Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Yvette Vieira

Yvette Vieira

domingo, 30 dezembro 2012 14:47

A corte do norte

É uma adaptação para cinema de um dos livros de Agustina Bessa Luís.

A corte do norte remete-nos para a remota ilha da Madeira, nos finais do século XIX e para a enigmática existência da baronesa da Madalena do Mar que é finalmente deslindada pela sua trineta, Rosamunde. Este filme de João Botelho percorre a vida de várias mulheres da mesma família, que são encarnadas pela mesma actriz Ana Moreira. Para tal, o realizador, recorre a diversos flashbacks que culminam com o desvendar deste mistério que percorre várias gerações dos Barros. A prestação Ana Moreira neste filme é colossal, ao seu cargo estão cinco das mais importantes personagens desta longa-metragem, mas a sua interpretação não é das melhores, porque não se consegue vislumbrar diferenças marcantes entre elas, o que torna a sequência deste drama um pouco confusa. Considero que todo o peso do filme recaiu sobre as suas costas e provavelmente teria sido melhor distribuir os papéis de algumas das personagens por outras actrizes. O que mais me entusiasmou foi a direcção de fotografia de João Ribeiro. As imagens são de uma grande beleza estética, que agudizam ainda mais o pendor trágico deste filme. Outro aspecto curioso é a teatralização inerente nesta longa-metragem, os planos obedecem uma dinâmica que envolve um grande número de personagens no mesmo enquadramento, é o caso das cenas no bordel, onde Emília de Sousa é alvo do amor de João Sanha e Gaspar de Barros e nos encontros familiares de Águeda e Tristão. É um filme muito interessante no seu todo e um dos melhores do cineasta João Botelho

domingo, 30 dezembro 2012 14:46

O futuro do cinema de animação

A arte do cinema de animação poderá estar em vias de extinção no nosso país graças a falta de apoios financeiros.

O cinema de animação começou timidamente nos primórdios do cinema mudo e foi ganhando uma maior projecção ao longo do tempo. Actualmente, eles ocupam um lugar de destaque no entretenimento infanto-juvenil, embora haja projectos que extrapolem para um público mais adulto. No nosso país, existem duas produtoras de cinema animado que tem vindo a ganhar projecção internacional. Um desses exemplos provém da sardinha em lata, com a curta-metragem “a suspeita”, de José Miguel Ribeiro, que venceu em 2000 o cartoon d’Or e os célebres “patinhos” da produtora animanostra que encantou gerações de miúdos portugueses. Passados 11 anos, a producção nacional vive grande momentos de incerteza, fruto de uma ineficácia política em termos culturais. O impasse deve-se a uma inércia institucional que impede o financiamento de projectos de animação já aprovados, através do fundo de investimento para o cinema audiovisual. Apesar das dificuldades inerentes a qualquer actividade artística no nosso país, o cinema animado português tem vindo a crescer e a ganhar reconhecimento. Um trabalho que muito se fica a dever aos apoios do Instituto de Cinema Audiovisual e aos festivais do género que promovem o trabalho destes profissionais e dos jovens cineastas que pretendem irromper no mercado do audivisual. O futuro contudo, mostra-se incerto. A aposta no mercado nacional é claramente delimitada e  os mercados externos no sector são altamente competitivos, fruto do quase monópolio americano no cinema de  animação.

http://www.sardinhaemlata.com/

http://animanostra-outros.blogspot.com/

http://www.monstrafestival.com/

domingo, 30 dezembro 2012 14:45

Zona J

É um retrato de um Portugal pouco lisonjeiro para as minorias étnicas.

O filme resultou do argumento de Rui Cardoso Martins que se embrenhou num mundo à parte criado por entre labirintos que ligavam os oito blocos de prédios que eram denominados de Zona J, em Chelas. Esta longa-metragem foi um grande sucesso de bilheteira em 1998, 250 mil espectadores foram as salas de cinema e ajudou a lançar a carreira da actriz Núria Madruga e de outros jovens actores portugueses. Até bem pouco tempo, os habitantes do bairro do Condado sentiam-se ainda mais estigmatizados e discriminados desde a estreia deste filme. Dos corredores de morte, habitáculo preferencial de toxicodependentes, prostitutas e jovens delinquentes nada resta, tem sido demolido pela câmara local e os seus residentes foram realojados em outras áreas habitacionais da cidade de Lisboa. Fica como memória o filme, muito bom por sinal. O que fica patente? Uma realidade diferente captada pela mão segura de Leonel Vieira. É uma espécie de um retrato social muito actual, porque se a Zona J foi demolida, a segregação das comunidades, o preconceito e os seus problemas ainda estão muito presentes na sociedade portuguesa. É contudo, um filme de ficção, onde há lugar para o amor entre dois jovens provenientes de duas realidades muito díspares e um assalto que corre mal. Bom cinema.

domingo, 30 dezembro 2012 14:44

Uma aventura na casa assombrada

É uma adaptação dos famosos livros juvenis de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada.

