Ailton Pinheiro é produtor do filme, dirigido pela estudante de Cinema e Audiovisual da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), Larissa Santos, natural de Salvador e integrante do movimento de cinema negro Tela Preta. O documentário aborda a representação racial no universo infantil e a maneira como o padrão de beleza eurocêntrico afeta a auto-imagem e auto-estima de crianças negras, revelando a ação silenciosa do racismo na infância.
Fala-me um pouco sobre este filme e como as crianças olham para a sua cor de pele?
Ailton Pinheiro: "Lápis de cor" é um filme diferente dos que falam de racismo, ali é as crianças dizendo como elas se vêem e existe um processo, falando de algo bem brasileiro, que é o embranquecimento das pessoas. Nós podemos ser multiculturais mantendo à nossa identidade e a identidade das pessoas negras que é negra. A gente não pode negar o que é. Isso não significa que acreditemos que temos de trocar de lugar, nós queremos caminhar juntos, mas para isso é preciso uma igualdade de direitos e de oportunidades. O filme trata um pouco sobre isso, como o processo racial no Brasil é perverso ao ponto de uma criança não se ver em algo tão simples como um lápis de cor. Não existe um lápis que simbolize a cor negra, o bege é cor de pele, nunca pode ser a minha cor, ou dessas crianças. Aí elas crescem sem referencial, a sua referência é eurocêntrica. Não tenho nada contra, mas temos de saber quais são os nossos referenciais, porque isso diz muito do que somos, então eu sou uma pessoa negra, com uma herança africana, de alguma forma portuguesa, mas nunca vou ser visto como português. Vou sequer visto como africano, então é um filme trata um pouco sobre esse tema que é o racismo na infância, que não acho que seja peculiar do Brasil. Chegando a Portugal, esta é a primeira vez no vosso país, eu deparei-me com situações naturais, eu sou um negro rasta, é natural que no aeroporto seja parado, porque não sou português e isso esta internalizado nas pessoas. O papel da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) é desconstruir isso, porque é sobre culturalidade, diversidade e caminhar com respeito, com momentos de encontro e fortalecimento de multiculturalidade sem peder a identidade. O filme fala sobre esse padrão que nos querem impôr.
Como escolheram as crianças que aparecem no filme? O que tinha aquele grupo escolar em particular para o terem escolhido?
AP: Aquelas crianças são da família da realizadora do filme, são as irmãs, os primos, são pessoas muito próximas. É um filme que nasce na cabeça dela, com esses questionamentos que ela tem dentro da própria família. Se formos falar das mudanças e no processo do racismo, ele esta dentro da sua casa, aquilo é o que ela vivência quotidianamente, a irmã chegando na escola e sendo chamada de macaca. Aí ela abriu a vida, o íntimo dela, para trazer um retrato das crianças brasileiras, do Brasil todo, elas tem esses pensamento, porque são educadas pela televisão, pelos meios de comunicação a serem o que são, a serem sempre um outro.
Qual é a reflexão aqui, tem-se que mudar a escola?
AP: Nós acreditámos que a educação e a cultura tem um papel fundamental. Nós fazemos arte e o nosso papel fundamental é descontruir os pensamento racistas e de preconceito na sociedade mundial. É necessário que as pessoas enxerguem que a mudança vem da educação e da cultura, mas existe algo central, que para nós é importante, que é o racismo. É algo secular, que não se pode negar todas as atrocidades feitas contra o povo negro e africano. Então a gente precisa voltar para a história e a partir dessa reflexão, dar passos que possa incluir todos de uma forma real e igualitária, que possa caminhar nessa multiculturalidade, então tem essa pluralidade de seguimento de pessoas, que tenha negros, brancos, portugueses, brasileiros, cabo-verdianos e africanos. Para a gente é importante que a cultura seja pensada a partir desse referencial. Aí sim, estamos promovendo essa diversidade, enxergando nessa multiculturalidade essas diferenças e as identidades.
Carlos Mota nasce em Ponta Delgada, Portugal, estudou em Bruxelas, onde se formou em Arquitectura de Interiores no CAD (Centre des Arts Décoratifs e Pintura na École des Arts D'lxelles) e actualmente reside e trabalha em Lisboa. Uma residência artística em Ouro Preto, no Brasil, abriu-lhe as portas do Palácio do Planalto, em Brasília, onde tem actualmente exposta uma das suas obras.
