Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Yvette Vieira

Yvette Vieira

domingo, 30 dezembro 2012 15:42

A espada e a rosa

É um filme do realizador João Nicolau sobre piratas à portuguesa.

É o filme de piratas mais civilizado que alguma vez assisti. O inicio não o denuncia e quando finalmente a personagem principal, o nosso narrador e cantor de serviço, Manuel, o actor Manuel Mesquita, embarca na aventura deste navio inusitado povoado por supostos terrores dos mares, a minha perplexidade é ainda maior. As cenas de convívio entre a tripulação tornam a nossa noção de pirataria ainda mais subjectiva, para não dizer estranhamente omissa. A reviravolta acontece quando um dos tripulantes decidi cometer um acto de traição, que lamentavelmente também não pesquei! É um filme estranho e que só ganha uma certa acção, chamemos-lhe assim, quando os piratas decidem raptar uns turistas. O périplo que encetam para não serem descobertos e que os remete para uma quinta algures no interior do Alentejo, ainda é do mais extraordinário. Eu diria que é um filme de piratas à portuguesa, os ânimos exaltam-se, mas não muito, todos se comportam de forma cordata e educada até que alguém perde as estribeiras de forma civilizada, ou seja, fala sem ser interrompido, as cenas do cativeiro poderiam ter sido hilariantes, os fatos coloridos dos prisioneiros são impagáveis, mas acabam por não ter piada pelo ridículo! Para agravar ainda mais o nosso desconcerto, ficámos sem perceber se trata de um filme de aventura, ou uma comédia, sinceramente fiquei com essa dúvida. Por todos estes motivos, não gostei, talvez porque estou habituada a um universo mais sangrento repleto de personagens vingativas, traiçoeiras, violentas e dissimuladas que caracterizam os piratas do cinema. Bom cinema!

domingo, 30 dezembro 2012 15:40

Island.doc festival

Irá decorrer entre os dias 15 a 17 de Junho na casa das Mudas, na Calheta.

Nesta segunda edição o Islands.doc “assume-se como uma mostra de cinema documental que provoca e questiona o nosso universo. Mais do que esclarecer, pretende ser uma plataforma que incentiva a curiosidade” como sublinha a organização “ubanistasdigitais”.O festival deste ano será palco novamente de estreias nacionais e de documentários premiados internacionalmente que abordam temas como a tecnologia, a criatividade, o design, a música, as tendências, a irreverência e a ciência

Cada dia abrirá com uma secção intitulada “hora local”, onde serão exibidos filmes de vários realizadores madeirenses. Para esta edição foram convidados os cineastas: Eduardo Costa, Filipe Ferraz, as duplas Pedro Sousa & Nuno Rodrigues e Gonçalo Gomes & Ricardo Sousa.

O evento conta ainda com várias iniciativas paralelas, onde o público encontrará um lugar propício para a criação de sinergias em torno dos filmes, sendo uma dessas actividades o workshop de cinema documental com Nino Leitner, cineasta, participante activo da comunidade indie e  divulgador de novas tecnologias e tendências dentro do panorama cinematográfico actual. Outro dos pontos altos deste festival é uma noite de pura improvisação em que a imagem será o fio condutor da viagem sonora. Sem qualquer ensaio, os talentosos músicos Nuno Filipe e Maggiore propõem-se a seguir as directrizes de Filipe Ferraz. De recordar, que o Island. Docs na sua edição zero, organizado por Henrique Teixeira,  homenageou o cienasta, fotografo e pintor William Klein, um dos mais influentes e controversos artistas do século XX. O festival foi ainda palco da estreia na Madeira do documentário “Complexo-universo paralelo” dos jovens cineastas portugueses, Mário e Pedro Patrocínio, a longa-metragem mais vista no nosso país, que teve como pano de fundo o microcosmos social e cultural do complexo alemão, uma das maiores favelas da cidade do Rio de Janeiro, no Brasil.

domingo, 30 dezembro 2012 15:39

História trágica com final feliz

É mais exemplo do novo cinema de animação feito por portugueses que conquistam o mundo.

Independente é quase um termo redundante para caracterizar o novo cinema português. O que ganha prémios internacionais. O que atrai público ao cinema. O que conta histórias. A animação neste contexto é um universo à parte. É como da água para o vinho. É ignorada. É encarada como uma arte menor e como tal tem ainda menos apoios. Mas, também granjeia louvores internacionais. Também encanta, como “a história trágica com um final feliz” de Regina Pessoa. É a segunda curta-metragem desta jovem cineasta que é mais premiada de sempre do cinema português. É uma animação distinta, que deseja, que consegue ser diferente e destacar-se da multidão, ao contrário do personagem principal. Mais, não digo. Deixo o restante ao vosso critério. O que sim posso adiantar é que Regina Pessoa, não é uma realizadora qualquer. Cresceu delineando os seus contos inanimados com carvão, numa aldeia perdida algures no interior de Coimbra. Estudou artes e formou-se pintura, um universo pictórico que se reflecte na sua visão cinematográfica do mundo. A sua odisseia de imagens é a banco e preto, não levem a mal, os nossos sonhos são povoados dessas duas tonalidades, a cor esta na narrativa e na essência de um trabalho sensível e sua dinâmica emociona-nos até o mais profundo da nossa existência. Bom cinema!

