Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Yvette Vieira

Yvette Vieira

domingo, 30 dezembro 2012 14:33

Amália

É a primeira longa-metragem a retratar a vida de uma das maiores divas da música portuguesa.

Trata-se de um filme que aborda a vida da cantora de fado desde a sua meninice até a sua idade maior como vedeta internacional, como a representante da portugalidade em todo o mundo. Este filme é um retrato excelente da fadista, que muito se deve ao trabalho magnífico da actriz Sandra Barata. A composição que fez de Amália é sublime e não dependeu apenas da caracterização do personagem, há uma tristeza no seu olhar, que era de mais evidente até na cantora. Se calhar só assim poderia cantar dessa maneira tão íntima e ao mesmo tempo amargurada. O argumento de Pedro Marta Santos e João Tordo é muito bom. A cena em que se debruça sobre o abismo é algo que nos surpreende, creio que pouca gente conhecia esse lado mais fatalista da cantora e ao mesmo tempo é de uma grande beleza estética. Ela no topo do mundo, atingiu o reconhecimento de todos, na cidade que nunca dorme e mesmo assim, está só. As paixões e ódios da vedeta também marcam este filme, já que também deles, os seus homens, se escreve a história de Amália. O Ricardo Carriço, é um desses exemplos, é um actor consagrado do mundo artístico português e a prova está no seu personagem César Seabra que de facto é primoroso. Se ainda não viu, aconselho-o e silencio que se canta o fado. Bom cinema.

domingo, 30 dezembro 2012 14:32

O que há de novo no amor?

É uma longa-metragem feita em seis mãos. Seis realizadores, seis personagens e seis histórias que se cruzam.

Detesto dizer mal por dizer. Não acredito em críticas meramente negativas, mas há excepções a regra. Este filme é um deles e infelizmente custa-me falar sobre o tema, porque são jovens que estão a iniciar as suas carreiras na sétima arte e esta é a sua primeira prova de fogo. A ideia é muito engraçada, original seria se os americanos não tivessem aplicado já o conceito. É a história de uma banda de garagem, dos seus dilemas amorosos e existenciais que são o verdadeiro fio condutor desta história. E o melhor que posso dizer termina neste parágrafo. Entendam este meu texto como uma crítica construtiva. Se a ideia era interligar a vida das personagens houve falhas. Nota-se uma nítida distinção em alguns dos casos. O texto é inexistente. O argumento é tão mau que dói e creio que foi essa desorientação que marcou o trabalho dos actores. Nada bom. Li que o filme foi seleccionado para um festival Raindance em Londres, ainda bem que eles não entendem nada da nossa língua e vai ser legendado, talvez se salve por isso. Resumindo, seria um óptimo exercício de cinema se tivesse sido mais apurado. Mas, o futuro esta aí e mais se espera destes jovens cineastas e actores.

domingo, 30 dezembro 2012 14:30

Assalto ao santa maria

É o retrato ficcionado de um evento histórico que marcou toda uma geração dos anos sessenta.

O assalto ao Santa Maria tem o mérito de mostrar um dos capítulos mais importantes da história contemporânea portuguesa, pelo menos uma interpretação desse acontecimento, que é intercalado pelo romance, esse sim imaginado pelos guionistas, entre dois jovens que são apanhados pelos fogo cruzado político, no meio do mar das Caraíbas. O filme acaba também por traçar um paralelo, por um lado ao retratar uma certa sociedade da altura, muito conservadora e preconceituosa que se vê confrontada com o seu declínio, através do acto heróico dirão alguns, outros não, de contestar o regime de Salazar. E, por outro lado, através, da veemente oposição paternal de Alfredo Enes, um trabalho magnífico de composição do actor Vítor Norte, á paixão que a sua filha Ilda nutre por um dos revolucionários que ocupam o paquete Santa Maria. Não sei se foi propositado ou não por parte dos guionistas, criar esta analogia já que em ambos, o regime e a personagem são expoentes máximos de uma sociedade quase feudal, onde os direitos eram restritos, em particular para as mulheres e que são postos em causa com este incidente internacional. Mas no caso de ter sido, gostei muito desse detalhe. O único aspecto menos positivo que gostaria de realçar foram algumas das cenas que prolongaram muito a ideia de impasse, aqueles diálogos intermináveis entre Galvão, Sotomaior e os apoiantes da iniciativa. Ou talvez não. Se calhar a ideia subjacente era criar esse sentimento também de angústia junto do público, embora prolongar o inevitável neste caso fosse contraproducente já que toda a gente sabe o desfecho final do assalto, bem pelo menos em Portugal. Vou refazer esta última afirmação, bem pelo menos do conhecimento de alguns portugueses! Estou a ser irónica. No geral, o filme é engenhoso pela abordagem de um capítulo complexo da história do país e pela bela história de amor.

