o ADN do Festival MED e os pilares que têm feito deste um dos maiores festivais de world music da Europa”, sublinha.
Já o presidente da Autarquia de Loulé, Vítor Aleixo, salienta a importância deste evento intercalar para a recuperação e dinamização da economia local num momento particularmente difícil para os empresários: “É com alegria que anunciamos o Festival interMEDio e com ele um regresso aos grandes eventos, num formato mais restrito e intimista, mas que será um começo promissor e uma boa notícia para todos os envolvidos, não só na atividade cultural, mas também para os agentes do nosso tecido económico. Durante uma semana a cidade irá ganhar uma nova vida, ainda distante do que era antes da pandemia, mas já com uma dinâmica que ajudará aos negócios. Importa dizer que tudo isto é feito com consciência de que a COVID-19 ainda representa uma ameaça e, como tal, todas as condições de segurança sanitária estarão devidamente acauteladas”.

México, Ucrânia, Cabo Verde, Espanha, Angola, França, Argélia e Brasil juntam-se a Portugal nas nações que estarão representadas no Festival interMEDio, um evento intercalar e de edição limitada que, marca o regresso da animação musical focada nas músicas do mundo ao sul de Portugal e à cidade de Loulé.
Estreias no nosso país, alguns regressos a Loulé, concertos especiais que partem de encomendas da organização, parcerias e muitas surpresas da parte de alguns dos protagonistas são as notas dominantes desta edição única do interMEDio. Mas é sobretudo a diversidade e criatividade das sonoridades presentes que constituem o trunfo deste cartaz. Dos dois concertos que terão diariamente lugar no Palco Cerca, um será de um artista português enquanto que o outro terá o carimbo internacional.

O evento arranca a 23 de agosto, com um regresso e uma estreia absoluta. Primeiro são os portugueses VIRGEM SUTA que voltam a Loulé para brindar o público com os seus temas intensos e o seu humor apurado e boa disposição, bem à maneira alentejana. Não é por acaso que esta é uma das bandas que melhor representa a atual geração do pop-rock cantado em português.

A finalizar a noite, os mexicanos KUMBIA BORUKA vão pisar pela primeira vez um palco português. Além de suas composições contemporâneas e festivas, a banda traz uma nova roupagem às cumbias clássicas dos anos 60, misturando-as com influências do reggae, dub, música africana e guitarras psicadélicas. A cumbia peruana, chamada chicha, também não é esquecida. O resultado é uma cumbia híbrida - nueva cumbia - com uma energia latina explosiva. A festa está, pois, garantida.

No segundo dia do interMEDio, 24 de agosto, a noite inicia-se ao som da voz de BUBA ESPINHO, jovem cantor alentejano que traz consigo o legado de várias gerações da música tradicional portuguesa. Natural de Beja, desde cedo que vive e sente a música de raiz intensamente, pela mão do pai, também músico, que lhe transmitiu a importante missão de a preservar. A relação entre dois patrimónios culturais imateriais da humanidade, o Cante Alentejano e o Fado, sente-se quando o ouvimos.

E no campo dos artistas internacionais, neste dia Loulé irá assistir a mais um regresso: os ucranianos DAKHABRAKHA. O coletivo criado em 2004 por Vladyslav Troitskyi, começou por apostar na música folk ucraniana, mas evoluiu para ritmos e sonoridades de todo o mundo, sendo o resultado verdadeiramente inesperado. Os DakhaBrakha são hoje conhecidos pela imensa variedade de instrumentos tradicionais, oriundos dos quatro cantos do mundo, a que recorrem e que assumem o papel principal nas composições da banda. Apesar das raízes ucranianas, o som dos DakhaBrakha ultrapassa fronteiras, assumindo a sua transnacionalidade.

Em 2013 subiu ao palco do Festival MED e no próximo dia 25 de agosto marca presença no interMEDio com o seu novo trabalho. SÍLVIA PÉREZ CRUZ representa uma geração de cantautoras no feminino que tem impressionado o mercado internacional da música. A catalã é, neste momento, uma das artistas mais acarinhadas pelo público e pela crítica de Espanha e Loulé voltará a assistir a um espetáculo da multipremiada artista de Barcelona, desta vez acompanhada pela sua banda.

