A cidade foi galardoada com um prémio ambiental europeu
O município de Cascais foi distinguido com o prémio "Climate Star", um galardão atribuído pela European Climate Alliance. A organização premiou, assim, o trabalho desenvolvido ao nível da sensibilização e educação ambiental nas escolas do concelho.
Os prémios da sexta edição do "Climate Star" foram entregues na passada semana em Viena, Áustria, e Cascais foi uma das 14 cidades europeias a receber o prémio, num universo de 1.600 municípios concorrentes.
A Câmara Municipal levou a concurso o programa Energy Game, o jogo que nos últimos dois anos tem sido utilizado nas escolas como ferramenta de educação e sensibilização para as questões ambientais, refere a autarquia.
O "Climate Star" é atribuído bienalmente pela Climate Alliance Europe, uma rede de mais de 1.600 municípios e cidades de 24 países europeus que tem como principais objectivos a redução das emissões de dióxido de carbono e o combate às alterações climáticas
É mais uma reflexão sobre o fenónemo da "casa dos segredos".
Recentemente li uma notícia que anunciava à inscrição de 105 mil pessoas para a nova edição do "casa dos segredos" emitido pela TVI. Mais, um campeão de audiências que se adivinha para este início de outono, contudo, o que aflige a maior parte dos cronistas nacionais é que comparando esse número com os dados estatísticos dos alunos que entraram para o ensino superior vence o programa televisivo mais uma vez, ou seja, há mais pessoas a querer ser vedetas instantâneas do que licenciadas. Será o prelúdio de mais uma geração rasca? Parece desanimador, não é? De facto, não podemos esquecer-nos que actualmente vivemos mundo onde se tornou rentável ser famoso sem se fazer nada de especial, ou pelos piores motivos, mostrando a sua faceta mais obscena e decadente, graças aos reality shows que pululam pelos vários canais de televisão por cabo. E nesta matéria, há gostos literalmente para todos!A moda que veio para ficar dos States fabrica, já há décadas, pseudo-estrelas da TV que tudo o que tem de fazer é ser "eles mesmos". Isto sem falar das redes sociais que ampliaram o narcisismo galopante das pessoas anónimas, que publicam todos os dias imagens de si próprios com ou sem roupa, a um ritmo alucinante e pouco saudável.
Chegou-se ao ponto de valorizar o não se ter qualquer aptidão em especial para ser alguém na televisão, ou nos média, bastando para o efeito ser giro, mal-educado e estúpido quanto baste. Então, são estas pessoas que irão liderar o país? Claro que não! Porque esses vão estar entretidos com o número de likes no facebook, a postar imagens no instagram, ou outros sites afins do momento. A comparação, ao meu ver, foi precipitada, porque não teve em conta que estamos afundados numa crise económica que empobreceu as famílias, o que faz com que menos jovens possam ter a oportunidade de aceder às universidades. Segundo, o desemprego é ainda galopante, e não deixa de ser uma realidade particularmente dura para estas novas gerações, que nem sequer conseguem aceder a uma primeira oportunidade para entrar no mercado de trabalho e terceiro ponto, num país sem rumo definido, onde não sabemos o que será o dia de amanhã, onde a nação sonhada não existe, é natural que muitos procurem soluções onde elas não existem, ou que sejam apenas efémeras e fícticias. Por acaso alguém ainda se lembra o nome da pessoa que venceu a primeira "casa dos segredos"?
Eis algumas das tendências deste outono-inverno 14/15 que não vai querer perder.
A Alfândega do Porto foi mais uma vez o local escolhido para apresentar as novas colecções dos designers nacionais, dos quais destaco algumas das peças que fazem parte das tendências para este outono-inverno que se aproxima a passos largos.
Os casacos XXL voltaram e com eles uma parafernália de tecidos bem quentinhos, desde o clássico preto longo até os diversos padrões, há de tudo para o gosto feminino, destaco dois designers cujas peças de vestuários me fascinaram pelo detalhe e pela qualidade do corte, João Melo e Costa e a TM Collection.
Outra das tendências que marcam esta estação mais fria como não poderiam de deixar de ser são as malhas, com peças feitas com pontos muitos largos, ou então desenhos muito arrojados. Deixo dois exemplos, completamente diferentes, Fátima Lopes, que desde sempre apresentou nas suas colecções lãs e Susana Bettencourt que apresenta mais uma vez peças com padrões.