domingo, 30 dezembro 2012 14:29

O mistério da estrada de sintra

É a aventura de dois amigos, que decidem escrever sobre um homicídio ficcionado, ou julgavam eles, com consequências imprevisíveis.

O mistério da estrada de Sintra é um duelo literário escrito á quatro mãos, de um lado a pena do genial Eça de Queirós e do outro a escrita inquietante de Ramalho Urtigão. O filme é a história ficcionada desse evento real que teve lugar no verão de 1870. Um desafio que acaba por influenciar a vida de ambos os escritores de forma muita inesperada. Esta longa-metragem de Jorge Paixão da Costa é excelente. Gostei da forma como o realizador intercala à acção, como se fossem capítulos, a forma como é-nos dado a conhecer a vivência mundana de ambos os escritores e como a trama do folhetim evolui, à medida que a vida dos seus criadores se complica. O argumento é muito bom, porque cria a cadência certa que culmina com grandes momentos de suspense, salpicados por uma história de amor amaldiçoada, muito ao gosto do romantismo da época e que foi integrado e bem pelos argumentistas. O enquadramento histórico é muito interessante, porque estamos perante uma sociedade industrial, o surgimento da burguesia está patente nesta película e já agora bem caracterizado. O elenco de luxo reforça a qualidade deste filme, de um modo geral, no seu todo são maravilhosos.

domingo, 30 dezembro 2012 14:27

I'll see you in my dreams

É a estreia de Miguel Vivas na realização.Foi várias vezes premiado em diversos festivais internacionais

É uma curta-metragem muito assustadora. É o reino dos mortos-vivos que toma conta de uma aldeia perdida algures no interior, pelo menos assim parece. É um filme de terror com um sentido de humor muito negro. A cena de abertura é demais. O personagem Lúcio, um aldeão mal disposto, decide acabar de forma permanente com um morto-vivo que se lhe atravessa no caminho. A forma como o faz, remete-nos para a cena de um filme americano de acção. Adivinhem lá! Outra curiosidade desta pequena metragem é o espaço escolhido. A zona geográfica. Uma localidade, ao que parece de um século anterior ao XX e do qual não ficamos a saber nada. Bem, sabemos que está povoada de zombies e que só existe uma taberna.A caracterização das personagem é excelente. Uma maquilhagem de meter medo até aos mortos. O aspecto mais engraçado deste filme,( aqui entra o tal humor muito negro), é o triângulo amoroso. A esposa morta-viva, Ana, que ainda sente ciúmes de um marido, Lúcio, só porque este decidiu levar para casa e conspurcar assim o leito marital com uma muito viva e sexy aldeã de nome Nancy. É uma curta-metragem já velhinha, mas muito actual pelo ritmo da narração, pelo dialogo e só tenho pena que não se tenha expandido para os lados e se tenha transformado numa longa-metragem. Teria sido memorável, tenho a certeza. Mas, vejam e a avaliem por si mesmos.  Bom cinema

http://filmesportugueses.com/ill-see-you-in-my-dreams/

domingo, 30 dezembro 2012 14:27

Um funeral à chuva

É o reencontro de uma geração desencantada com o futuro prometido. É uma história de auto-descoberta do realizador, Telmo Martins.

