Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Yvette Vieira

Yvette Vieira

domingo, 30 dezembro 2012 07:02

A ilha dos corvos


É a ilha mais pequena e inóspita do arquipélago dos Açores. A sua beleza natural, contudo, é inesquecível

O Corvo deve o seu nome a um grupo de aves migratórias, os corvos marinhos, que abundavam na ilha a quando da chegada dos portugueses no século XV. Fica situada no grupo mais ocidental do conjunto de nove ilhas que forma o arquipélago dos Açores. Tendo sido descoberta em conjunto com a ilha das Flores, no ano de 1452, pelo navegador Diogo Teive, a primeira colonização efectiva deste território só foi possível quase sessenta anos mais tarde. Um povoamento definitivo constituído quase em exclusivo por escravos negros e alguns mouros que ajudaram nesta primeira fase a desbastar o mato espesso de onde os habitantes tiravam madeira de cedro, pau branco, loureiros, tamujos e azevinho, para a construção de embarcações. Mais tarde, estes “habitantes” forçados serviram para guardar o gado e executar todo o tipo de trabalhos agrícolas dos rendeiros da ilha. Curiosamente, à semelhança de outros tempos os residentes sobrevivem à custa da agricultura e exportação de gado. Embora sendo uma ilha, os habitantes do Corvo, não tem uma especial vocação para a pesca. A actividade piscatória é encarada como um complemento para a alimentação. Segundo a enciclopedia XXI dos Açores, a ilha do Corvo, “é formada por uma única montanha vulcânica extinta, com uma ampla cratera de abatimento chamada de Caldeirão, com 3,7 Km de perímetro e 300 m de profundidade. Nela se podem observar várias Lagoas, com uma zona de trufeiras. O ponto mais alto da ilha é o Morro dos Homens no rebordo sul do Caldeirão, com 718 m de altitude acima do nível médio do mar. Todo o litoral é alto e escarpado, constituindo o cone central do vulcão, com exceção da parte Sul, onde numa fajã lávica se estabeleceu a Vila do Corvo, a única povoação da ilha. A escarpa oeste, com uma falésia quase vertical com cerca de 700 m de altura sobre o oceano, é uma das maiores elevações costeiras existentes no Atlântico”.

http://acores.wikia.com/wiki/Ilha_do_Corvo

domingo, 30 dezembro 2012 06:58

De um salto até a peneda-gerês


Foi a primeira zona protegida do nosso país. Com mais de 700 quilómetros de paisagem impressionante, de cortar a respiração, que se estende pelo interior Norte de Portugal.

O Parque Nacional Peneda-Gerês foi criado no dia 8 de Maio de 1971, um estatuto que teve como objectivo proteger a fauna e flora deste conjunto montanhoso que se estende por milhares de hectares e que é partilhado com a vizinha Espanha. Um dos motivos para uma visita é a beleza orográfica que pode ser avistada, através dos diversos percursos pedestres sugeridos pelas autoridades do parque. Há o famoso trilho romano, que atravessa parte desta zona protegida e onde é possível em áreas designadas para o efeito, parar e fazer piqueniques em família.

É uma das maiores atracções naturais do nosso país, não só pela diversidade ecológica, como também pela fauna protegida que alberga nos cerca de 70 290 hectares de terreno. Além dos famosos e infames lobos ibéricos e dos veados, suas presas favoritas, podem ser avistados texugos, lontras, martas e aves de rapina de grande porte. Se está a pensar que poderá ver o famoso lince ibérico, pense de novo! Tem mais hipóteses jogando à lotaria do que descortinando no mato este esquivo e quase extinto animal. As espécies arborícolas são outras das belezas naturais que podem admirar neste parque. Nas encostas dos vales mais quentes e abrigados, podemos admirar, sobreiros, medronheiros e o Azereiro, só para nomear alguns.

