Paulo Marques is the creative director of one of the oldest carnival troupes of Madeira. A journey of 26 year made with a lot of imagination, care and dedication that lasts only for a few days, but that make the Carnival and other cultural events, magical moments for later recall.
Tell me a little about the group "geringonça".
Paulo Marques: It is a group that commemorate last year twenty five years of existence, working for regional tourism in Carnival, Flower Festival, New Year and the wine festival. We are in the four posters of Madeira. We follow the guidelines of the regional secretary of tourism (rst) that gives us much of the budget to be able to work throughout the year. And we just do twenty-six years of existence and this is already enough.
Looking back, what do you think of these 26 year journey?
PM: I cannot speak of the 26 years, because I'm here for 10 years. The "geringonça" has emerged from a group of friends who wanted to create a troupe of animation and it was so. We participated each time; we have grown and are currently the only group that enters in four tourist events in the region. It was slowly, but here we are.
How many people are involved in all this kind of events?
PM: It depends. At the level of the carnival we have a team that consists of eight to ten people and then we have coordinators who help us in with the food and makeup. In this carnival we have 137 elements and we have a wing of disabled, there are 10 people in wheelchairs who also parade, because we felt that everyone has the right to have fun. Our motto is "to have fun is with us", but we were happy with all kind of people, we do not exclude anyone. Everyone deserves to have fun throughout the year. In the flower festival there are much more, because we have many children. Two years ago we were a troupe with 208 elements and it is difficult because we have to control them, but can be done with the help of our associates. Incidentally, this all started that way, with a membership, which currently has 95 members. Of course, some have died, others left for personal or professional reasons, but we always have on average 4-5 new members entering the group.
When did you start preparing the Carnival?
PM: It's about 30 days before the parade.
How do you create the choreography? There is a person who works with you on this issue?
PM: No, we are given the music and then together we will elaborate the choreography. This year we decided to do the same for the entire troupe and not by wards. We intend to create a stain effect, where one goes, all go.
The department of tourism is that it indicates the theme every year, how do you develop the process of setting up the costumes?
PM: They give us the theme in October to have leeway to start working. This year the theme proposed is "Madeira magic moments" and thought I could not take just be a moment, so why not explore the island by the sun, our climate is great, also explore the landscape and vegetation and the waters, the sea that baths it. So let's have a wing that represents the sun, other vegetation and the ocean in the end.
How do draw after the costumes?
PM: Once created these wards, we choose the materials, the sea, for example, is represented by silver, blue and then I draw the costumes. We sent the draft to the RST to be approved or rejected, but it never happened be disapproved. The next step is to make an estimate of the elements that each wing will have an idea of the materials and then go to the mainland to buy fabrics. We bring it all back here in November, but then have to stop because we entered the poster of the year-end and we resumed only Carnival between days 3-4 of January.
What was one of the most striking parades since you assume duties?
PM: Each one is different and parade always end up scoring either positively or negatively. It's hard to describe what is the worst or the best.
There are certainly more cartoonish times.
PM: Well, the big day of the Carnival is a very special moment. Then there are parades throughout the island, we go to Santa Cruz, Machico, etc.. Then we go to the hotels and each room is a different time, I really enjoy especially Carnival on Monday, arriving in Câmara de Lobos, the people there are happy and so nice that make us feel very comfortable. We are marching with them clapping, is a constant joy, which turns out to be so contagious that when it finished leaves us a bit disappointed. It is one of the moments that we liked more. The parade on the Avenue of the sea is also very special, with all have those lights, the crowds of people, music and constant photographs make this route a single moment. In the background are all important. It's great to get to the day, see all the people and dressed up and ready to parade with either with sun or rain, always in a good mood and all these are moments that stay.
From all parades you do which is the most difficult in terms of logistics?
PM: The flower festival. We take children and often, they are not the most problematic, the parents are. In a troupe with 200 elements everyone knows that not everyone can go in the front, but there are parents, however, do not accept that and it is complicated and we try to manage this whole situation, it created even a bad environment among the kids, so we decided to prohibit the attendance of parents in the trials. Even to set the clothes, because it was also a mess, with parents in and out of the fitting room and more all know that in a first fit a needle prick, they are basting and children must be still, but they complain and with parents present soon they begin to cry. So we decided to end it that too and parents just drop them and come and get them after an hour and a half. The gates are closed and no one goes out.
