“Musa ensina-me o canto
Venerável e antigo
O canto para todos
Por todos entendido
Musa ensina-me o canto
O justo irmão das coisas
Incendiador da noite
E na tarde secreto
Musa ensina-me o canto
Em que eu mesma regresso
Sem demora e sem pressa
Tornada planta ou pedra
Ou tornada parede
Da casa primitiva
Ou tornada murmúrio
Do mar que a cercava…”
Se Sophia de Mello e Breyner estivesse viva hoje celebraria cem anos de existência e para comemorar a efeméride do nascimento da poetisa e escritora abordo um dos seus livros de poesia, o livro Sexto, de onde sublinho um poema “Musa”, que o maestro Jorge Salgueiro musicou para o grupo coral “Setúbal Voz”. Este pequeno compendio poderá não ser um dos seus livros mais conhecidos, mas aborda os seus temas prediletos que atravessam toda à sua poesia, o mar, a natureza, o amor, o efémero e o etéreo, sempre acompanhados pela beleza da sua escrita quase delicada. Por norma, não sou leitora de poesia, mas uma das exceções vai para esta maravilhosa escritora que primeiro conheci na minha infância através dos seus livros dedicados aos mais novos e depois chegaram as palavras sob a forma poética. A autora, a lutadora politica e a mulher dedico estas palavras singelas e espero que gostem tanto dela, como eu. Parabéns, Sophia.