Esta aventura cinematográfica foi o sexto filme mais visto em Portugal, com cerca de 125 mil espectadores que se renderam as peripécias de um grupo de amigos que se vêem envolvidos em grandes mistérios e façanhas que terminam sempre bem. Este filme não é excepção. Houve um enorme cuidado na adaptação e o resultado está à vista. É uma longa-metragem de grande qualidade. Vou focar em primeiro lugar os efeitos especiais, que a meu ver foram excelentes, conferindo ao filme uma maior densidade dramática e criando maior suspense. O elenco é de luxo. Com as presenças muito seguras e profissionais de Ricardo Carriço, Ana Padrão, Sofia Grilo, João Didelet e Sandra Barata Belo, actores de grande calibre no meio artístico nacional, que actuaram como suporte para um grupo de artistas mais jovens, mas não menos experientes. O cast juvenil transitou da versão televisiva, o que ajudou ainda mais a consolidar o filme. A direcção de Carlos Coelho da Silva confirma o seu talento como cineasta. Os guionistas estão de parabéns, porque o texto não ficou aquém do original, a linguagem é adequada sem parecer falsa e a acção foi bem conseguida. No todo foi um grande trabalho cinematográfico e ficou provado que existe um público mais jovem que anseia por este tipo de produções nacionais.

domingo, 30 dezembro 2012 14:43

Diário - traces of a diary

É um documentário a preto e branco, realizado por Marco Martins e André Princípe, sobre os mais importantes fotógrafos japoneses.

É um diário de viagem, um olhar português sobre  os olhares de vários fotografos contemporâneos japoneses, como Daido Moryiama, Nobuyoshi Araki, Hiromix, Sajii Syoin, Kohei Yushiyuki eTakuma Nakahira. “Num registo algo íntimista, estes fotógrafos são filmados em diversas situações do quotidiano e em momentos privados, mas também em plena actividade fotográfica, conduzindo a conversa com aparente liberdade pelos temas que mais lhes interessam. Cada momento com cada um dos seis fotógrafos é distinto,realçando a originalidade e diversidade das suas criações fotográficas e das suas próprias personalidades, da forma como observam a realidade que os envolve e como a retratam através da fotografia”, como refere a análise académica de Paulo Cunha, com o título, álbum cinematográfico.

“Traces of a Diary não é, declarada e intencionalmente, um documentário convencional. Desde logo, pela estrutura e forma que assume.É apresentado pelos seus realizadores como um “caderno de notas cinematográfico”, ou um “diário de viagem” porque, respeitando o objecto em observação, esta escolha de formato procura assemelhar-se a um álbum fotográfico” como sublinha o académico da Universidade de Coimbra. Mais do que é uma biografia é um retrospectiva ocidental sobre o trabalho de fotógrafos orientais e forma como percepcionam o mundo em seu redor. Um retrato visual que já valeu grandes aplausos a estes dois cineastas. Em boa hora.

http://www.doc.ubi.pt/08/analise_paulo_cunha.pdf

domingo, 30 dezembro 2012 14:40

O lugar do real

É um portal que pretende promover o documentário nacional e divulgar a cultura portuguesa

Neste texto não vou abordar uma peça cinematográfica, mas sim um sítio de visionamento da produção nacional de documentários, filmes, vídeos escolares e fotografia documental. É um grande espólio, organizado e fomentado pelo Ao Norte, associação de produção e animação audiovisual que, pretende mostrar várias componentes da cultura portuguesa em diversos suportes. Destaco o trabalho de recolha documental de Tiago Pereira, intitulado, a música portuguesa a gostar dela própria, que numa linguagem visual muita própria, remete-nos para as manifestações musicais, que pululam um pouco por todo o país. Um trabalho dantesco de grande qualidade. São cinco filmes por semana, que pretendem criar um legado visível e audível na internet. Quero salientar também, os trabalhos das escolas, alguns destes documentários são muito bons e não ficam muito aquém dos profissionais. A pérola da Matriz, que conta a história de uma loja em Ponte Lima e a vida de Graciano Fernandes são biografias de uma geração, de uma época e são o reflexo de um país. A fotomemória é outra das rubricas, que ilustra vários aspectos do quotidiana dos portugueses que vale a pena recordar. São testemunhos silenciosos de um estilo de vida, que na maioria dos casos, desapareceu por completo. Veja-se o caso da seca do bacalhau. Momentos para mais tarde recordar.