Esta região montanhosa, devido às características da sua orografia bastante acidentada e das mudanças bruscas de altitude, é o entrelaçar de vários tipos de clima, desde o atlântico, ao mediterrânico e o continental. Imagine as quatro estações do ano num único local. A não perder são as belas cascatas que fazem as delícias dos visitantes, mas atenção com a temperatura da água, este é um factor a ter em consideração. É muito fria, mesmo em pleno verão. Vale a pena o esforço, pode até ver peixes no fundo dos pequenos lagos, tal é a limpidez das águas.

http://www.geira.pt/pnpg/index.html

http://www.adere-pg.pt/

domingo, 30 dezembro 2012 06:53

Cuidado com o ratão


São uma espécie de raia que abunda nas águas nacionais e que se encontram em perigo de extinção.

A “família de raias caracterizada pela cabeça elevada acima do disco largo, com os olhos e os espiráculos situados lateralmente. Boca com dentes mastigadores colocados em várias fiadas. Cauda mais ou menos longa,equipada com um ou mais espinhos venenosos na base.  São ovovivíparas, sendo os embriões alimentados em parte por uma secreção leitosa produzida pela fêmea” segundo a organização de defesa ambiental e cultural do Algarve.

O ratão (Dasyatis pastinaca Linnaeus) é a especie que nos interessa, prefere viver em baías, lagunas e estuários, com profundidades até os 200 metros. Alimenta-se de crustáceos, moluscos e peixe. “Tem um corpo achatado e deprimido e de pele lisa e escorregadia, desprovida de escamas. Possui cauda grossa na origem que se torna fina progressivamente, possui um ou mais espinhos venenosos de bordos serrilhados, capazes de provocar feridas muito dolorosas. A face superior é de coloração castanho-amarelado, com manchas esbranquiçadas ou cinzento-azuladas. A inferior é clara. O corpo pode atingir 1,50 de comprimento” de acordo com o site inmadeira.com

Ao contrario do que se possa pensar raramente ocorrem “confrontos” com estes peixes cartilagineos. O máximo que pode acontecer é pisa-los acidentalemente, porque por norma se enterram na areia. Ou picarem ao serem  mal manuseados pelos pescadores que os apanham no anzol, já que as raias são amplamente consumidas no nosso país.  O que quero realçar contudo, é a beleza destes peixes na tona da água. Abrem as alas como se de aves se tratassem, pairam pelas águas azuis e a sua pele brilha ao sol. Parece quase surreal. É de uma beleza quase indiscritível. É uma pena ve-los no prato!

http://www.almargem.org/images/articles/117/Condrictios.pdf

http://mar.inmadeira.com/index.php?option=com_xdms&task=viewMar&id=358〈=pt&Itemid=18&shuffle=yes

http://www.skaphandrus.com/underwater_photography/photo/1499

domingo, 30 dezembro 2012 06:48

Os cantores do oceano


São os mamíferos mais apaixonados dos sete mares. Os gigantes dos oceanos, as baleia de bossa, não poupam as suas cordas vocais para impressionar as fêmeas da sua espécie.

As baleia de bossa,também conhecidas por baleia-corcunda, baleia-jubarte ou baleia-preta, sulcam os mares cantando melodias de acasalamento apenas audíveis às fêmeas da sua própria espécie. Estes cânticos apaixonados são assobiados pelos machos para atrair uma potencial companheira tendo em vista à reprodução. Tal é o fervor que as vocalizações mais românticas vão-se propagando pelas águas azuis dos oceanos entre as diversas populações destes gigante dos mares. Um fenómeno musical descoberto recentemente pela cientista australiana, Ellen Garland, da Universidade de Queensland.

Trata-se de uma espécie cosmopolita, que viaja durante o Verão para águas mais frias e durante o Inverno retornam para as mais quentes, altura em que ocorrem os nascimentos e reprodução da espécie, fruto das canções mais populares. Ou seja,baleia-femea que se preze só está disponível para o bem bom se e só se a baleia-macho souber fazer uma serenata em condições, lembra algo?