Focando a sua pintura e sendo açoriano, há algo de ilha no seu trabalho?
Carlos Mota: As nossas vivências e o lugar onde estamos sempre transmitem algo. Eu inspiro-me muitas vezes nas paisagens para o abstracto, nunca se identifica verdadeiramente que seja paisagismo. Existem um curador que dizia, que eu tenho um paisagismo contemporâneo, ou seja, no projecto de Ouro Preto, onde fiz uma residência de três meses, inspirei-me na alma daquela zona, nas calçadas, porque eram ricas e no céu, que era magnífico. E depois, usei os pigmentos de Minas Gerais, introduzi a palete de cores deles, através de um professor universitário, gemólogo, que me ajudou a perceber esse esprecto de cores da região. A partir daí eu desenvolvo à minha pintura, geralmente é sempre assim.
O título "great finds" tem a ver com tudo isso, com essa descoberta dos pigmentos, da beleza pujante natural do Brasil e dos cheiros, de tudo o que o rodeava em Ouro Preto?
CM: Eu tive uma exposição grande, chamada "raft" e pensava que este projecto ia continuar no Brasil, mas como cheguei à Ouro Preto para fazer a residência a partir daí "achei" essa região. Na primeira semana encontrei este professor magnífico, o Maurício de Barros, que me pôs ao corrente de tudo o que eram pigmentos, porque é uma região de imensos minérios e aí abri a minha alma e surgiu este título. Não foi a arquitectura, porque é recente, nem o verde, não foi nada disto, à minha inspiração resultou da observação, porque um artista não olha, observa, por isso, observei as calçadas e o céu e todas as formas da "great finds" são esses croquis, com oito paletes de pigmentos da região, onde introduzi o vermelho que não tem nada a ver com o restante espectro de tons. Então, porquê as calçadas? As calçadas, porque é o único ponto, onde hoje em dia, toda a gente passa incognitamente em Ouro Preto. As pessoas passam ali, desde artistas, intelectuais, reis e rainhas, tudo passa agora como antigamente. Os escravos construíram toda aquela cidade, é bonita, é bela, nos inspira e o vermelho porquê? Porque eu acho que a própria cidade provoca paixões e também foco o sofrimento dos escravos que construiram tudo e isso doí, porque alguns amigos meus brasileiros dizem que quando chegam à cidade existe uma dureza.
Como é surgiu o convinte para a peça que esta agora em Brasília, exposta no Palácio do Planalto?
CM: A curadoria de onde surgiu este projecto correu muito bem, foi bem sedimentada, os artistas que estão em residência abordaram um tema que era o Brasil e com interesse para o país e a partir daí se gostam da obra convidam o artista para expôr. A meio da residência recebo um email a dizer que estavam interessados em ter uma obra minha. Eles estão a reestructurar o interior em termos de mobiliário e obras da arte da presidência do Palácio do Planalto, então, eu fui o primeiro estrangeiro a ser convidado. Fui uma grande honra para mim e para Portugal inteiro, creio. Ter uma obra permanente neste espaço, sendo o primeiro estrangeiro, embora exista um Picasso. Foi um presente ao final de vinte cinco anos de carreira, é muito bom.
Uma das definições para a sua pintura, é que pinta mundos oníricos, imaginários, revê-se nessa leitura?
CM: É um imaginário que observo, nunca é um ir para a tela e sonho, não. Tudo o que esta tela tem uma história, por isso, nunca ponho títulos nas obras, coloco só o nome da exposição, porque no meu caso não faz sentido, há sempre uma ligação entre todos os quadros, nesta todos os quadros tem vermelhos.
Uma ilha açoriana transformada num museu ambiental.
A Vila do Corvo, na ilha do Corvo, nos Açores, tornou-se a partir de agora num ecomuseu, uma ideia do Governo Regional que visa recuperar o centro histórico da ilha mais pequena do arquipélago açoriano. E ainda promovê-la como destino turístico para valorizar a sua identidade.
O centro histórico de Vila do Corvo, onde reside toda a população da ilha, cerca de 400 pessoas, foi classificado em 1997 como um "conjunto de interesse público". Tal classificação permite um acesso a um programa de co-financiamento para a reabilitação dos imóveis da vila em 50% a 75%, a fundo perdido.