Um funeral á chuva é a história de um reencontro de amigos passado quase dez anos. Com este filme podemos até cair na tentação de inicialmente estabelecer uma analogia com o não menos famoso, “os amigos de Alex” de Lawrence kasdan, embora o guião comece da mesma forma, um grupo de pessoas que se reúnem para o funeral de um amigo, o decorrer da história converge num outro sentido. Contudo, e faço aqui um à parte, não descarto a influência do filme americano. Fala de uma geração desencantada, que não foi aquilo que almejava alcançar, quando desenhava o seu futuro nos bancos da universidade. É uma jornada de auto-descoberta, como define a própria produtora do filme e é esse aspecto que torna este filme tão bonito. O argumento de Luís Campos é muito bem estruturado. Ficamos a conhecer cada um dos personagens e os seus percursos profissionais e espirituais como seres humanos. Os flashbacks são importantes nesse sentido. Assistimos a um desmoronar das “personagens” que alguns criaram no tempo da faculdade. Dos tabus e dos ideais românticos que fazem parte da juventude. Faz-nos reflectir sobre quem éramos, no que acreditávamos e o que somos na realidade. Quanto aos actores, desta feita não vou mesmo destacar nenhum. Todos estiveram à altura do desafio. Pode até não parecer um filme propício para o verão, mas as aparências iludem. Bom cinema.

domingo, 30 dezembro 2012 14:25

Ismael, o realizador temerário

Ao princípio o Luís Ismael só sabia que queria fazer cinema. Depois engendrou uma história com quatro personagens surreais que ainda não sabem o que é a internet, ou os telemóveis. A partir, o que era para ser um pequeno filme, expandiu-se para os lados e tornou-se num fenómeno de bilheteira no nosso país. Onze anos depois e com uma terceira sequela final do “balas e bolinhos” prevista para o final do ano, este jovem realizador sente que parte da sua missão está cumprida, fez os portugueses rirem-se e irem até o cinema.

Quando estrearam o “balas e bolinhos” tiveste a noção que ia ser um sucesso?

Luís Ismael: Eu vou-te dizer uma coisa, quando fiz o balas1, o cinema português era residual, notava-se que o povo português não ligava a nada. Eu nunca tive a expectativa de fazer essa ligação. O que eu queria era fazer um filme. O “balas e bolinhos” foi essa experiência. Vamos lá ver se consigo fazer um filme com poucos recursos, ou quase nulos. Parti para a produção sem qualquer expectativa, nem sequer pensei em salas para o colocar. O que eu queria não era a barragem, mas ver a água a passar. E com o filme pronto, tentámos coloca-lo no Fantasporto, conseguimos e pensámos assim, pronto morreu aqui e acabou. Contudo, apareceu a oportunidade de mostra-lo na SIC Radical e aí notámos mais envolvimento. A internet permitiu-nos também ter mais feedback, mas nunca pensei que fosse atingir o sucesso que conseguiu e estar ao alcance das pessoas que o seguem e falam dele. Mas, fico satisfeito porque é um filme português, embora haja ainda quem considere o cinema em Portugal como sendo uma arte menor. Ainda é muito fácil “bater” no cinema nacional. Eu também tinha pena que não houvesse essa ligação com o público. O cinema inglês, italiano e americano têm heróis e eles que atraem os adolescentes ao cinema e criam o hábito de ver filmes. Cá não há um cinema informal, divertido. É sempre muito sério e quando aparecem comédias são poucas. Nesse âmbito o que me interessa é criar produtos que levem as pessoas até o cinema e mais tarde criar a apetência de ver qualquer filme mais dramático.

Após o sucesso do primeiro, decidistes iniciar a produção do “balas e bolinhos 2”, uma sequela do mesmo filme, algo que também nunca antes tinha sido feito em Portugal. Tomastes conhecimento disso na altura?

LI: Nós descobrimos isso quando o segundo estava praticamente pronto. Questionei-me na altura se de facto existia alguma sequela e verifiquei que não, com grande pena minha mais uma vez, em pleno século XXI ainda não existia nada no género no cinema português. O porquê de um segundo? Porque basicamente, nós os quatro queríamos repetir a experiência e estar todos juntos, mas teria que haver uma história engraçada. Lá a encontrámos  e a partir daí começamos logo a filmar.