http://lugardoreal.com/

domingo, 30 dezembro 2012 14:39

O milagre segundo salomé

É uma adaptação do romance homónimo de José Rodrigues Migueis para cinema

A personagem principal, Salomé interpretada por Ana Bandeira é uma das pérola deste filme, sendo a sua estreia cinematográfica, só posso dizer que não poderia ter sido mais auspiciosa. A sua juventude e frescura passam para o ecrã, a câmara gosta do rosto desta jovem actriz. O trabalho de Mário Barroso é notável. A história desta jovem prostituta de um bordel de Lisboa é-nos contada de forma competente. O realizador soube criar uma história sem nunca denegrir o livro do qual foi adaptado. É um filme lírico sobre um Portugal do inicio do século XX, mergulhado na miséria e em plena ebulição social, catapultada pelas aparições de Fátima que terão um papel importante a desempenhas na vida de Salomé. A prestação dos restantes actores é capaz, só tenho um senão a realçar, as cenas de nu completamente desnecessárias. Já abordei esta questão em outro texto, e continuo a reafirma-lo, é curioso como as actrizes se despem várias vezes para um filme e o mesmo não se verifica com os actores portugueses. É excessivo. Uma cena de nu pode ser visualmente artística e até necessária considerando o argumento, mas na maior parte dos casos não é isso que se verifica, são tantas que banalizam o próprio filme. Volto a repetir, não sou pudica, mas uma outra abordagem da sexualidade feminina deveria ser equacionada. O argumento podia ter sido melhorado, dava à impressão por vezes que se perdia um pouco o fio à meada e que escasseavam falas para alguns dos personagens. No geral, é um excelente trabalho. Bom cinema.

domingo, 30 dezembro 2012 14:38

A canção da terra

É de um argumento original de Jorge Brum de Castro que é também realizador desta história de amor atribulada.

A acção da canção da terra decorre no Porto Santo. O seu pano de fundo é a vida quotidiana de um povo dependente da agricultura e da água. Uma seca persistente é o mote para um filme cheio de acção, música e cenas de perseguição, muito ao estilo dos westerns americanos que influenciaram o realizador deste filme. É uma espécie de documentário de certa forma, porque evidência as dificuldades vividas pelo povo madeirense. Foi rodado em 1938 e por isso reflecte também um certo estilo cinematográfico da época. É a branco e preto, mas isso não impede a beleza estética de algumas das imagens, os planos picados que conferem uma intensidade mais dramática ao enredo e o final curioso de gente que corre para o cimo da montanha para ver chegar a tão desejada água da chuva que afinal cai em todas as direcções. É um final à portuguesa.

domingo, 30 dezembro 2012 14:34

Bandidas

É uma curta-metragem assinada por Francisco Antunez

Este trabalho de Francisco Antunez é deveras muito interessante e não, não se trata do filme protagonizado por Penélope Cruz e Salma Hayek, embora esta história também não fica atrás no que diz respeito a beleza feminina. É um filme sobre uma quadrilha feminina num futuro muito próximo. Um dado curioso é ser a preto e branco. Merecia ter sido uma longa-metragem porque há um pormenor de vital importância, aliás dois que não ficam muito bem explicados. Primeiro, porque algumas das militares, futuras bandidas, abandonam a força especial? Segundo, o que tem aquela máquina de tão especial que ficou por explicar? A cena final do tiroteio ficou um pouco aquém, uma das bandidas fica prostrada no solo e não é baleada sequer uma vez, nem de raspão? Não me interpretem mal, gostei desta curta-metragem sobre guerreiras urbanas, mas havia alguns aspectos que poderiam ter sido limados. E volto a sublinhar merecia mais, é pena sermos um país pequeno onde não há verbas para dar continuidade a projectos de grande calibre, como é o caso destas bandidas, bem à portuguesa e para que possam ver e apreciar este projecto, fazendo parte também da massa crítica, a hiperligação está no final deste texto. Aproveitem e bom cinema.

http://filmesportugueses.com/bandidas/

domingo, 30 dezembro 2012 14:34

Amor em jogo

cartaz star crossed amor em jogo5

É uma co-produção baseada numa das obras mais emblemáticas de Shakespeare.

Que aconteceria se transporta-se-mos Romeu e Julieta para o século XXI e em vez de uma mero pleito mortal entre famílias, falámos de uma grande rivalidade entre duas equipas de futebol? E se em vez de termos como pano de fundo uma cidade chamada Verona, fosse a Invicta, o Porto? Assumiríamos um risco calculado, porque se trata de uma história de amor intemporal e ao mesmo tempo, coloca em primeiro plano o desporto rei. Dois mundos antagónicos, ou talvez não. Esse é o mote do amor em jogo, um filme que merece algum crédito pela ideia em si e mais nada. Infelizmente. Agora também em Portugal se fazem xaropadas em muito idênticas as congéneres americanas. Entendo que um texto bilingue seja difícil de escrever de forma a fazer sentido, mas não é uma tarefa tão titânica que se limite a cumprir o possível. Não consigo encontrar explicação para óptimas ideias em termos cinematográficos, que depois esmorecem com diálogos tacanhos. A edição deste filme teria merecido uma melhor reflexão, embora haja imagens de uma grande beleza cénica. Acho que mais do que transpor Romeu e Julieta para a cidade do Porto, teria sido mais indicado a bela adormecida. Gostei dos jovens actores e mais uma vez, Virgílio Castelo convence no papel, um mister, este homem. As analogias que todo o mundo tenta fazer com o futebol nacional não creio que fossem importantes para a produção, ou talvez eram e não foram claras no filme. Aliás, como algumas das cenas que deixaram dúvidas. No todo, não está mau, mas podia ter sido muito melhor, é um produto muito comercial. Bom cinema!

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