Quando é que se começa a preparar o Carnaval?
PM: É cerca de 30 dias antes do cortejo.
Como é que criam as coreografias? Há uma pessoa que trabalha convosco nessa matéria?
PM: Não, é-nos dada a música e depois em conjunto vamos elaborando as coreografias. Este ano decidimos fazer igual para toda a trupe e não por alas. Vamos criar um efeito mancha, para onde vai um, vão todos.
A secretaria de Turismo é que indica todos os anos o tema, como é que decorre então o processo de criação até os fatos?
PM: Eles dão-nos o tema em Outubro para termos espaço de manobra para começarmos a trabalhar. Este ano o tema proposto é "Madeira momentos mágicos" e pensei que não poderia levar só um momento, então porque não explorar a ilha através do sol, do nosso clima que é ótimo, explorar também a vegetação e paisagem e as águas, o mar que a banham. Então vamos ter uma ala que representa o sol, outro a vegetação e no final o oceano.
Como é que desenham depois os fatos?
PM: Depois de criadas essas alas, escolho os materiais, o mar, por exemplo, faz-se representar pelas pratas, pelos azuis e só depois desenho os fatos. Enviámos o projecto para a STM para serem aprovados ou rejeitados, mas nunca aconteceu serem reprovados. O passo seguinte é fazermos uma estimativa dos elementos em cada ala para termos uma ideia dos materiais e depois vamos ao continente comprar os tecidos. Trazemos tudo para cá no mês de Novembro, mas nessa altura temos de parar, porque entrámos no cartaz de fim de ano e só retomámos o Carnaval entre os dias 3 a 4 de Janeiro.
Qual foi um dos cortejos mais marcantes desde que assumiu funções na direcção?
PM: Cada um é diferente e os cortejos acabam sempre por marcar quer seja de forma positiva ou negativa. É difícil descrever qual foi o pior ou mesmo o melhor.
Há com certeza momentos mais caricatos.
PM: Bem, no Carnaval o grande dia do cortejo é um momento muito especial. Depois temos os cortejos ao longo da ilha, vamos a Santa Cruz, Machico, etc. Vamos até os hotéis e cada espaço é um momento diferente, Eu especialmente gosto imenso, na segunda-feira de Carnaval, de chegar a Câmara de Lobos, as pessoas de lá são de uma animação e simpatia que nos deixam muito à vontade. Estamos a desfilar e eles batem palmas connosco, é uma alegria constante, que acaba por ser tão contagioso que quando termina deixa-nos um pouco decepcionados. É um dos momentos de que gostámos mais. O cortejo na Avenida do mar é também muito especial, com todas aquelas luzes, aquelas multidões de pessoas, a música e as fotografias constantes fazem desse percurso um momento único. No fundo são todos singulares. É muito bom chegar ao dia, ver todas as pessoas maquilhadas e vestidas e prontas para desfilar quer seja com sol ou com chuva, sempre com boa disposição e tudo isto são momentos que nos marcam.
Dos desfiles que organizam qual é o mais difícil em termos logísticos?
PM: A festa da flor. Levámos crianças e muitas das vezes, não são eles os mais problemáticos, são os pais. Numa trupe com 200 elementos toda a gente sabe que não podem ir todos á frente, há pais, contudo, que não aceitavam e era complicado gerir toda essa situação, criava até um mau ambiente mesmo entre os próprios miúdos, por isso optámos por proibir a comparência dos encarregados de educação nos ensaios. Mesmo para acertar a roupa, porque também era uma confusão, com pais a entrar e sair da sala de provas e mais todos sabemos que nas primeiras provas há agulhas a picar, há alinhavos e as crianças tem de ficar quietas, mas elas reclamam e se os progenitores estão presentes começam logo a chorar. Decidimos então acabar com isso e os pais apenas vem pô-los e busca-los após uma hora e meia de tempo. Os portões fecham-se e ninguém saí.