Para a Secretaria Regional da Educação e Ciência da região, a concretização do Ecomuseu do Corvo constitui "o impulso necessário para a reversão da actual situação de degradação física do núcleo urbano antigo", cita a Lusa.
O desenvolvimento do projecto de reabilitação passa pela instalação na ilha de um Gabinete de Apoio Técnico permanente, que será responsável pelos projectos de reabilitação dos imóveis, sem custo para os proprietários, bem como pela inventariação do património e a criação de uma rede de pontos de interesse cultural.
Um dos meus passatempos preferidos, seja onde for que estiver, é visitar mercados.
É uma das marcas civilizacionais mais antigas da humanidade, são pontos de encontro onde as pessoas se congregam para vender, comprar ou simplesmente conversar e trocar informações. É tudo muito informal e dinâmico e por isso gosto imenso de mercados ao ar livre ou fechados, desde a diversidade das bancas improvisadas, do colorido dos frutos e vegetais, do choque de aromas, da alegre confusão, dos gritos dos feirantes e do eterno rodopio das pessoas à procura do melhor ao melhor preço, tudo é-me imensamente prazeroso. Curiosamente, tenho uma lista de locais que considero os meus preferidos de sempre e que, ao meu ver, merecem uma visita e a ordem não implica qualquer tipo de preferência, apenas obedece a um memorial sensorial pessoal.
Um dos meus espaços preferidos é o Camden Market, em Londres, que já referi anteriormente. É simplesmente gigantesco e podemos encontrar literalmente de tudo um pouco. Há desde artesanato urbano, mobiliário, roupas, livros e alimentos. É simplesmente alucinante. O mais curioso por ventura é o facto de congregar um sem número de nacionalidades em plena azáfama comercial e a minha maior dificuldade foi à escolha, havia tanta coisa gira a preços acessíveis que não consegui resistir. Existe ainda uma área dedicada à alimentação e garanto que há comida de todo mundo, e novamente, o pior foi optar, estive muito tempo indecisa tal era a variedade e os aromas deliciosos que emanavam das bancas, tudo era muito convidativo.
O mercado de flores flutuantes, em Amsterdão, ao longo do canal Singel é outro dos locais que acolhe a minha preferência, porque como qualquer mulher que se preze gosto de flores e plantas. Mais uma vez é impossível ficar indiferente a tanta beleza, a cor e aos aromas, existe de tudo em termos florais e não apenas tulipas, embora se possam apreciar várias espécies fascinantes dessa mesma flor. As holandesas são tradicionalmente grandes apreciadoras de flores e como tal este mercado esta aberto todos os dias da semana para deleite visual e olfativo dos locais e também dos turistas.
Em direcção à Sul, em Roma, temos o Porta Portese, no bairro do Trastevere, que acontece só aos Domingos e que também referi num dos meus textos anteriores. Toda a área é fechada ao trânsito e as barracas improvisadas nos passeios vendem de tudo, é mais um mercado de pulgas, onde se pode negociar os preços. Há uma constante alegre algazarra, típica dos países latinos, onde a vergonha fica de lado e a concorrência é enorme, por isso, não estranhe os apelos constantes dos feirantes.
Em época de férias nada pior do que ver concursos culinários.
Devo reconhecer que por algum tempo não tenho alimentado esta rubrica, por falta conteúdos que valham o meu comentário, contudo, abro uma excepção aos inúmeros concursos de culinária que pululam pelos vários canais de televisão por cabo e devo ser franca, estou tão farta que até me dói o estomâgo. Sempre gostei de ver programas sobre culinária com a Filipa Vacondeus, o Chakall, o Jamie Oliver, a Nigella Lawson e outros tais, onde o cerne não são apenas as receitas, mas o prazer do cozinhar e o comer bem. Ficava sempre com água na boca e imensa vontade de experimentar as receitas no final de cada de um dos episódios. Ultimamente tudo o que se constata é uma corrida quase insana por parte dos canais de televisão para mostrar o formato televisivo mais duro e exigente de sempre em termos de concursos culinários, que garantirá, pensam eles, mais audiências. Estou a falar dos "masterchefs", dos "Gordon Rampsay", "chefs academy", "the taste", "my kitchen rules" e para culminar como se tudo isto não bastasse, temos agora a "guerra dos pratos". De repente este tipo de concursos tornou-se um filão de ouro tão concorrido, diversificado que se chegou ao meu ver ao ridículo, não há mais nada que não inventem, o único de posso afirmar é que depois de ver tanto sofrimento, stress, choro, risos e decepção por parte dos concorrentes, fico sem apetite tal é o meu desânimo. É tudo tão horrível, só vemos pessoas a correr de um lado para outro, com vincos de preocupação na testa e muito suor a escorrer entre tachos e panelas e no fim alguém finalmente vence, exausto. Tira literalmente a vontade de comer seja o que for e de ir até a cozinha experimentar. A sério.