Nesta sequela houve uma diferença, a Lusomundo que se comprometeu a distribuir pelas várias salas de cinema nacional.

LI: Sim, mas antes disso, andámos cinco meses à procura de uma distribuidora. Começámos pelas empresas pequeninas. Pensámos que por ser um filme português, com uma linguagem dura, começávamos pelas pequenas distribuidoras porque tem mentes mais abertas. E foi precisamente o contrário. Estranhamente. Durante esse período houve até um desânimo geral, tínhamos a certeza de que não colocávamos o filme e foi a precisamente a Lusomundo que o decidiu  distribuir. Foi um dos momentos mais inacreditáveis da minha vida profissional. Depois foi um fenómeno de público em apenas cinco salas, porque só havia cinco cópias e todo esse processo foi fantástico. Eu sempre achei que o balas era um filme divertido, sem preconceitos e totalmente louco e que não quer ser politicamente correcto. É um filme honesto, porque é assim que as pessoas falam e dá-mos aquilo que o público quer. Eu produzo, faço e depois o público é que decide. E esse é a missão do balas. O que é mau? Vamos fazer pior. Abanar um pouco as consciências. É preciso acrescentar que nós também não nós levámos muito à sério. Brincamos com a nossa portugalidade. Temos coisas boas, mas também más. É necessário brincar com esses conceitos, mas não deixa de ser uma comédia ligeira para as pessoas se divertirem.

Neste terceiro e último capítulo o que vais fazer de diferente? Têm que haver uma evolução, ou não?

LI: As pessoas notaram que do primeiro para o segundo o argumento era melhor. Vou fazer agora um curto parêntesis se me permites, o balas 1 era para ter sido uma curta-metragem. A ideia era uns amigos à volta de uma mesa a falar barbaridades. Só que gostei tanto das personagens que acabou crescendo para os lados. O que prometo no terceiro? Prometo, mais diversidade mais acção, mais aventura, mais loucura e acima de tudo um filme mais cinematográfico com mais personagens. Muitos mais cenários. É um filme que vem por um ponto final na saga. É quase como uma grande festa de despedida e esperámos que, as pessoas ao entrar para sala do cinema vão estar ali duas horas a dar umas gargalhadas. É também um agradecimento ao público que sempre nos apoiou e têm acreditado em nós e isto é muito importante, não nós esqueceram ao fim de sete anos. É isso que o “balas e bolinhos” é. Aquele grupo de pessoas que se juntam em grupo para assistir ao filme e divertir-se. Não algo para se ver sozinho, potencia a companhia.

 

domingo, 30 dezembro 2012 14:24

A bela e o paparazzo

É um filme romântico com um tema muito actual, realizado por António Pedro Vasconcelos.

Este filme tem uma premissa muito engraçada que é a de um fotógrafo de revista cor-de-rosa que persegue constantemente uma estrela de televisão com o objectivo de obter imagens comprometedoras, mas acaba por se apaixonar pelo seu digamos “ganha-pão”. O amor acontece assim numa rua de Lisboa. A bela e o paparazzo é um momento de cinema que serve para descomprimir, é divertido e é o típico filme romântico que todos gostamos de ver. Não é um exercício brilhante de cinema, mas atinge o seu objectivo que é entreter os espectadores. Pelo menos tem um ponto muito positivo, a meu ver, não tem cenas de nudez desnecessárias, o que por si é de louvar. O que mais gostei foi o realizador ter tido o cuidado de filmar em zonas muito bonitas da capital. A fotografia é encantadora. Lisboa está presente sempre ao virar da esquina, com a sua arquitectura mais moderna e os espaços mais antigos cheios de charme. Digamos que é a terceira personagem desta longa-metragem. A cena dos dois actores a dançar na praça D.Pedro IV é muito poética, quase lembra em muitas cenas La Dolce Vita de Frederico Fellini, sem o banho na fonte, claro! A actriz, Soraia Chavez é uma convincente estrela de telenovela que é alvo da perseguição sem quartel das revistas cor-de-rosa. Marco d’Almeida é a outra metade deste inverosímil par romântico e tem um segredo que pretende ocultar da sua amada. A actuação de ambos é muito boa para o género e Nuno Markl faz o contra-ponto cómico que torna este filme um bom momento de cinema.

domingo, 30 dezembro 2012 14:23

Dot.com

Uma comédia assinada por Luís Galvão Teles e que diverte pelo simples facto que se trata de uma birra de portugueses em relação aos espanhóis.