No final da noite a lusofonia vai estar em destaque num concerto que nasce de uma encomenda para o interMEDio e que junta em palco dois ambientes musicais distintos: as sonoridades urbanas dos subúrbios da Grande Lisboa pela voz de TRISTANY, que transporta uma realidade vivida na primeira pessoa nestes espaços marginais, e a música africana politicamente engajada protagonizado por PRÉTU (antes Chullage), da qual retira samples e junta programações do dub ao batuku, kilapanga, hip hop ou grime.

A voz inconfundível e única de NUNO GUERREIRO irá fazer-se ouvir na sua cidade natal no dia 26 de agosto. O cantor louletano “joga em casa” perante um público que tão bem o conhece e que tanto o acarinha e, portanto, este será certamente mais um momento inesquecível neste Festival. Nuno Guerreiro é vocalista da “Ala dos Namorados” há mais de 25 anos. Com a “Ala” pisou muitos palcos um pouco por todo o mundo e gravou muitas canções que, na sua voz, se tornaram parte do imaginário coletivo. A par disso, Nuno Guerreiro foi investindo numa carreira a solo e é nessa condição que regressa aos palcos, com “Na hora certa” - um disco que é um mergulho para dentro de si mesmo e que terá a sua estreia absoluta em Loulé.

O segundo concerto da noite traz também a música portuguesa com MOULINEX, o alter ego do produtor português, DJ e multi-instrumentista Luís Clara Gomes. Da ciência à arte, da espontaneidade ao formalismo, do orgânico ao artificial, do isolamento à comunidade, Moullinex prospera em interseções. É nelas que cria música que tanto vive dentro dos limites da pista de dança, como permite introspeção ao ser escutada na intimidade dos headphones. Desde contemplações melancólicas na eletrónica à house e disco mais exuberantes, o seu trabalho tem colhido elogios globalmente, quer pelo público, quer pela crítica, principalmente desde que começou a incorporar elementos da world music na sua música.

Os experientes CLÃ podem parecer, à partida, uma surpresa no cartaz do interMEDio. E são mesmo uma vez que prometem trazer a Loulé um espetáculo completamente diferente do que habituaram os seus fiéis seguidores. Manuel Azevedo e os seus companheiros vêm mostrar que são muito mais do que uma banda pop-rock e que conseguem movimentar-se noutros registos e noutras dinâmicas musicais onde cabem várias sonoridades. Até porque o palco é o elemento natural dos Clã, onde a banda encontra o rigor, a irreverência e a energia, reconhecida pela excelência das suas apresentações ao vivo. O espetáculo abre a noite do dia 27 de agosto.

Ainda neste dia, o angolano PAULO FLORES, um dos artistas que fez parte do movimento percursor da Kizomba, sobe ao palco para mais um momento inesquecível para a comunidade africana radicada no Algarve. Após vários anos com incursões por diversos registos, Paulo Flores surge hoje numa bem-sucedida mistura de influências africanas, caribenhas, brasileiras e afro-cubanas. Considerado “ O poeta do povo “ Paulo Flores é um contador de histórias e narrativas que são fiéis depositárias da identidade angolana contemporânea.

No penúltimo dia do interMEDio, 28 de agosto, os franco-argelinos TIWIZA abrem as hostes, numa estreia absoluta em solo nacional. Uma fusão cheia de ritmos de percussão, riffs chaabi e blues do deserto, envolvida em arranjos poderosos e letras envolventes, tudo com espírito rock'n'roll. Acima de tudo, Tiwiza é uma banda que oferece música popular profundamente enraizada no solo africano, ao mesmo tempo que funde tradição e modernidade de uma forma natural. A sua mensagem, veiculada em 3 línguas, é a de uma ancestralidade que proclama a sua sede de liberdade e direito de existir; na luta pela sobrevivência, Tiwiza estende sua crítica à injustiça em todo o mundo.