Vamos então aos dados científicos. A característica que distingue esta espécie das restantes são as suas barbatanas peitorais extremamente longas, que podem atingir quase um terço do tamanho total do animal, chega a alcançar 16 m de comprimento no caso das fêmeas. O seu dorso é arqueado ou corcunda (daí o seu nome). Costumam apresentar uma cor clara contrastando com a coloração mais escura do dorso.
A baleia-de-bossa alimenta-se principalmente de eufasíaceos (pequenos crustáceos parecidos com camarões) e de pequenos peixes. As baleias lançam-se sobre grandes concentrações das suas presas, abrindo a boca e engolindo toneladas de água junto com elas. De seguida empurram-na, com a ajuda da língua, fazendo com que o alimento fique aprisionado contra as “barbas” queratinosas que estão suspensas da parte superior da sua boca, actuando como peneira.
Estes cetáceos são conhecidos pelo seu temperamento dócil e pelos seus saltos espectaculares e conseguem deslocar-se a uma velocidade de 27 km/h, o que é bastante bom para um animal que pode medir cerca de 16m de comprimento e pesar até 40 toneladas. As fêmeas dão à luz, com intervalos de 1 a 2 anos, uma cria com cerca de 4 m, com um período de gestação de aproximadamente 2 meses. O período de amamentação dura 10 a 11 meses e a cria atinge a sua maturidade sexual por volta dos 5 anos.

http://www.cetaceos-madeira.com/pt

sábado, 29 dezembro 2012 19:57

O mar

É um projecto musical muito original que visa promover bandas de rock que cantam em português.

O Movimento Alternativo Rock (MAR) nasceu da necessidade de um grupo de músicos de criar uma plataforma comum para se fazer ouvir. É um conceito que engloba ao todo nove bandas que cantam apenas em português e que visa promover e divulgar os grupos quer através de eventos, ou concertos, em conjunto, ou em nome próprio, junto do público. A sua genese é idêntica ao de uma cooperativa, mas desta feita musical. A ideia por si só é muito original, num mercado muito competitivo como o é o caso do português,se pensarmos bem é mais fácil singrar e lançar uma carreira no meio com um apoio logistico muito bem organizado e profissional, do que assumir esse ónus sozinho. As bandas, o cerne deste projecto, são de grande qualidade. É rock cantado em português, que pode ser ouvido no album subcutânea, são dezoito temas de originais das bandas que intregram o MAR. Não vou realçar nenhuma em particular, porque o trabalho do conjunto é muito bom. São mesmo alternativos, na forma de cantar e de estar musicalmente falando, como eles próprios dizem, é a nova música portuguesa que está na rua.

http://www.movimentoalternativorock.com/

sábado, 29 dezembro 2012 19:54

Recortes da vida

São meros retalhos que ganham vida nas mãos de Catarina Brandão. São pequenas porções de tecido que se transformam em bolsas grandes, mantas, bolsos e chaveiros multicolores. São acessórios de moda feitos com muita criatividade, carinho e paixão.

Como surgiu o conceito da companhia dos trapos?

CB: Eu socorro-me dos tecidos em retalhos, daí o nome. São trapos, porque me saem mais económicos do que comprar tecido ao metro. Esta ideia provém da minha infância, venho de uma família onde se utilizava tudo isto, retalhos, tricot, crochet e aprendi. Depois a vida leva-nos a não praticar. Há dois anos tive uma doença que me impossibilitou sair de casa e tinha de ocupar-me com qualquer coisa. Possui-a uma máquina de costura, peguei numas coisas antigas que tinha há muito tempo e criei uma manta com tecido e crochet e os amigos gostaram. Começou por aí.

Como se deu o salto para os restantes acessórios?

CB: Decidi fazer um saco para oferecer e atrás desse vieram outros e as pessoas começaram a fazer encomendas. Depois passei para os sacos grandes e para os acessórios mais pequeninos, que me dão um certo gozo fazer. Uma coisa foi puxando a outra. O meu processo criativo consiste em colocar os tecidos em cima da mesa e esperar que a inspiração surja, por exemplo, o saco de riscas e bolas, eram três retalhos mínimos, olhei para eles e pensei, que vou fazer aqui?

Porque os sacos grandes?

CB: Porque é o que me dá imenso prazer fazer. Gosto deles grandes, mas faço também outro tipo de peças mais pequenas, as bolsinhas e os porta-chaves, como complemento para as bolsas. Aproveito tudo. Faço também colares e corações de alfazema para meter na gaveta. Tudo é feito com pouco tecido.

Qual é o futuro da companhia dos trapos?