http://filmesportugueses.com/historia-tragica-com-final-feliz/

domingo, 30 dezembro 2012 15:38

Filmes de abril vistos em maio

As sessões terão lugar no auditório do Grupo Musical de Miragaia, entre os dias 15 a 19 de Maio.

Os filmes de Abril vistos em Maio, tem, segundo Tiago Afonso e Amarante Abramovici, membros da confederação núcleo de investigação teatral e cultura, este título, porque “quer-se provocador, pois que aqui não veremos o Portugal da Revolução, dos cravos, das chaimites e da organização popular,já que “Brandos Costumes” antecede, e porventura prenuncia o golpe de 25 de Abril, e os restantes quatro filmes são já fruto da ressaca de 1975-76.Veremos sim filmes raros e improváveis, que separadamente e em conjunto nos sugerem um olhar ácido sobre o país mítico e o país real. Filmes lúcidos que talvez nos ajudem a pensar o país de hoje”. Este ciclo de cinema inclui ainda, o trabalho de Solveig Nordlund, intitulado, “Dina e Django”, de 1999. que nos remete para uma juventude perdida, que vai-se desfolhando através da banalidade do quotidiano. “Mudas mudanças” é o períplo de um jovem paralítico pela cidade do Porto, na pós-revolução. É o retrato da uma mudança que marcou toda uma geração para sempre. “O desejado ou as montanhas da lua”, de Paulo Rocha, foca o percurso profissional de um jovem no Portugal de Abril, onde o crise política é o fio condutor de uma série de intrigas e paixões que se cruzam nesse período conturbado e para encerrar com chave de ouro esta mostra de filmes portugueses, é tempo do “bobo”, de José Álvaro Morais, é a adaptação de um romance de Alexandro Herculano, que incide sobre os últimos dias de ensaio de uma peça de teatro, no velho estudio da Lisboa filme. É uma longa-metragem sobre as peripécias actuais misturadas com o passado e que ao mesmo tempo procura um confronto com a realidade vivida pelos artistas. Foi o primeiro trabalho deste realizador, que enfrentou inúmeros problemas financeiros até a sua conclusão. Como o país em que vivemos.

domingo, 30 dezembro 2012 15:37

Viagem a lisboa

É aparentemente uma sequela do filme “o estado das coisas” que realizou em Sintra.

Win Wenders é o poeta das imagens. Das cidades que é o espaço que melhor gosta de filmar e isso nota-se nesta viagem pela cidade portuguesa, Lisboa. É também uma travessia pelos sentidos, quase nem é preciso olhar, se fecharmos os olhos, ouvimos o pulsar da cidade e reconhecemos-lhe os recantos, os muros, o lado de lá das portas . É também uma ode à música, aos Madredeus que renovaram a música tradicional portuguesa e que nesta longa-metragem são também eles parte dessa mensagem de portugalidade presente em todo o filme, porque Lisboa não é apenas a capital de Portugal, é acima de tudo, a essência mais profunda do que é ser português. As imagens são um complemento desse retrato de uma urbe de fronte para um rio que parece o mar. É acima de tudo uma homenagem ao cinema, de que gostei muito. Se eu não soubesse quem era o realizador, diria logo, é português. Captou-nos tão bem a alma lusitana que se antevê nas esquinas, nas tascas, em Pessoa, nos rincões mais escondidos, que humildemente conta a sua história sem grandes alaridos e com uma aparente simplicidade, mais era impossível. É uma viagem através de um engenheiro de som, Philip Winter, protagonizado pelo excelente Rüdiger Vloger, o senhor inverno, como lhe chamam as crianças que também o guiam pela cidade. Há um momento de grande ternura, que conta com a presença do realizador António de Oliveira, que nos remete para as origens do cinema, ao mestre Chaplin. É o mais puro do cinema, o olhar intimista de um realizador. Bom cinema.

domingo, 30 dezembro 2012 15:36

Menos 9

São várias curtas-metragens sobre crimes reais.