Naquela que é mais uma encomenda para este evento especial e limitado, os tomarenses QUINTA DO BILL convidam Kátia Guerreiro, Rita Redshoes e Pedro de Castro a juntarem-se em palco para um momento que será único. Com mais de 30 anos de carreira e um conjunto de canções únicas, a Quinta do Bill é indiscutivelmente a maior banda folk rock portuguesa. Os oito álbuns de originais editados provam a diversidade de uma obra que mistura a emoção das baladas com a energia contagiante da folk e do rock. Tendo como lema “fazer de cada concerto uma grande festa”, a banda é conhecida precisamente por atuações inesquecíveis, que perduram na memória de quem os vê ao vivo.

Chegados ao último dia, o Festival interMEDio apresenta o cantautor brasileiro LUCA ARGEL. Migrou para Portugal em 2012, para estudar, e por aqui ficou. Carioca radicado no Porto, é vocalista e compositor dos grupos Samba Sem Fronteiras e Orquestra Bamba Social, com quem divide a alegria de difundir a sonoridade e poesia da música brasileira em Portugal. Na rádio, é produtor e apresentador do programa Boi Com Abóbora, da Rádio Nova Fm (Porto), dedicado exclusivamente à música brasileira. Um músico com samba a correr-lhe nas veias: o seu quarto disco a solo “Samba de Guerrilha”, lançado em fevereiro de 2021, é um bom exemplo disso.

E como não podia deixar de ser o encerramento do Festival interMEDio acontece em festa e ao som dos FOGO FOGO, a banda que esteve na apresentação do Festival MED 2019, no Cineteatro Louletano. O projeto de Francisco Rebelo (baixo), João Gomes (teclas), Márcio Silva (bateria), Danilo Lopes e David Pessoa (vozes/guitarra), tem agitado com incontrolável energia as pistas de dança lisboetas. A banda é uma urgente manifestação de uma cultura que, qual vulcão, está prestes a explodir. Os músicos envolvidos são ultra-experientes, profundos conhecedores dos múltiplos grooves de inspiração africana e atiram-se a funanás e a música de baile de festa africana como se 1987 tivesse sido anteontem. E neste contexto assumem a mais primordial das missões: fazer dançar sem truques, apenas com energia de bpms carregados, com a bateria e o baixo em permanente derrapagem e os sons inspirados na “gaita” (a concertina) a comandarem a identidade melódica.

Os bilhetes já estão à venda em wwww.bol.pt e no Cineteatro Louletano. O bilhete diário tem um custo de 7 euros. Será ainda disponibilizado um número limitado de bilhetes semanais, com um custo de 40 euros.
As portas do recinto abrem às 20h30 e os concertos decorrem às 21h30 e 23h30, respetivamente, apenas no Palco Cerca. O Festival rege-se pelo cumprimento das normas e recomendações emitidas pela Direção-Geral de Saúde no que respeita à pandemia da COVID-19, nomeadamente o uso obrigatório da máscara e o distanciamento social, sendo que todos os lugares são sentados. A lotação é limitada e todos os lugares são sentados.
Todas as informações sobre o evento disponíveis em https://www.facebook.com/festivalmedloule

PROGRAMA

23 agosto
23:30 Kumbia Boruka - México
21:30 Virgem Suta - Portugal

24 agosto
23:30 DakhaBrakha – Ucrânia
21:30 Buba Espinho - Portugal

25 agosto
23:30 Tristany & Prétu - Portugal/Cabo Verde
21:30 Sílvia Pérez Cruz - Espanha

26 agosto
23:30 Moullinex - Portugal
21:30 Nuno Guerreiro - Portugal

27 agosto
23:30 Paulo Flores - Angola
21:30 Clã - Portugal

28 agosto
23:30 Quinta do Bill - Portugal
convidam Kátia Guerreiro, Rita Redshoes e Pedro de Castro
21:30 Tiwiza – França/Argélia

29 agosto
23:30 Fogo Fogo - Portugal/Cabo Verde
21:30 Luca Argel – Brasil

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