O dourado vai também marcar o cair das folhas deste período. Um dos estilistas que mais apostou nestes tons metálicos na sua colecção, foi Carlos Gil. As peças são combinadas com outros tecidos ou peles e o resultado são coordenados muito luxuosos, para uma mulher que não tem medo de ser arrojada e sensual.
É um documentário de 2006 dirigido por João Dias
As operações do SAAL(serviço de apoio de ambulatório local) foi um serviço de apoio técnico às populações mais carenciadas que viviam em bairros da lata e barracas, que promovia a construção de fogos de habitação desenvolvidos por equipas de arquictetos e engenheiros, que posteriormente eram construídos pelos próprios populares. Esta iniciativa revolucionária, surge no primeiro governo provisório, pós-25 de Abril, delineado pelo então Secretário de Estado da Habitação e Urbanismo, o arquitecto Nuno Portas. O documentário explica todo o processo do SAAL, através dos seus vários intervenientes, desde os arquitectos, os engenheiros, aos moradores e os políticos, todos explicam, do seu ponto de vista pessoal, o impacto que esta iniciativa, inédita em toda a Europa, teve nas suas vidas. É um relato muito interessante, porque foca vários aspectos secundários, mas não menos importantes, deste período da história portuguesa, as reuniões populares onde todos podiam falar publicamente sem medo de represálias, o papel mais interventivo das mulheres na sociedade e um certo caos inerente a uma nova sociedade que estava em construção. É um excelente exemplo de como a união faz a força literalmente, embora, e mais uma vez, de como as constantes lutas pelo poder e os interesses instalados "ajudaram" a interromper o SAAL definitivamente. O director traça, em termos temporais, as várias etapas deste processo e faz um percorrido por alguns dos projectos mais bem sucedidos até a actualidade, e nesse percurso deixa muitas questões ainda por responder. Ao meu ver, é um documento importante para as actuais e futuras gerações de portugueses, porque retrata todo um projecto de habitação social inovador, que na maioria dos casos foi muito bem sucedido. Bom cinema!
Os artistas João Parrinha, Luis de Dios e Xandi Kreuzeder uniram forças para criar Skeleton Sea. Os três são surfistas ambiciosos, que trabalham como um colectivo para comunicar as suas visões do ponto de encontro entre a mãe natureza, desporto e arte. As suas criações têm feito uma excelente contribuição para a sensibilização ambiental a partir da perspectiva daqueles que dependem da natureza para alimentar a sua paixão pelo esporte. E ainda, organizam limpezas de praia e workshop criativos onde as palavras de ordem são reciclar e imaginar.
Quando tem início este projecto Skeleton Sea?
João Parrinha: Começou tudo com a junção de ser artista plástico e surfistas, ou seja, eu antes já fazia esculturas com o reaproveitamento de uma série de materiais que achava e depois juntava para fazer obras de arte. Eu e estes meus amigos surfistas como passámos muito tempo nas praias, vemos acumular-se muito lixo na costa e decidimos fazer qualquer coisa. Montámos este projecto chamado "skeleton sea", em 2005, que visa a recolha do lixo das praias, desses detritos fazemos uma triagem e criámos arte com estes materiais. Realizámos workshops com variadíssimas pessoas e crianças que também queiram participar e é um pouco esta mensagem de consciencialização das populações quanto à poluição e ao lixo que existe nos oceanos.
Como é que funcionan estas limpezas de praias? É uma vez por ano, ou existe um calendário?
JP: Depende um pouco da nossa programação. Temos tido muito trabalho ultimamente e não tem havido tempo para fazer tantas limpezas, mas agora em Outubro vamos recomeçar. Não sei se serão semanais ou mensais, isto tudo se passa na Ericeira, onde estámos sediados, mas já fizemos muitas limpezas por esse mundo fora e estámos disponíveis para apresentar este tipo de projectos. Deslocámo-nos com algumas das peças que fazemos, podemos fazer limpezas de praias e workshops, é o que vamos fazer agora na Corunha.
Um facto curioso sobre as peças é que não reflectem apenas a reciclagem de materiais, mas procuram ilustrar de certa forma animais marinhos em vias de extinção.