Trata-se de um projecto de criação de música contemporânea portuguesa, no âmbito de uma residência artística, que teve lugar na Ponta do Sol colectivo, em regime intensivo que convocou e associou vários músicos e performers madeirenses em parceria com dois jovens compositores Rodrigo Camacho e Milena Mateus. Um trabalho criativo que culminou em quatro concertos interactivos.
Como Surgiu a Câmara Nova?
Rodrigo Camacho: Primeiro surge pela vontade de participar e criar iniciativas cá na ilha.Veio de dentro. Depois houve a possibilidade de obter apoios e a concretização e realização de todas as condições, a casa que foi cedida pela Câmara Municipal da Ponta do Sol, temos o apoio do Hotel da Vila e o juntar de vontades para algo de extremamente sensível que é criar música contemporânea não convencional. Temos muito material, com longas horas de ensaios e preparação com músicos de backgrounds completamente diferentes, sendo que isto é algo que acontece num habitat extremamente sensível, por isso, é de louvar como a organização tentou sempre conceder todos os nossos desejos e criar todas as condições para que tivesse funcionado.
Mas, como é que fizeram a selecção dos músicos? Que aspectos tiveram em consideração?
RC: Antes de abordar a escolha dos músicos, temos que falar da música original e no tipo de residência que se esta a fazer, Câmara Nova 2014 é um projecto de composição e de performance de nova música portuguesa, sendo que quando se fala deste temática temos de ser originais e não necessariamente inovadores com novo material na tentativa de se despregar de quaisquer directrizes das escolas de música consagradas, não numa de recusa, mas de complementação, de tentativa de acrescento.
Milena Mateus: O Francisco Loreto, que é professor no concervatório de música da Madeira, foi uma grande ajuda. Forneceu-nos uma lista, ou indicou o tipo de pessoas que estariam interessadas em participar num projecto desde genéro de composição e performance e a partir daí juntámos as pessoas.
Outro dos pontos em comum destes músicos é que estão a estudar música fora da ilha.
MM: Estão a estudar fora, ou a trabalhar no exterior.
É um ensaio escrito pelo cronista Vasco Pulido Valente.
Acima de tudo conheço o Vasco Pulido Valente pelas suas crónicas num conhecido jornal português e é essa faceta de analista acutilante do quotidiano de que gosto. Daí é só um passo até este pequeno livro, um ensaio sobre a revolta dos portugueses durante as invasões francesas e quem lê fica com a ideia de que o povo é quem mais ordena e não era nada dado aos tais brandos costumes de que tanto se fala. É curioso, numa altura em que o nosso país se debate com enormes transformações económicas e socias não deixo de perguntar-me por onde andam esses revoltosos que não deixam o seu crédito em mãos alheias? "Ir pró maneta" descreve esse período conturbado da história nacional, de um país abandonado pelos seus governantes e que teve de ser salvo pelo povo e por estrangeiros. Faz lembrar qualquer coisa não é? Boa leitura
Taciana Gouveia, é actual produtora cultural da Casa da Cultura de Santa Cruz, na Madeira. Através do projecto fénix, iniciado em Abril de 2014, ela pretende revitalizar a programação cultural de um espaço que já foi uma referência ao nível regional.
Em que âmbito surge o projecto fénix?