Os crimes exemplares escritos por Max Arub estiveram na base do primeiro trabalho de realização de Rita Nunes. A cineasta dividiu em vários capítulos os vários delitos que resultaram num projecto cinematográfico consistente e assustador de certa forma. As pessoas matam mesmo por motivos fúteis. O trabalho de actores é de excelente, mas acima de tudo gostei da forma como ela foca à sua atenção nos rostos dos seus personagens que aparentemente parecem pessoas banais, que afinal estão à beira de um ataque de nervos…que os leva a cometer um assassino. Os motivos estão à vista e de certa forma o que mais me perturba, é a trivialidade de um gesto, de uma palavra, ou de um comportamento que pode terminar da pior forma possível com uma vida e quando menos se espera. Faz pensar. Não gostaria de prolongar-me, porque o meu texto acaba também ele por ser supérfluo, tendo em conta que se trata do primeiro filme que Rita Nunes escreveu e dirigiu, eu diria que o resultado é excelente e palavras para quê? Ah, já em esquecia, o titulo o que significa? Se não conseguir descobrir e quiser mesmo, mas mesmo saber, depois de ler isto, escreva-me um mail. Bom cinema.

http://filmesportugueses.com/menos-nove/

domingo, 30 dezembro 2012 15:35

Capitães de abril

É o filme estreia da actriz Maria de Madeiros e retrata o grito de liberdade de Portugal.

Foi talvez um dos momentos mais marcantes da história contemporânea portuguesa e que merecia um épico, ou melhor, mais do que um, diferentes visões cinematográficas, o olhar de diferentes realizadores, de um momento que alterou a vida dos portugueses para sempre. É curioso que depois de esta longa-metragem escrita e realizada por Maria de Medeiros mais ninguém se atreveu a abordar a revolução de Abril. Vou avançar, contudo, com uma teoria sobre esta matéria. Falta-nos uma certa distância emocional deste capítulo tão marcante da história nacional, pelo menos meio século, já que é preciso não esquecer que a quando da estreia “Capitães de Abril” foi recebido com fortes criticas e uma certa frieza do público em geral. Seria de esperar que fossem ao cinema ver o retrato de uma época que embora não fosse literal, foi marcante. Errado. Os portugueses não apreciam catarses. É contra a sua natureza, embora tenha sido um momento de liberdade e de grande alegria colectiva, a verdade é que os portugueses sentiram-se ao longo do tempo de certa forma defraudados, as conquistas de Abril foram temporárias e há um certo desalento e vergonha em admiti-lo. Por outro lado, potencialmente todo o busílis em torno deste filme terá por ventura desencorajado futuros projectos de cinema. Abordando a longa-metragem propriamente dita, devo dizer que gostei das filmagens exteriores, na cidade de Lisboa, mostra o verdadeiro rosto da revolução, as ruas apinhadas de gente com cravos em riste. O trabalho dos actores é a outra mais-valia desta semi-biografia, em particular a composição de Stefano Accorsi, como o herói da revolução, o Salgueiro Maia. O que não consigo ultrapassar é sua deficiente dobragem e sonorização. Não se admite. O argumento embora, seja interessante é deficiente em vários pontos e isso verifica-se através, do excessivo prolongamento de certas cenas e fruto também da inexperiência da realizadora. Mas, pensando bem, não está nada mau para uma primeira abordagem. Bom cinema.

domingo, 30 dezembro 2012 15:32

Sangue do meu sangue

É mais um trabalho intenso do cineasta João Canijo acompanhado por um leque de grandes actrizes

Sangue do meu sangue é um filme de actrizes. É um argumento que foi feito a pensar nelas e são elas que João Canijo filma com uma precisão acutilante. Sem grandes rodeios, sem grandes caracterizações, vemos nos seus rostos quase nus de maquilhagem e nas suas expressões faciais a história das suas desoladas vidas mais ou menos previsíveis e duras, que não deixa margem ao sonho. Dessa ilusão já nada resta. É o desfilar de quotidiano recheado de rotinas diárias, cumplicidades, segredos e frustrações mais ou menos escondidas que desembocam num final um tanto quanto imprevisível. É um filme duro, que nos fere. Talvez porque, há três atrizes que se destacam pela verdade que mostram através dos seus personagens, falo de Rita Blanco, Cleia Almeida e Anabela Moreira, mãe, filha e tia respetivamente. Todas fazem grandes sacrifícios por amor. De diferentes formas, mas nenhum é menos válido, ou menos nobre. As actuações destas grandes artistas são magníficas e elas enchem o ecrã com essa entrega. Quanto ao realizador, posso dizer que foi desconcertante, mas ao mesmo tempo muito original, algumas das cenas em que os diálogos decorriam em uníssono, entre a mãe e a filha e a tia e o sobrinho, foi um pouco confuso é certo, queremos ouvir tudo, mas ao mesmo tempo reforçaram a ideia de um ambiente familiar disfuncional, onde há personagens que são quase invisíveis como é o caso da Ivete, a tia, que chega mesmo a afirma-lo numa das passagens do filme. É perturbante, porque podia acontecer tanto num bairro social, como na Avenida de Roma, a tragédia humana não tem classe, nem cor, nem credo, apenas acontece, como a vida. Sangue do meu sangue é acima de tudo um tributo ao amor, ao incondicional, o de mãe e não falo apenas de biologia. Bom cinema!

domingo, 30 dezembro 2012 15:33

Call girl

Com argumento original de António Pedro Vasconcelos e Tiago R.Santos, foi um dos filmes mais vistos em Portugal.