JP: Exactamente. Essa preocupação também é grande, temos um atum, por exemplo, que esteve em vias de extinção por ser demasiado pescado e essa é a mensagem que também queremos transmitir. Ter a consciência que estamos a dar cabo disto tudo lentamente, não só com o lixo, mas também com a pesca excessiva de determinadas espécies de peixes que podem estar em vias de extinção.
Nessas acções que decorrem nas praias tem noção do lixo recolhido em termos de pesagem? São toneladas?
JP: Toneladas é muito, mas lembro-me no Brasil de termos recolhido lixo com quatro equipas, durante duas horas, recolhemos uma tonelada e meia e foi uma coisa assustadora. Bem sei que estavámos numa zona muito poluída, era um estuário de um rio, tinha muito lixo correndo com a corrente, que ia parar junto às praias. Por exemplo, numa praia "normal" onde chegámos e não vemos à primeira vista muito lixo, com uma equipa de 50 a 100 pessoas durante duas horas, em sacos de lixo de 100 litros, apanhámos à volta de 15 sacos de detritos, mesmo assim. É demasiado lixo para o que seria desejado e nem sequer o vemos muito, a praia parece limpa, mas a pouco a pouco vamos apanhando entre as pedras e a quantidade é enorme.
Os portugueses estão entre os cidadãos da Europa que mais poupam água segundo o eurobarómetro, da Comissão Europeia, sobre questões ambientais.
Cortar no consumo de água tem sido uma das medidas adoptadas com cada vez maior frequência pelos portugueses para proteger o planeta. De acordo com os dados divulgados este mês pela Comissão Europeia acerca da postura da população dos 28 Estados-membros neste âmbito, Portugal é o país onde os habitantes mais têm investido na redução do desperdício deste recurso natural: 63% dos inquiridos dizem ter cortado este consumo com o objectivo de amenizar danos ambientais. Esta percentagem coloca os portugueses muito acima da média europeia - 37% - em termos de poupança de água, seguindo-se-lhes os espanhóis (55%), os luxemburgueses (54%) e os malteses (52%). Entre os países que menos se preocupam com a adocção desta medida estão a Suécia (18%) e a Estónia (18%).
Outros comportamentos privilegiados pelos portugueses inquiridos são a separação do lixo doméstico para reciclagem (71% dizem tê-lo feito no mês anterior à realização do questionário, uma valor apenas 1% inferior ao da média da União Europeia) e a redução do consumo de energia através de gestos que passam, por exemplo, por não deixar aparelhos electrónicos em stand-by. Em termos de diminuição de gastos energéticos, Portugal está mesmo, e novamente, acima da média da Europa, em geral, 52% dos europeus afirmam ter começado a adoptar esta solução como forma de proteger o ambiente, ao passo que 60% dos portugueses asseguram já ter este cuidado. Pela negativa, o nosso país integra a lista daqueles onde os habitantes menos apostam no consumo de produtos locais (20%, contra uma média europeia de 35%) e menos optam por formas ecológicas de viajar como andar a pé, de bicicleta ou de transportes públicos (25% em Portugal contra 35% na Europa).
A Comissão Europeia destaca que este Eurobarómetro chega três anos depois da realização do primeiro inquérito do género e que "não há indicação de que as preocupações dos Europeus em relação às questões ambientais tenha diminuído durante esse período de tempo". "As mais sérias preocupações estão relacionadas com a poluição do ar e dos oceanos, com o desperdício gerado na União Europeia e com a destruição dos recursos naturais", que consta do relatório. O documento acrescenta ainda que,"o impacto dos químicos usados diariamente na saúde também é fonte de grande preocupação para os Europeus", uma tendência que é, no entanto, contrariada por Portugal, onde esta preocupação é de apenas 26% dos inquiridos a dar-lhe prioridade.
As conclusões do Eurobarómetro baseiam-se num questionário conduzido pelo TNS Opinion & Social Network nos 28 países da União Europeia entre 26 de Abril e 11 de Maio de 2014, ao qual responderam 27.998 cidadãos oriundos de diferentes grupos sociais e demográficos por meio de entrev istas realizadas em casa, cara a cara, nas suas línguas nativas.
Esta é segunda parte da minha viagem pelos mercados, só que desta feita vou falar de alguns espaços nacionais.