Taciana Gouveia: Eu vim morar novamente para a Madeira e através de um convite da Câmara Municipal de Santa Cruz, foi uma espécie de mútuo acordo, vim trabalhar na área de produção, gestão e medição cultural na Quinta do Revoredo. Daí surge o projecto fénix que foi pensado para esta casa, um local que conheço desde que tinha 9 anos de idade, foi aqui que comecei a pintar com a professora Rita Rodrigues, e dei-lhe esse nome, porque apesar de à partida poder parecer um lugar comum, o que se pretende implementar aqui é uma mudança, é o renascer de toda uma actividade cultural saudável, constante, com validade estética e qualidade. Sendo, que a Casa de Cultura de Santa Cruz nos anos 80 e 90 foi um grande pólo de referência, nomeadamente, sob a direcção de António Rodrigues e José Baptista Fernandes, o projecto surge com esse intuito de desenvolver uma linha de curadoria, com a criação de uma logomarca para a casa da cultura e de uma linha visual gráfica e identitária da Quinta do Revoredo. Para esse efeito foi feito um trabalho exaustivo nesse sentido em parceria com duas designers, a Luísa Oliveira e Luísa Vieira, porque os projectos por melhor que sejam escritos e desenvolvidos se não forem bem comunicados não chegam as pessoas.
Mas, quais são os objectivos principais?
TG: A Casa da Cultura pretende ser um espaço vivo, com uma programação contínua e assídua, mas aberta para a comunidade. A Fénix visa também, partindo desta premissa, o restabelecer as sinergias protocolares com as instituições locais e não só, sabemos efectivamente das dificuldades financeiras da edilidade e quão difícil é trabalhar sem dinheiro, mesmo assim, eu sou apologista de que com criatividade e boa vontade se pode fazer muito e assim foi. Começou-se por fazer obras de reestructuração do edifício, profundas mesmo, recuperam-se fachadas e as paredes que estavam repletas de humidade, devido à proximidade do mar, arrumou-se e organizou-se o espólio, no sentido de tornar os espaços mais amplos e funcionais para que efectivamente se começasse a efectivar toda a programação que temos prevista.
Fala-me um pouco dessa programação que abarca vários pólos.
TG: Sim, tem vários pontos. As exposições cíclicas podem ser das mais variadas manifestações artísticas desde a escultura até a pintura, aqui há espaço para tudo, desde que as obras tenham validade e qualidade estética, o artistas são mais do que bem-vindos e estamos receptivos a novos projectos. Não temos preconceitos em trabalhar com novos artistas desde que o seu trabalho seja bom, até gostámos de promover quem ainda não tem livre acesso aos espaços culturais, essa é uma das valências, é um trabalho que estou a desenvolver ao nível da curadoria. A vertente do serviço educativo é outro dos pólos, é fundamental fazer a tal aproximação da obra de arte/fruidor/espectador. Nesse âmbito, estamos a desenvolver uma série de oficinas criativas, recebemos neste momento dois grupos de crianças, de dois ATL distintos, onde disponibilizámos várias horas semanais para cada grupo e críamos várias actividades nesse sentido. Depois dispomos deste espaço, temos um magnífico jardim, um belissímo anfiteatro ao ar livre, isto sem falar da casa propriamente dita que dispõem de 3 pisos para serem experimentados e vivenciados. O programação abrange alguns projectos musicais e queremos trabalhar com mais, ajudámos a organizar festivais ciclicos, através de co-produção de sugestões que nos queiram fazer e acrescentámos os nossos serviços, desde que se coadune com a missão da casa da cultura. Já foi o caso, tivemos dois concertos ao ar livre, um deles foi um evento solidário, organizado por três docentes do ensino especial do concelho, com o intuito de obter fundos para equipamentos, trata-se de uma área com muitas carências, já que são crianças com necessidades especiais que necessitam de materiais específico e contámos com a presença de muitas pessoas.
Quando assumiste a direcção artística da casa da cultura notaste que havia uma divórcio entre o público e o espaço?
TG: Sim, este renascer de toda uma dinâmica cultural saudável, não desfazendo o trabalho anterior com os fracos recursos que tiveram ao longo destes anos, eu notei isso, exceptuando os eventos pontuais organizados pela escola secundária local. Tomei consciência também, obviamente, que a Quinta do Revoredo já não era uma referência e portanto o projecto fénix tem como missão derradeira reverter essa ideia, atrair cada vez mais artistas e pessoas, queremos trabalhar com a comunidade e estamos com as portas escancaradas nesse sentido.
É um filme de 2004 do realizador Fernando Fragata.