Quando António Pedro Vasconcelos começou a delinear o argumento de “call girl” apenas um nome lhe veio à memória para este papel, a Soraia Chaves. A atriz encarna aqui um dos melhores personagens femininos do cinema português. Foi feito à medida, melhor só mesmo no alfaiate. Soraia Chaves tem um corpo de pecado literalmente, que não foi excessivamente explorado como acontece em muitos filmes portugueses. A nudez em algumas cenas exala grande carga erótica, que em muito se deve ao excelente trabalho da actriz e a sua sensualidade inerente. O argumento é cirúrgico, descarnado de falsas modéstias, que mostra uma sociedade em decadência, de forma nua e crua e sem falsos floreados e há mesmo passagens memoráveis que evito citar, o espectador que as descubra. Outro aspecto que gostaria de focar e de que raramente se fala é o guarda-roupa, neste filme em particular, a Soraia Chaves faz gala das criações e escolhas de um dos melhores estilistas do nosso país, Filipe Faísca, o “enfant terrible” da moda nacional, que mais uma vez não defrauda as expectativas com peças de vestuário sumptuosos que ainda conferem mais credibilidade a esta call girl. Para aqueles que ainda não tiveram o prazer de ver este filme, deixo um pequeno vislumbre desta história de sexo e dinheiro. Maria é a peça central num jogo de sedução que envolve o presidente da Câmara de Vilanovas, encarnado por Nicolau Breyner, numa perigosa teia de corrupção. Outro dos pontos altos deste filme são os seus atores secundários, dos quais destaco mais uma vez, (eu sei, já estão fartos!) o infalível Ivo Canelas no papel de agente da lei e o Joaquim de Almeida que encarna o lobo na pele de um promotor imobiliário. Delicie-se com este “call girl” como o fizeram milhares de portugueses que ocorreram ao cinema, desconfio, para ver o corpo escultural de Soraia Chaves. Por último, mais uma pérola, uma curiosidade cinéfila, o tema principal da banda sonora é da autoria de um dos monstros sagrados da música portuguesa, Paulo Gonzo. Bom cinema!

domingo, 30 dezembro 2012 15:32

E o tempo passa

É o trajecto de vida de uma ex-modelo/ actriz, Teresa Gaivão e das pessoas que com ela se cruzam.

Este filme de Alberto Seixas Santos falhou o seu objectivo por completo. Se a ideia era mostrar o percurso de uma ex-modelo que vive um período descendente em termos profissionais, como actriz de telenovelas, o resultado foi decepcionante. A escolha de Sofia Aparício para encarnar o papel de Teresa Galvão foi infeliz. Não basta ter um percurso de vida quase paralelo e ser bonita para obter-se uma personagem credível. A sua expressão facial, em todos os planos, é quase sempre a mesma, fiquei na dúvida se tal se devia ao botox, ou pura simplesmente à má escolha do realizador. A última opção pareceu-me a mais plausível, a Sofia Aparício não tem o calibre, nem o talento, necessário para construir uma personagem tão complexa à partida pelo que me foi dado a perceber pelo argumento, uma não-atriz presa numa encruzilhada existencial, confrontada pela frescura de jovens talentos no plano profissional e por outro, o vazio que é a sua vida pessoal. A história de fundo, direi mesmo secundária em relação ao enredo principal, o estúdio das gravações da telenovela é bem mais interessante em termos de acção e teria merecido um maior relevo. As frugais actuações de Rita Durão, Isabel Ruth e Américo Silva, por outro lado, em muito contribuem para manter o nosso pouco interesse por esta longa-metragem. O argumento do filme é a sua maior fragilidade, na medida em que as personagens carecem de uma maior profundidade e o enredo parece que anda perdido. Há mesmo uma cena que quero realçar pela falta de gosto e de pertinência, a nudez das três jovens da novela. Um exercício fútil que nunca me canso de sublinhar, já que, no cinema português parece existir uma constante obsessão por mostrar os seios das actrizes, nesta caso em concreto a cena não se justificava, o texto falha em várias frentes e esta é uma delas e mais uma vez volto a frisar, não sou contra a nudez no cinema do ponto de vista estético e de conteúdo. O único que lamento profundamente é que “E o tempo passa”, é o título adequado para um enredo que desejamos que passe bem depressa. Bom cinema!

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