Este é um texto de continuidade que me parece justo tendo em consideração que o anterior abordava os mercados que mais gosto na Europa. Agora, chegou a vez de falar dos do meu país à beira mar plantado. E comecemos pelo Norte, do qual destaco uma espécie de mercado, que acontece em Valença do Minho, uma localidade junto da fronteira com Espanha. Trata-se de uma cidade medieval que possui um misto de comércio aberto ao público e bancas improvisadas, onde se vende de tudo para a casa, desde mantas, colchões, lençóis de linho, ouro e vime. O mais curioso é que tudo isto acontece dentro das muralhas da fortaleza antiga, basta percorrer a calçada em pedra e porta sim, porta sim, vendem-se de tudo um pouco. O contraste entre o cinzento das rochas emparedadas e as cores dos tecidos e das gentes é um apelo profundo a uma visita. Para além da sua beleza arquitectónica, Valença do Minho é visitado tradicionalmente por hordas de espanhóis em busca do seu apelativo comércio tradicional.
Descendo chegámos à cidade do Porto e a um dos mercados ao ar livre mais irreverentes da metrópole, bem no centro historico, nas Fontaínhas, a chamada feira da Vandoma, que surge precisamente por iniciativa de estudantes universitários, nos ano setenta, que pretendiam vender alguns dos seus pertences. Não há nada mais genuíno do que este mercado de objectos usados. Um aviso à navegação, se quiser vender alguma coisa tem de chegar mesmo muito cedo para conseguir um pequeno espaço, ou se quiser comprar alguma coisa de jeito. Tudo desaparece num ápice logo pela manhã bem fresca. Se for de visita leve o seu tempo, mas prepare-se para ter de procurar durante muito tempo sítio para estacionar. É dos mercados mais ruídosos que conheço, onde se podem ouvir todo o tipo de improprérios à moda do Porto e onde se podem encontrar verdadeiras pechinhas, como sabe, o lixo de uns é o tesouro de outros. Prepare-se para negociar e potencialmente ser enganado! Pois, é. Olhos bem abertos. Nem tudo o que reluz é ouro.
A sul, na capital do nosso país, em Lisboa, há um mercado que merece sempre a minha visita nostálgica, o mercado da Ribeira, localizado no cais de Sodré. Vale o períplo nem que seja pela beleza de um edifício em ferro forjado português e pela diversidade de produtos frescos que vão desde vegetais, ao peixe e a aromática ala das flores, de todos as cores e feitios.
Em Setúbal, um dos mercados que não podem simplesmente perder é o Livramento. Numa terra que vive da faina marítima e para quem gosta de poder apreciar o melhor que o mar tem para oferecer, tem simplesmente de visitar este espaço. Vendem também outros produtos locais, mas o peixe é rei. Outro das curiosidades sobre este edifício com 138 anos de existência é a beleza dos seus murais de azulejos, que retratam cenas do quotidiano português.
A carreira de Paulo de Carvalho pode ser descrita como profícua e diversificada em termos musicais. Do seu repertório fazem parte temas que reflectem momentos importantes da história portuguesa, mas muitos mais havia por descobrir se não fosse o silêncio...
Vamos falar deste percurso de mais de 50 anos de carreira. Houve algo que não fez ao longo do tempo que gostaria de ter feito.
Paulo de Carvalho: Verdadeiramente são 52 anos. Sim, gostaria de fazer tudo. Fazer música com quem gosto, é fundamentalmente isso, com gente da música internacionalmente e não só. Também fazer finalmente o tipo de música que gosto, sem ter qualquer tipo de problemas que tem a ver com a sobrevivência muitas vezes.
E os músicos ao nível nacional?
PC: Já practicamente cantei com todos. Da Mariza, da Rita Guerra, do Carlos de Carmo e quando falámos disto corremos o risco de ser injustos. É uma vida a cantar com companheiros da profissão.
Tem duas facetas que mantém em paralelo que é cantar e compor, existe alguma que prefira fazer recorrentemente?
PC: É assim, nada do que faço é separável da pessoa que sou. Dir-me-a gosto mais de fazer músicas ou de cantar? Gosto das duas, tanto gosto de cantar como de escrever letras para canções, agora depende para quem, o quê e qual é o objecto que cada companheiro pede em termos de música. Para mim não faz sentido compor para fazer CD's, porque eles não passam em lugar nenhum. As músicas só são conhecidas através do "youtube" e de outros canais da internet. A miudagem esta a aproveitar muito bem isso, porque discos não se vendem. Portanto, eu acho que sou uma boa prova do que estou a dizer, porque quase dois em dois anos gravo um álbum e ninguém os conhece, estão na prateleira para quando alguém se lembrar que eu existo.