Um dos motivos pelo qual escolhi este filme prende-se com uma certa nostalgia do tempo em que havia cinema português a ser produzido em Portugal. Não estou a ser irónica apenas constato um facto, infelizmente. Mas, vamos então ao que interessa, trata-se de uma longa-metragem de enganos, em que nem tudo é o que parece e quando achámos que já percebemos tudo, surge uma nova variante à história. Parece confuso e é em parte. Existem certas passagens deste "sorte nula" que suscitam algumas dúvidas, por exemplo, afinal quantos amantes tem a Susana? E como é que ela sabe quem é o pai da criança? Contudo, para conseguir compreender este mistério e outros mais basta estar atento, o argumento é inteligente, a montagem é muito boa, porque confere uma grande dinâmica ao filme e a equipa de actores cumpre o seu papel de forma competente. Não diria que é brilhante, é um daqueles filmes óptimos para o verão, diverte e é uma grande oportunidade para rever um grande actor ainda que brevemente, o António Feio. Devo acrescentar que um dos aspectos mais positivos desta longa-metragem, ao meu ver, é a banda sonora, gostei imenso da faixa inicial do Gil Semedo intitulada "lembra tempo" e claro, o tema dos Xutos&Pontapés, que dá o título ao filme e que só bem abrilhantar ainda mais este "sorte nula". Bom cinema.
O projecto TASA desenvolve uma gama de produtos inovadores e sustentáveis em termos de design, com base nas técnicas tradicionais da zona do Algarve e não só. Uma fusão entre o passado e presente que tem acolhido não só a aceitação do público, como prémios e o reconhecimento internacional.
Em que âmbito surge o projecto Tasa?
Sara Fernandes: Surge em 2010 graças a iniciativa da Comissão de Coordenação do Desenvolvimento Regional do Algarve e foi desenvolvido por uma empresa chamada "home project", mas actualmente esta a ser dinamizado pelo "proAciveTur- turismo responsável". O nome indica que são Técnicas Ancentrais com Soluções Actuais, ou seja, funciona como uma rede de artesãos mestres em várias técnicas tradicionais do Algarve como a olária, a tecelagem entre outras, que são conjugadas de forma a dar novo produtos, muito ligada a uma inovação estratégica em comunhão com o artesanato.
Como é que efectuam a selecção dos artesãos, o que tem de ter em consideração na escolha desses profissionais?
SF: Os artesãos que entram na rede tem de ter muita vontade participar na dinâmica, de reconhecer o valor da rede, depois tem de estar receptivos à inovação, à ligação, ao design e experimentar novas soluções, ou novos produtos que são encontrados mediante o ofício que desenvolvem, por exemplo, se temos alguém já a trabalhar a cortiça e precisámos de uma pessoa a trabalhar a cerâmica, conhecemos várias pessoas ligadas a essa arte e a partir daí desenvolvemos o produto. A parte mais importante é a motivação de cada um e o reconhecimento da mais-valia que é este projecto.
Mas, vocês contactam os artesãos e depois uma equipa de designers é que faz essa ponte para os novos produtos é isso?
SF: O projecto esta agora com a proAciveTur, somos uma equipa e dentro desse grupo de trabalho, eu faço parte de marketing e comunicação, existe ainda uma designer de produto, a Joana Martins, que trabalha directamente com os artesãos, junta-se a eles, tenta perceber como trabalham e conforme o que idealizou para à criação de um produto, ou uma gama, ela fala com o artesão de forma a compreender se vai ser possível fazé-lo, se ele acha interessante e a partir daí é que se desenvolve este trabalho. É uma co-criação de um produto entre a designer e o artesão.
Ao todo quantos artesãos constam da rede?
SF: Ao todo temos 13, mas não é um número muito certo, porque estamos numa nova fase, chamada Tasa II, em que estamos a desenvolver 15 novos produtos, em que esta a ser aplicada a mesma metodologia da primeira fase do projecto e estes novos produtos estão a ser desenvolvidos no Algarve, Baixo Alentejo e Andaluzia, por isso, certamente vão entrar novos artesãos e a rede se vai alargar. Os produtos "Técnicas Ancestrais, Soluções Actuais" desenvolvidos no Alentejo, na fase I, vão ser apresentados na II Feira da Dieta Mediterrânica, que terá lugar nos dias 5,6 e 7 Setembro de 2014.
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