É um filme divertido sem grandes pretensões, mas que é mesmo assim, ilustra bem o sentimento ambivalente que os portugueses nutrem em relação ao nosso país vizinho. De uma forma leve. Água Altas é uma aldeia portuguesa do interior que ganha fama mundial ao lutar contra uma multinacional espanhola pela posse do nome registado na internet. São as novas tecnologias que conquistam o nosso país, uma “invasão” que não representa qualquer problema para os portugueses. O pior, pior, são os espanhóis e esse é o mote de uma comédia muito actual, porque apesar das aparências e do FMI, preferimos morrer do que fazer parte de Espanha e é um facto consumado, não há volta a dar.

O argumento é muito engraçado e vale muito por esse aspecto, embora a crítica especializada tenha sido na altura um pouco dura com este filme, eu pessoalmente, gostei muito. Só me fez rir. Depois temos um elenco maravilhoso, que cumpriu à letra. A caracterização dos aldeões é excelente. Quantos de nós não conhecem aldeias assim, perdidas algures no ventre de Portugal? Desta feita não vou destacar nenhum actor, porque funcionou muito bem em termos de grupo. Pronto, vou referir um, o Pedro Alpiarça, por ter sido uma das suas últimas actuações e já agora, um Inácio muito engraçado. A fotografia é magnífica, para tal contribuiu o cenário de tirar o fôlego, para aqueles que não sabem, a aldeia existe, chama-se Dornes e fica situada a 10 km de Ferreira do Zêzere, no distrito de Santarém.  Bom cinema!

http://filmesportugueses.com/dotcom/

domingo, 30 dezembro 2012 14:22

Duas mulheres

Marca o regresso a ficção do realizador João Mário Grilo, após uma ausência de dez anos.

Este filme prima pelas suas actrizes, Beatriz Batarda e Débora Monteiro. Neste âmbito vou fazer um pequeno desvio, uma vez li uma entrevista da oscarizada e genial Jodie foster que surpreendentemente afirmava que estava sempre a representar o mesmo papel ao longo da sua vasta carreira. E essa frase marcou-me porque, temos essa impressão sobre determinados artistas nacionais e internacionais, quer por escolha própria, ou porque são rotulados pela indústria cinematográfica de uma determinada forma e não conseguem “fugir” desse estigma. Isto tudo para dizer o quê? Que o mesmo se passa com estas duas actrizes que referi anteriormente por motivos distintos. A Beatriz Batarda pode ser excelente em muitos registos diferentes, mas neste papel tenho a nítida impressão do déjá vu. É uma personagem contida e estruturada, ao ponto de não ser um desafio para a actriz. A Débora Monteiro tem uma sensualidade patente que a limita de certa forma, parece “formatada” para este tipo de papéis de mulher fatal, que faz bem, mas ela também merece um outro tipo de repto como artista. Sei que se torna difícil a escolha num país onde a produção de cinema é escassa e as oportunidades são poucas tendo em conta o meio, eu entendo. Ainda não falei nem do argumento nem dos actores. Comecemos pelos últimos, Virgílio Castelo é consistente em tudo o que faz, e aqui o seu registo é seguro. O que me faz confusão é o Nicolau Breyner, o homem está em todas. E com todas, quero dizer quase todas as produções cinematográficas nacionais. Não questiono o talento, mas será possível que não possam convidar outro actor que não ele? O texto é bom, mas nada de especial. Com isto quero dizer que o tema é um pouco rebuscado e para ser franca não entendo também esta mania dos realizadores nacionais sentirem a necessidade constante de mostrar a nudez das actrizes. E não sou pudica! Imagina se fosse.

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