Mas, o Paulo é crítico das rádios em Portugal.
PC: Não, eu sou crítico em relação a algumas rádios e da forma que as nacionais acabam por funcionar, porque alguém decidir quem é que vai estar dentro do computador para depois uma pessoa na cabine colocar a música que lá esta pode ser injusto. Quando havia programas de rádio de autor, que agora há cada vez menos, eram eles que decidiam o que lhes interessava colocar. Actualmente, são pessoas que nem conhecemos e decidem qual é a música do cantor, ou artista. Dou-lhe um exemplo, na Antena 1 que é dita uma rádio de grande protecção da música nacional, que eu saiba tenho três músicas, uma do último disco que fiz, que rara vezes passa e depois tenho outra velha, que é "depois do adeus" e a "nini dos quinze anos", dá a sensaçao que já morri há uns trinta anos. É disso que me queixo e não me venham dizer que essas músicas que são melhores das que canto hoje, porque não o são. Existem discos meus que não são conhecidos, porque as pessoas não o põem, o público só pode gostar do que conhece.
Quando olhámos para atrás existe um trabalho discográfico de certa forma marcante, de 1985, que é "desculpem qualquer coisinha" que é um disco diferente, na altura polémico. Considera-se um cantor de fusão?
PC: Completamente. Eu acho que a música se fez para misturar e culturalmente gosto muito de trabalhar com gente de África, do rock e é isso que tenho feito a minha vida toda. Talvez esse possa ser o motivo para que não entendam bem o que ando a fazer. Eu não sou um incompreendido, o país culturalmente não é grande coisa.
Quer dizer que se reeditasse esse disco novamente, qual acha que seria a reação do público?
PC: Não faço a mínima ideia. Se calhar não era a novidade que foi na altura, 1985 não é 2014. Depois por outro lado, foi uma surpresa verem-me a cantar fado. Eu já tinha cantado antes, mas aquele por motivos que não consigo controlar, é o disco mais ouvido e tocado. Mas, fado já o tinha cantado e continuo, só que o meio em que nós vivemos, que é a música, é complicado e quer nós queíramos ou não, há novas formas de censura e uma delas é o silêncio e isso se tem passado muito comigo e com outros músicos. Silenciarem o trabalho que vou fazendo é uma forma de censura. Sinto-me censurado nesse aspecto.
De todos os discos que já editou qual é o que de alguma forma o define como cantor e compositor.
PC: É um disco meu com textos só de mulheres e que se chama "Mátria". Ninguém conhece. É um disco de 1992, 93. Vão desde Mafalda Veiga, a Dulce Pontes, a Ana Zanatti, a Maria Rosa Colaço, Maria Barroso, a Rute e a Né Ladeiras.
É curioso que tenha escolhido esse álbum, porque não escreveu nenhuma das letras.
PC: Não escrevi, justamente a ideia foi pedir a mulheres para escreverem e muitas delas nem eram poetas. Tinham textos nas gavetas, muitas vezes nem sequer em forma de verso, ou poema, por exemplo, o texto da Maria Barroso do qual tirei algumas linhas que faziam sentido e fiz uma cantiga. Muita gente ficou espantada, porque não eram poetas. Agora, porque muita gente não conhece esse disco? Não faço a mínima ideia. Uma pequena história sobre um dos temas que esta nesse disco que era o da Dulce Pontes acabou por estar também cantada mais tarde num disco do Ivan Lins, que é um grande amigo, que ganhou um Emmy. Mas, isto ninguém sabe em Portugal, ou diz, pronto, eu estou nesse disco, ganhei um prémio por assim dizer. São coisas que vão acontecendo e chama-se vida, que vai-se vivendo.
Agora, passados estes 52 anos vai lançar um novo álbum?
PC: Não, vou lançar músicas. Estou a aprender com o meu filho, cujo nome artístico é Agir, que é mais fácil fazer duas ou três músicas e coloca-las nas redes sociais e esperar que as pessoas sintam necesidade de ouvir. Isso é capaz de ser melhor do que gravar discos, que é uma despesa enorme e não servem para nada.
O público português é também silencioso?
