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Arsénico cria défice cognitivo nos idosos

Written by  Pedro Frias ft direitos reservados

Valores mais elevados de Arsénio no organismo associados a défices cognitivos em adultos e idosos, são os resultados de mais uma investigação da Universidade de Aveiro(UA).

Quanto maior for a presença de arsénio (As) no organismo humano, pior será o desempenho cognitivo. Esta é uma das grandes conclusões de um estudo UA que analisou 76 indivíduos de com idades compreendidas entre os 62 e os 95 anos e residentes em várias zonas do país. Os habitantes no Alentejo Interior, junto a antigas zonas mineiras, exibiram concentrações de As superiores e desempenhos cognitivos mais fracos quando comparados com indivíduos do resto do país.

“À medida que envelhecemos, as nossas competências cognitivas vão deteriorando. A memória não é tão boa, já não somos tão ágeis de pensamento. Este decaimento é natural e expectável, mas em alguns casos pode ir além daquilo que seria esperado para a idade e escolaridade da pessoa. Nestes casos estamos perante uma condição de défice cognitivo”, aponta Bianca Gerardo, aluna de doutoramento da UA em Neuropsicologia.

A investigadora dedica-se ao estudo dos efeitos de metais pesados e outros elementos potencialmente tóxicos no desempenho cognitivo de adultos e idosos. A doutoranda desenvolve o projeto - “The environmental exposure to Potentially Toxic Elements as a risk factor for cognitive decline and dementia” – em conjunto com os professores Marina Cabral Pinto, Mário Simões e Sandra Freitas da unidade de investigação GeoBioTec (Geobiociências, Geoengenharias e Geotecnologias) da UA e do CINEICC (Center of Research in Neuropsychology and Cognitive Behavioral Intervention) da Universidade de Coimbra, em colaboração com o Laboratório para Química Verde/Rede de Química e Tecnologia (LAVQ/REQUIMTE) da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto.

Mais arsénio, mais problemas neurológicos
Os resultados mais recentes do projeto apoiam a existência de um efeito negativo do As na cognição. O estudo contou com a participação de 76 indivíduos com idades compreendidas entre os 62 e os 95 anos.

Os participantes foram submetidos a um rastreio cognitivo e à colheita de uma amostra biológica (cabelo), para análise das concentrações de vários elementos. Após cruzamento dos dados biológicos e dos dados neuropsicológicos, verificou-se que concentrações mais elevadas de As estão associadas a desempenhos cognitivos mais fracos, sendo este metal o segundo preditor mais relevante do desempenho cognitivo, precedido apenas pela escolaridade.

Adicionalmente, e uma vez que os participantes recrutados eram residentes de zonas geográficas distintas, foi realizada uma comparação entre grupos para avaliar a possibilidade de existirem diferenças significativas ao nível do desempenho cognitivo e das concentrações de As no organismo. “Efetivamente o Grupo do Alentejo Interior (GAI) exibiu concentrações de As superiores e desempenhos cognitivos mais fracos que o Grupo Centro Litoral (GCL), mesmo após controlados os efeitos da idade e da escolaridade”, sublinha Bianca Gerardo.

O GAI foi constituído por residentes permanentes de antigas zonas mineiras associada à Faixa Piritosa Ibérica, onde amontoados de materiais estiveram expostos às condições climatéricas e vão libertando As e outros elementos para os solos, águas e atmosfera. Estes elementos podem entrar no organismo através de diferentes vias, nomeadamente da inalação de poeiras, ingestão de água e alimentos e absorção dérmica de partículas de solo ou poeira.

Estes resultados alertam para os possíveis efeitos dos fatores ambientais na cognição e para a importância que o seu estudo poderá ter no âmbito do declínio cognitivo e das doenças neurodegenerativas. O projeto foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

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