CB: Eu embora goste muito disto, não consigo sobreviver em termos económicos. Quando voltar a minha actividade profissional, ser professora,  vai ser difícil de conciliar. A partir de agora, contudo, queria continuar e não encostar de vez, porque dá-me imenso prazer faze-lo. O processo criativo dá-me paz, tranquilidade. É um escape. Há quem corra, ou ande de bicicleta, eu encontro tudo isso no meu pequeno atelier, como lhe chamo, que é só meu, onde estão os meus trapos, as minhas coisas.

 

sábado, 29 dezembro 2012 19:52

Corações ao alto


Maria Miká é uma marca de acessórios de decoração e de moda baseada nos conceitos etnográficos do Alto Minho. É uma paixão da minhota e natural de Viana do Castelo, Maria Lemos Costa, que revisita as tradições da sua terra natal com grande criatividade e inovação.

Fale-me sobre o seu projecto, como surgiu esta ideia?

Maria Lemos Costa: Eu sou minhota. Sou de Viana. Participo no cortejo todos os anos e é algo que já estava no meu sangue. Sou apaixonada pelas artes e gosto muito do coração. A minha família tinha lojas que essencialmente louça vista alegre e de Viana, por isso, já tenho enraizadas as tradições. Como gosto do moderno tentei criar peças baseadas tanto nos conceitos etnográficos e tradições portuguesas adaptadas aos dias de hoje.

Também apostou no croché.

MLC: Sim, porque todas as casas portuguesas tinham uma manta na casa. Eram as nossas avós e bisavós que as faziam com cores muito escuras. Tentei adapta-las aos dias de hoje, com cores mais garridas.

Qual é o tipo de público que procura estes objectos de decoração?

MLC: É um tipo de público que me procura essencialmente no natal, para adquirir os corações de Viana para as árvores, como ornamento. Foi a primeira pessoa a adaptá-los para decorações natalícias. Depois passei para os quadros, seguiram-se as almofadas e por fim os crochets. Tem sido um processo gradual. Depois ao longo do ano tenho corações com alfazema para colocar nas gavetas da roupa.

Em relação aos desenhos que aplica nos corações, procura fazer um levantamento ou surgem da sua imaginação?

MLC: As cores são minhas, os desenhos vou busca-los aos fatos de lavradeira, aos das noivas, há vários, acabo sempre por ir buscar um pormenor com base tradicional. Os materiais que utilizo são inovadores e a sua conjugação, como por exemplo, nos quadros, o coração nunca é bordado desta forma. Vou buscar vários elementos que conjugo de forma criativa.

http://mariamika.blogspot.com

sábado, 29 dezembro 2012 19:51

Aprimore o seu vestuário

É um das tendências mais marcantes para a primavera-verão 2012.

O multicolorido é uma das pedras basilares nas tendências de moda deste verão. Use e abuse de toda uma paleta de cores, que embora se incline para os cítricos, no fundo não tem limites, nem fronteiras. Crie o seu look pessoal e intransmissível da cabeça aos pés literalmente. As raparigas mais uma vez estão na vanguarda destes conceitos com os cabelos em dois tons, não é um degradé propriamente dito, muito pelo contrário, pode ir de um rosa chock, a um azul elétrico nas raízes e as pontas são descoloridas. A roupa não obedece a nenhum padrão ou cor específica. Brinque com as peças de vestuário do seu armário, misture flores com riscas, padrões animais com blocos de cores. Seja arrojada. Seja ousada. Seja alegre. Acima de tudo divirta-se, pode até parecer que apenas as mais jovens tem esse privilégio, mas pense bem, há padrões que misturados geram um grunge chique. As unhas também ganham protagonismo neste verão. Todas diferentes, todas multicolores. Verifique cada um dos seus velhos vernizes e pinte à vontade. Os anos 90 estão de volta com a revolução multicolor. Os pés também estão na moda, as sandálias com vários padrões e mais do que uma tonalidade fazem sempre as delícias das mulheres com as suas potenciais multi-combinações. As cunhas, os peep toe estão em alta e as propostas são verdadeiramente irresistíveis. Se a crise bateu na sua porta, não há problema, pode sempre pintar os seus ténis, ou um par de sapatos, com vários tons, ou criar padrões ao seu gosto e comprar fivelas e atilhos diferentes para realças esse look tão louco, como divertido. Pense assim é uma explosão primaveril, num mundo muito cinzento. Aproveite!

sábado, 29 dezembro 2012 19:49

Desperte o fetiche que há em si

É outra das tendências que desfilaram pelas passarelas dos criadores nacionais e internacionais.