PC: Não, o público português, como qualquer um, só gosta do que conhece, se não conhece não tem forma de gostar. É isso que se tem passado. Eu, enquanto pessoa do meio musical, não me posso queixar do público português, as pessoas continuam a saber quem eu sou e continuam a conhecer o meu nome. Agora, o meu trabalho não conhecem porque lá esta, os meios de informação estão sempre a falar do mesmo, do "depois do adeus", dos "meninos do Huambo", da "nini dos quinze anos" e para aí. A partir disso nada é conhecido, por isso, é que digo que o silêncio é uma nova forma de censura.
É um jovem designer de moda moçambicano que promete dar que falar.
Tausse Daniel apresentou recentemente a sua colecção primavera-verão 2014 no Portugal Fashion e no Riccione Moda Itália, inspirada em África. Segundo o próprio os coordenados resultam de uma simbiose "com os materiais tipicamente africanos, com a transição de amarelo para o roxo. É uma colecção sofisticada para uma mulher glamorosa e atrevida". De facto, este jovem designer de apenas 22 anos de idade, que já venceu duas edições da Semana da moda de Moçambique, utilizou os padrões de tecidos e a natureza tipicamente africana que aplicou em vestidos de noite e para usar durante o dia. O mais curioso por ventura foram as cavas profundas dos seus decotes, que realçaram a feminilidade dos seus vestidos. A paleta de cores que utilizou foi deveras impressionante, pelo menos, não se ficou pelos básicos que caracterizam muitas vezes os estilistas portugueses. Arriscou e em boa hora. A modelagem em alguns dos coordenados foi deveras apelativo, há muito de haute couture no seu trabalho, contudo, também mostrou peças de vestuário que se podem utilizar perfeitamente no dia-a-dia. É um jovem que promete.
Filinto Elisio Correia e Silva, nascido na cidade da Praia, em Cabo Verde,é poeta e cronista. Foi professor em Somerville, nos Estados Unidos e assessor do Ministro da Cultura de Cabo Verde. Actualmente faz parte da administração da Multilingual School Foundation e foi curador da primeira semana cultural das CPLP(Comunidade dos países de língua portuguesa) que teve lugar na ilha da Madeira.
O que se pretende com esta semana cultural, quais são os objectivos principais deste encontro?
Filinto Elisio Correia e Silva: Este conceito resulta dos CPLP Multilingual Schools que é um projecto que esta ser desenvolvido pela fundação com o mesmo nome e que esta já criada. A matriz assenta em três pontos, modelo pedagógico inovador com as novas tecnologias de informação e de educação, um multilinguismo, ou seja, uma educação baseada em muitas línguas e também o terceiro aspecto, que é o multiculturalismo. Sendo um projecto global, por parte de Portugal, mas não é português, este projecto tenta criar uma diálogo entre as várias culturas. Obviamente que entre os membros CPLP são culturas viradas para a lusofonia, mas há uma dimensão que é global e vamos fazer uma semanas no futuro com outras culturas.
Mas, o objectivo é fazer semanas culturais ao longo do ano em vários países da lusofonia, é isso?
FECS: Em vários países da lusofonia e onde a fundação tenha a oportunidade e privilégio de estar.
É curioso que se esteja a organizar uma semana cultural, numa altura em que a cultura não tem nenhum peso, porquê é assim tão importante?
FECS: É extremamente importante, porque estamos numa conjuntura mundial de crise, creio que temos apostar e investir em factores produtivos não totalmente reconhecidos, a cultura é uma delas. Acho que os nossos países lusófonos tem janelas na cultura, de um enorme potencial de desenvolvimento, temos que colocar-nos em exposição, em diálogo para entender o potencia dos países, inclusivé ecónomico. Daí que aos mecenas, aos patrocinadores estamos a trazer um conceito novo que não é do ar. É preciso investir na cultura como um activo de desenvolvimento.
Como é que se consegue convencer alguns países que a cultura é um activo, quando existem outras necessidades mais preementes?
FECS: Não há nenhuma mais importante que a cultura, a não ser as básicas de sobrevivência, do comer, do respirar e do beber. A cultura deve ser considerada por nós um novo paradigma de produto de primeira necessidade. Uma das razões das crises em que vivemos é porque não reconhecemos esse grande activo, inclusivé económico e muitos empresários e Estados vêem a cultura como um passivo, como um encosto. A cultura merece investimento para que possa promover a economia de um povo.
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