Idosos ajudam cientistas da Universidade de Aveiro (UA) a desenvolver ferramentas digitais contra a solidão.
E se forem os idosos, aqueles que sentem cada vez mais na pele a solidão e o isolamento, a indicarem de que forma o mundo digital os poderia ajudar a sentirem-se menos sozinhos? Este é o grande objetivo do projeto europeu MOAI Labs que, com a presença da UA, através da unidade de investigação CINTESIS, já tem um grupo de idosos a trabalhar lado a lado com os cientistas para juntos encontrarem ferramentas digitais para contrariarem a solidão.
Os Laboratórios de Inteligência Coletiva e Tecnologia Social e de Saúde para combater o isolamento e a solidão das pessoas idosas – assim se designa o Moai Labs – vão usar uma metodologia inovadora - os Living Labs - para caracterizar a solidão e o isolamento dos mais velhos, perceber os desafios que vivem e, com eles, criar soluções digitais inovadoras que ajudem a promover a sua participação social.
“O projeto já está em marcha”, congratula-se Sara Guerra. “A nossa equipa já recrutou um grupo de pessoas com 60 ou mais anos que se sentem sozinhas ou que vivem isoladas e que, ao longo de alguns meses, irão partilhar a sua perspetiva sobre estes fenómenos e orientar o desenho de soluções digitais que possam ajudar a responder aos desafios que vivem”, explica a investigadora do CINTESIS que, a par com Liliana Sousa e Oscar Ribeiro, coordena o projeto no terreno.
As primeiras sessões, designadas de cocriação, “têm como objetivo a partilha de perspetivas, em profundidade, sobre o significado de solidão, e como é vivida e sentida, explorar os diferentes fatores que podem contribuir para que uma pessoa se sinta sozinha e aprofundar as suas experiências sobre os diferentes tipos de solidão”. As sessões seguintes, aponta a investigadora, servirão para explorar necessidades, desafios e soluções, com recurso a ferramentas de codesign. As últimas sessões servirão para prototipagem de inovações tecnológicas identificadas.
As sessões do Living Lab português estão a decorrer no Instituto Superior de Serviço Social do Porto (ISSSP), um dos parceiros da equipa portuguesa, e prolongar-se-ão até janeiro de 2022.
Para além do Living Lab português, representado pela equipa da UA/CINTESIS, o projeto conta com mais dois Living Labs em Espanha e dois em França, que já iniciaram também as primeiras sessões de cocriação. O objetivo será estabelecer o primeiro laboratório europeu transnacional dedicado à investigação, desenvolvimento e inovação para responder a situações de solidão e o isolamento social dos adultos mais velhos, usando o potencial da inteligência coletiva para conceber e criar soluções inovadoras com grande impacto social.