O conceito de fetiche remete-nos para um universo profundo, carregado de sensualidade e sexualidade desgarrada. Livre. Sem preconceitos. O corpo domina, mas não se expõem. Muito pelo contrário. Dissimula-se através de veludos, de cetins negros, peles envernizadas e transparências. É o domínio do erotismo, mas moderado, do negro total que não compromete, nem mesmo as mais púdicas. É a provocação. Os metalizados entram neste jogo online de sedução, completando este look, sobressaindo, como se fossem peças de um puzzle que é a visão de uma mulher provocadora, cheia de feminilidade e glamour. As saias stencil delimitam as curvas das ancas e vão até o joelho. As camisas são de mangas compridas, com decotes que sugerem, mas não mostram. Os corpetes voltam a ribalta com as suas linhas depuradas e simétricas, decoradas com rendas e com as cores fortes da estação, preto, vermelho, roxo e dourado. Os acessórios complementam este look diabólico, com os sapatos de salto alto, das botas envernizadas e as correntes que envolvem os pulsos, os tornozelos e o pescoço. É como jogar a um bingo descarado. Um dos designers nacionais que mais apostou nesta tendência foi o Diogo Miranda, um estreante nos desfiles do Portugal Fashion deste outono-inverno 2012-2013, inserido no colectivo "jovens criadores", este estilista mostrou coordenados furiosamente ultra-femininos e sexies. Inspirado numa silhueta fluida, mas que demarcava a cintura e os seios. Definitivamente um nome a reter no panorama nacional da moda.

www.diogomiranda.net/#/home

sábado, 29 dezembro 2012 19:48

Amor de filigrana

É uma arte milenar de ourivesaria portuguesa que persiste até os nossos dias.

No passado a riqueza de uma mulher media-se pela quantidade de ouro que carregava no seu altivo regaço que desaparecia em voltas intermináveis de ouro, nas suas orelhas furadas suportando pesadas arrecadas douradas e nos seus dedos grossos anéis adornados com pequenas ametistas. Fazia parte do dote que era passado de mães para filhas, avós e netas, de geração em geração e usados apenas em épocas festivas, porque as mulheres sempre souberam que este precioso metal era essencial como moeda de troca em tempos de grande escassez. Era o tesouro das famílias, daí o ditado, vão-se os anéis, ficam-se os dedos. É acima de tudo um legado trabalhado delicadamente por mãos hábeis, uma espécie de tecido intricado em fios de ouro com motivos circulares, espiralados ou em ese, que revelam uma arte milenar que teve a sua origem no período pré-romano. A filigrana desde sempre esteve ligada aos grandes momentos históricos e da vida social dos portugueses. Prova disso, é que ainda hoje, a ourivesaria portuguesa tem um grande peso na economia nacional, embora a tradição tenha esmorecido. Contudo, as peças mais emblemáticas, como o coração, os brincos de rainha e os colares com esferas minhotas ainda fazem parte das joias usadas em particular pelas artistas do fado, que sobressaem de forma soberba, nos negros trajes que as vestem.

As novas gerações de portuguesas compram pouco ouro, aliás preferem, as mesmas peças na versão de prata, não só por ser uma peça de ourivesaria mais acessível, mas acima de tudo porque é considerado menos tradicional. Actualmente, a filigrana é manufacturada em áreas circunscritas do norte do país, nomeadamente, no concelho de Gondomar considerado a capital da ourivesaria nacional e em Braga, na localidade de Póvoa do Lanhoso, a aldeia de ouro, Travassos, como é denominada pelos portugueses. Só nesta povoação existem vinte oficinas que diligentemente criam mais peças de incalculável valor. Surgiram também no mercado, novos artesãos que dão continuidade a tradição e que sobretudo a renovam como é o caso da artista, Liliana Alves que dá um toque de modernidade a uma peça intemporal.

http://www.joiaslilianalves.blogspot.com/

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